Aventuras Maternas

Proteção na medida certa

Rafael, filho de Silvia, com a prima Luisa, brincando na praia: sempre protegido contra os efeitos nocivos do sol

Rafael, filho de Silvia, com a prima Luisa, brincando na praia: sempre protegido contra os efeitos nocivos do sol

Todo verão é a mesma cena: inúmeros anúncios de filtros solares lotam os meios de comunicação para alcançar o maior número de consumidores. São marcas para todos os bolsos, com fatores de proteção para quem quer desde se proteger totalmente do sol até para quem quer pegar algum bronzeado, mas nada exagerado. Entretanto, existe um público que não escolhe propriamente o que vai usar, mas que precisa, e muito, desses produtos, as crianças.

De férias exatamente no período que o sol chega as suas maiores temperaturas, é natural que os pequenos queiram aproveitar o tempo livre para ir à praia, piscina e brincar ao ar livre. E isso significa, como sabemos, ficar em contato com os raios solares. E engana-se quem pensa que apenas devem aplicar filtro solar nas crianças quando estes vão tomar sol. Com os termômetros marcando em média 40 graus no Estado do Rio, é preciso se proteger até mesmo quando vai dar um passeio no parque ou caminhar na rua.

A dermatologista Luciana de Abreu, da clínica Dr. André Braz, explica que, segundo recomendação da Academia Americana de Pediatria e Sociedade Brasileira de dermatologia, os filtros solares são liberados para uso após os seis meses de vida. O mesmo diz a dermatologista Gabriela Quevedo, que atende em Icaraí, Niterói, que complementa afirmando que antes desse primeiro semestre não se deve expor o bebê ao sol por longos períodos.  “Até os dois anos, é preferível o uso dos filtros físicos, por serem menos alergênicos em relação aos filtros químicos.”, comenta Luciana. Para entender melhor, os filtros solares físicos são formados por minerais a partir de partículas metálicas ou de óxidos metálicos. Sua ação se dá pelos mecanismos ópticos do produto, que apenas refletem os raios solares, impedindo que atinjam as células cutâneas. Os raios se dispersam e não causam as queimaduras solares. Como são compostos por óxido de zinco e dióxido de titânio, formam, então, apenas uma barreira superficial na pele, criando uma cobertura, sem reagir com as células da pele, apenas refletindo a radiação ultravioleta. Já o protetor químico reage quimicamente com a camada superficial da pele, absorvendo a radiação ultravioleta e impedindo que ela atinja a epiderme. Quanto ao fator de proteção, alerta, no mínimo FPS 30.

Manu, filha da Tatiana, curtindo o sol, antes das 10h, em sua piscininha.

Manu, filha da Tatiana, curtindo o sol, antes das 10h, em sua piscininha.

A publicitária Marcelle Falbo, mãe da pequena Amelie, de menos de um ano, sempre passa o filtro solar pediátrico fator 60 na filha quando vai ficar muito exposta ao sol. Porém, no dia a dia, que é de casa para a creche, não passa. A jornalista Juliana Prestes, mãe de Davi, de três anos, também usa filtro infantil, mas fator 50, sempre que o leva a praia ou piscina. O mesmo acontece com a veterinária Fernanda Fernandes, mãe de Pedro, de cinco anos, que aplica o produto no filho apenas quando vai a praia. A designer Glaucia Pietrobon, mãe de Levi, de seis anos, usa principalmente quando ele vai brincar ao ar livre ou jogar futebol. Silvia Moraes, profissional de marketing, mãe de Rafael, de três anos, usa sempre que o filho vai ficar exposto ao sol ou mormaço, seja em pracinhas, parques etc. Já a tradutora Tatiana Lopes, mãe de Manuela, de quase dois anos, conta que evita que a filha pegue sol, a não ser o tempo necessário para que tenha os benefícios da vitamina D, o que, neste caso, acontece sem filtro – e esse tempo não passa 15 minutos diários e antes das 10h, conforme orientação da pediatra.

