Aventuras Maternas

Quando os filhos transformam as mães em empreendedoras

mae e filho empreenderFicar com o filho por mais tempo é o sonho de todas as mães, não é mesmo? Por isso, cada vez mais mulheres optam por abandonar o mercado de trabalho formal e se dedicar a algo que possibilite um tempo maior com seus pequenos. Os motivos são inúmeros, além dos filhos, é claro: renda com maior possibilidade de crescimento, horário flexível, trabalhar com algo que gere mais prazer etc.

Mas será que é realmente possível conciliar trabalho e maternidade de forma plena, sem um dos lados sair prejudicado?

Marcella Salvador, psicóloga por formação, representante comercial por opção e mãe de três, conta que a necessidade de se realizar como pessoa e de estar mais perto dos meus filhos, fazendo algo q gostasse, foi a maior motivação para se tornar empreendedora. Além do trabalho como representando comercial, Marcella foi além e inaugurou, junto com sua mãe, Fátima, uma empresa de decoração de festas, onde fazem desde o convite até as lembrancinhas para convidados. Ela conta que se inspirou em algumas mães artesãs e decoradoras maravilhosas que têm hoje em dia e que os filhos estão curtindo muito essa nova “versão” de mãe empreendedora. “Os maiores benefícios estão em ficar mais disponível para eles, poder trabalhar em casa, a noite, e se realizar”, explica. Mas ela alerta: “Coloquem na balança, pensem se vale a pena, se preparem e, então, se joguem”, complementa.

Já Flávia Madureira Barbosa, médica e mãe de João, conta que não saiu de sua profissão, mas que, se não fosse o filho, não empreenderia em um novo ramo. No caso dela, é algo como um trabalho extra. “São roupas para bebês. Inicialmente apenas body, que é a peça coringa que toda mãe usa. Se continuar no ramo, penso em expandir para calças, shorts, vestidos, babadores, macacão, etc. Meu foco é ramo têxtil para bebê.”, diz. A inspiração surgiu quando percebeu que as roupas para bebês eram sempre com o mesmo padrão e queria algo mais colorido. “Compro roupas para o João em uma loja que fica sempre cheia. Tem roupas bacanas com preço convidativo. Então pensei “O mercado existe!”. Além disso, sofro horrores para achar roupas mais coloridas. O mundo dos bebês meninos é muito azul e com umas estampas batidas. Ursinho fofinho, sabe? Ou então roupinhas para um mini homem, como blusa pólo e calça cargo. Não é a minha praia. Vi umas roupas suecas super coloridas, com estampas muito lindas. Roupa de criança. Essas foram minhas inspirações”, completa.

 

A revisora, redatora e pesquisadora Tatiana Lopes, mãe de uma bebê de apenas seis meses, conta que, mesmo antes do nascimento da filha, já havia saído do trabalho in loco, pra atuar em formato home office, mas a priori na mesma área. Porém, embora trabalhasse em casa, fazia eventuais trabalhos fora. “Quando engravidei, percebi que precisava ter uma gestação tranquila, e também decidi que, depois do nascimento da minha filha, minha decisão seria ficar em casa, de vez.  Larguei todos os outros trabalhos presenciais. Também dispensei clientes que eu já atendia de casa, pra ter um ritmo menos intenso. Passei a trabalhar em outra área, reduzindo assim um pouco da minha atividade principal. Atualmente, ainda faço um pouco de revisão/redação. A maior parte do meu trabalho agora é criação de palavras cruzadas das revistas Coquetel Ediouro (parte do que é ser um cruciverbalista) e tradução (correção). Tenho mais dois projetos em fase de implantação. Um de culinária (com parceiras), e o outro é uma comunidade sem fins lucrativos que também poderá agregar trabalho voluntário. Com isso, pretendo largar a revisão de vez.”, detalha. Sobre os benefícios, ela fala sobre a possibilidade de acompanhar de perto o crescimento dela, estar presente. “E assim evito aquele trauma do fim da licença-maternidade, em que a criança precisa ficar numa creche ou com outra pessoa. E também a preocupação com a questão da amamentação, pois trabalhando em casa, posso atender minha filha em livre demanda.

Tatiana alerta, porém, sobre algumas “regras de ouro”para quem quer sair do mercado convencional. “Em primeiro lugar, verificar se o tipo de trabalho que ela quer fazer é exequível on-line. Se for uma nova empreitada, é preciso conhecer o trabalho que vai executar. Tem que estudar muito antes de botar em prática.  Segundo: tem que ser muito organizada e regrada. Entender que aquele horário em que está cumprindo um prazo é pra trabalhar. Nada de se dispersar com Facebook ou outra distração. Em casa, o tempo voa.  Quem tem bebê em casa vai ter que se adequar ao horário dele. Muita paciência, pois um bebê nem sempre vai estar com o reloginho batendo certo com o prazo que você tem. Quem tem filhos maiores tem que fazê-los entender que a hora em que “mamãe está trabalhando” tem que ser respeitada. Mas o fato de só estar em casa não significa que você está presente. Tem que saber administrar as duas coisas, e quando estiver com seu filho, esteja ali. E não com a cabeça afundada no cliente. Finja que está saindo do trabalho (mentalmente) e não estenda o horário nem misture as coisas. Hora de trabalho é trabalho. Hora do filho é só pra ele. Mas se estiver disposta, vai com tudo. Quando o medo vai embora, você pode até descobrir um talento escondido e se tornar um sucesso. “, finaliza.

Histórias de sucesso não faltam para ilustrar como algumas mulheres conseguem conciliar o lado profissional longe do mercado formal e a maternidade. Entretanto, caso essa não seja a sua “praia”, nada de se culpar ou penalizar. Filhos, quando criados com amor, dedicação, atenção e zelo, crescem igualmente felizes e seguros, estejam os pais por tempo integral ao seu lado, ou apenas em alguns momentos durante a semana. O importante é fazer eles se sentirem queridos. Desses cuidados, sim, seus filhos jamais vao esquecer.

 

                  

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Priscila Correia

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