Aventuras Maternas

Série Bullying Materno: Marcelle, mãe de Amélie

Marcelle e Amélie.

Marcelle Falbo, 33 anos, publicitária, mãe de Amélie.

“Uma das primeiras perguntas que faziam quando eu estava grávida era “Vai ter normal ou cesária?”. Eu escolhi fazer cesária e recebi milhares de críticas, dizendo que a mulher foi feita para ter parto normal, os médicos só querem dinheiro fazendo cesária etc. Algumas amigas/mães haviam me alertado sobre possíveis críticas, mas eu não acreditava que poderia acontecer algo que me fizesse chorar. Amélie nasceu da forma que eu escolhi, no dia que eu escolhi, no lugar onde eu escolhi e com o obstetra que eu escolhi. Os meses foram passando e quando o pediatra liberou sair de casa, lá fomos nós passear e eu comecei a amamentar em público. E foi a primeira vez que me senti constrangida pelos olhares. Mas, mesmo assim, não deixei de fazer. Quando a Amélie estava com dois meses, eu tive a minha primeira mastite, com direito a febre, inflamação no seio, fraqueza e muita, muita dor mesmo. Tomei antibiótico, mesmo correndo o risco por ser alérgica, e continuei amamentando. Mas quando o ciclo do antibiótico acabava, a mastite voltava e assim aconteceu por três vezes. Após muita briga interna e culpa, decidi encerrar a lactação e introduzir o complemento. Munida de mamadeira, água e complemento, eu parava em qualquer lugar, aprontava a mamadeira, oferecia a Amélie e escutava “Ela é tão pequena e já toma mamadeira?”, “Seu leite é fraco?”, “Você não gosta de amamentar?”, “A OMS recomenda o aleitamento até os 6 meses, sua filha vai ficar com a imunidade baixa.”, “Leite materno é sagrado, você deveria ter tentado mais.”. Comecei a ter vergonha de tirar a mamadeira em público, me sentia culpada, me escondia para dar mamadeira e sofria sempre em silêncio, não comentava nem com meu marido. Chegava em casa e chorava muito trancada no banheiro, achando que minha filha, por minha culpa, poderia pegar uma doença grave por eu ter amamentado por apenas três meses. Hoje, minha filha tem um ano e cinco meses, só pegou dois resfriados e febre só teve por conta da reação a algumas vacinas. E olha que ela entrou na creche com cinco meses e meio. A fase de mais julgamentos e instabilidade emocional já passou, mas sei que sempre vou encontrar pessoas dispostas a julgar, mas hoje eu estou preparada para isso.”

 

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Priscila Correia

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