Mas será que o uso de filtros apenas quando está em ambiente externo é suficiente? A dermatologista Luciana diz que sim, que não precisa haver exagero. “Com crianças, a principal preocupação é com a exposição solar excessiva realmente. Então, recomenda-se aplicação de filtros solares, preferencialmente físicos, quando a criança for exposta ao sol. Para ambientes internos, a não ser que a criança passe o dia todo com luzes brancas ou fluorescentes intensas diretamente ou próximas ao rosto por muitas horas, não vejo a necessidade de recomendar o uso dentro de ambientes fechados. Mas para crianças que geralmente se expõem mais ao ar livre, o principal é aplicar o filtro solar antes da exposição solar.”, recomenda. E ela explica o porquê: “A importância da fotoproteção na infância é o conhecimento de que a exposição solar excessiva, nessa faixa etária, é um fator particularmente significativo no risco futuro de desenvolvimento do câncer da pele. Cerca de 25% da exposição solar da vida de um indivíduo ocorre antes dos 18 anos de idade. A exposição à radiação UV pode resultar em alteração do DNA dos melanócitos e em aumento no risco de carcinogênese em novos melanocíticos (pintas) na infância.”. A dermatologista de Niterói fala, ainda, que a necessidade de proteção em ambientes internos se torna necessária apenas quando se tem doenças específicas que pioram com a luz solar.

Uma dúvida que normalmente acontece na hora de usar filtro solar nas crianças é em relação a sua aplicação. Luciana recomenda que, se houver suor excessivo, deve-se preferir filtros solares físicos e resistentes ou muito resistentes à água, com textura mais oleosa ou siliconada, pois será mais difícil de sair da pele nestes casos. “De modo geral, recomenda-se a reaplicação do filtro solar a cada 2 a 3 horas ou após longos períodos de imersão na água. E lembrar de aplicá-lo 15-30 minutos antes de tomar sol, preferencialmente.”.  Ela diz, ainda, que há dois métodos alternativos à quantidade de filtro solar adequada ser aplicada em cada região do corpo: a aplicação em duas camadas, para aumentar a quantidade a ser aplicada, quando o usuário deve aplicar seu filtro solar da maneira habitual, mas realizar uma imediata reaplicação; ou a regra da colher de chá para adultos (preconizada pelo Consenso Brasileiro de Fotoproteçao da Sociedade Brasileira de Dermatologia), onde se aplica no rosto, cabeça e pescoço uma colher de chá; tronco anterior e dorso duas colheres de chá; e antebraço e braço uma colher de chá.

Outra preocupação dos pais é em relação a possíveis alergias. Luciana informa que crianças podem ter alergias, principalmente, a filtros químicos, e por isso a recomendação de que crianças usem preferencialmente os protetores solares físicos. Os pais também devem sempre estar atentos às embalagens e comprar um filtro solar específico para crianças. Caso as crianças tenham alergia ao filtro, deve-se proteger a criança do sol usando outras medidas, como barreiras físicas; usar roupas específicas com tecido especial com fator de proteção contra radiação ultravioleta; ficar à sombra; e usar chapéus, bonés e óculos escuros – o que também pode ser feito com os pequenos que não tenham alergias. “E pode ser tentado, com acompanhamento dermatológico, o uso de protetores solares hipoalergênicos, contendo somente filtros físicos, com testes em peles sensíveis. Também existem os protetores solares em bastão para áreas sensíveis e mais suscetíveis a alergias, como ao redor dos olhos e rosto.”, complementa.

E, no final do dia, depois de proteger as crianças com protetor solar, é chegada a hora de aplicar algo para acalmar a pele, como loções e géis à base de camomila, aloe vera e calamina, que são boas opções para acalmar e refrescar a pele pós- sol.

E, então, prontos para curtir o verão?

 

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Priscila Correia

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