Uma das fases mais complicadas das crianças até 3 anos é famosa “fase oral”, ou seja, de morder e colocar a mão e tudo que encontra no chão na boca o tempo todo. Tá certo que nem todas as crianças enfrentam isso, para algumas a fase é passageira e para outras nem tanto. Quase toda mãe sabe que a mordida é uma forma de comunicação e de expressão de sentimentos. Como os nossos pequenos ainda não dominam a linguagem, a forma que eles têm para se comunicar e interagir com os outros é pelos meios físicos, como morder, bater ou puxar o cabelo.
As mordidas são usadas em situações diversas e a criança vai avaliando quais os efeitos que as mordidas têm. Algumas mordem porque se sentem infelizes, ansiosas, ou ciumentas, e outras, simplesmente para dizer ‘estou aqui’. Quando a criança quer alguma coisa e o objeto desejado está na mão de outro, ela entra em disputa. Como tem urgência em resolver a questão, reage com a parte do corpo que tem mais coordenação, que é a boca, região que usa intensamente desde o nascimento. Com o tempo, a criança aprende outras formas de comunicação e deixa as mordidas de lado. Se isso não acontecer por volta dos 3 anos, é melhor ficar atento. O fato de as mordidas fazerem parte de uma fase do desenvolvimento das crianças não significa que elas devem ser ignoradas ou aceitas.
No meu caso, eu já estive dos dois lados da situação… E ainda estou. O Arthur é mestre em morder. Todo dia eu era chamada na escola. Depois de muita conversa e alguns castigos, ele foi melhorando. Mas, hoje, com 2 anos e 8 meses, ele está em uma outra escola e começou a chegar mordido todos os dias. No início, eu conversei com a professora e entendi que era uma situação normal em uma disputa de brinquedo. Só que com tempo, as mordidas foram ficando mais fortes e em vários lugares. Demorava semanas pra sair a marca. Conversei com a diretora e descobri que era sempre o mesmo menino. E o Arthur nunca mordia ele ou se defendia. Os pais foram chamados diversas vezes e os dois meninos foram afastados, mesmo assim o Arthur chegava sempre com uma ou duas novas marcas no corpo.
Isso começou a me dar uma angustia, pois apesar de entender a fase, não conseguia ver o meu filho assim. Mas o que fazer? O pais foram avisados e alertados, as crianças separadas….como solucionar essa situação??? O pior é que o Arthur voltou a morder (não esse amiguinho), de certo por pensar que se ele é mordido, também pode fazer. Tive que começar minha catequização do zero…. Ainda vivo a situação, todo dia converso com o Arthur, mostro como dói machucar as outras pessoas e que não assim que ele vai conseguir as coisas.
Mas é uma fase difícil. As palavras-chave são paciência, determinação, foco e repreensão. A criança tem que perceber que sempre que morde perde algo: um brinquedo, um passeio etc. Por mais que existam “dicas”, existem sempre o outro lado, uma outra história que não sabemos e uma educação diferente da que damos para os nossos filhos. Veja algumas dicas que podem ajudar no problema:
– Imediatamente diga-lhe: “NÃO”, em tom calmo, mas firme e com cara de desaprovação. Os maus hábitos devem ser cortados pela raiz.
– Escolher um porta-voz para lidar com isso. Se pai, mãe, avó, todo mundo se mete, eles percebem que estão chamando atenção, mas quando um só fala duro e firme, costuma funcionar melhor;
– Cuide da pessoa que sofreu a mordida e a acolha. Se o seu filho tem mais de 3 anos de idade, chame-o para que te ajude a cuidado da pessoa machucada. Ele precisa conhecer as conseqüências dos seus atos.
– Evite que estigmatizem o seu filho como ‘a criança mordedora’.
– Ao bebê que começa a caminhar (1 a 2 anos), simplesmente o afaste do outro bebê que esteja tentando morder.
– À criança pequena (2 a 3 anos), diga-lhe: “Não é correto morder porque machuca as pessoas”.
– NÃO se deve, de nenhuma forma, MORDER A CRIANÇA para mostrar-lhe como se sente quando ela morde. Isso a ensinará que tenha um comportamento agressivo.
– Tenha paciência e persistência para educar as crianças que mordem. Elas não aprenderão de um dia para o outro. Os pais devem repetir e repetir que MORDER NAO É BOM.
– Se a criança persistir em morder aos outros, não a leve nos braços nem brinque com ela por uns 5 minutos, após ela ter mordido. Assim a ensinará que mordendo não conseguirá chamar a sua atenção.
Como evitar que a criança morda
Se o seu filho tem o costume de morder, é muito importante que o vigie. Se pode tomar algumas medidas para que as mordidas não cheguem a ser concluídas:
1- Anime o seu filho a conversar e falar com você, através de um jogo, de um desenho, de algum trabalho manual, etc.
2- Quando o seu filho estiver brincando com outra criança, esteja sempre atenta a ele. Vigie o seu comportamento e oriente a forma de brincar entre eles.
3- Ensine ao seu filho a compartilhar. Ele deve entender que ser amigo é também compartilhar.
4- Ensine ao seu filho a esperar. Evite situações que possam irritá-lo ou cansá-lo, com frequência.
Eu vou tentar colocar essas dicas em prática, mas espero que a mãe do menino que machuca meu filho também leia, afinal criança reage a exemplos e pouco vai adiantar o meu esforço em casa, se todos os dias, o Arthur receber outro estímulo na escola.