Educação é um tema recorrente em todo lugar. Qual o papel da escola? Qual o papel dos pais? Muitas vezes, esses papéis se misturam de forma errônea e os jovens se vêem sem um referencial. O que temos visto na última década é uma completa falta de controle e limites, que dá aos jovens um poder e uma sensação de impunidade assustadora.
A escola, desde sempre, tem o papel de ensinar – a ler, escrever, interpretar, somar, enfim, a educação básica que impulsiona o jovem à vida universitária e profissional, com o mínimo de independência intelectual. Muitas escolas estão indo além, e falam sobre ética, filosofia, empreendedorismo. Essas bases são muito importantes para ajudá-lo a pensar e se posicionar perante o mundo. No entanto, sem o papel dos pais nessa fase, o desenvolvimento pode se perder e se tornar superficial.
Após escutar muitas histórias de pais e professores, percebemos como a falta de atenção e firmeza familiar pode ser nociva a um adolescente. É comum, por exemplo, pais de alunos do ensino fundamental produzirem os trabalhos escolares para os filhos. Como se não bastasse, existe ainda competição entre as mães para ver quem fez o trabalho melhor!
Recentemente, li no facebook o caso de uma mãe que participava de um grupo no whatsapp com outras mães da escola. Ela ficou sabendo que a filha tinha perdido um trabalho escolar e correu para pedir uma cópia ao grupo. Foi então que ela percebeu que estava virando uma “assistente pessoal” da filha e que essa não era a função dela e, sim, da filha!
Nesse caso, a mãe teve consciência do que estava fazendo e voltou atrás, mas nem sempre isso acontece. Os pais insistem em empurrar a missão de comportamento e educação para a instituição de ensino, se livrando da responsabilidade. Mas, quando a escola é firme com o aluno e o pune, os pais intercedem e, às vezes, até tiram os filhos de lá em retaliação.
Já ouvi os pedidos mais absurdos de pais. O descaso e permissividade é tão grande que não é raro vermos jovens batendo e insultando professores, ou tendo algum tipo de comportamento duvidoso gerado pela garantia da impunidade. Parece exagero, mas vivemos em um mundo onde muitos pais largam os filhos à própria sorte, esperando que o “outro” faça o papel deles. E quando se tocam do estrago que estão fazendo, já é tarde demais.
As escolas, por outro lado, pecam por tornar a educação uma moeda de troca, um comércio onde o cliente tem sempre razão. Muitas afrouxaram na rigidez para não perder alunos (clientes) e atendem às exigências mais absurdas!
Por isso é preciso fazer uma reflexão. Infelizmente, não podemos mudar a cabeça desses pais ausentes, que só olham o próprio umbigo. Porém, temos que estar atentos à educação que damos, ao comportamento de nossos filhos e não deixar que eles se percam no meio do caminho. Já a escola tem que manter seus princípios e rigidez para tornar o aluno um motivo de orgulho no futuro, deixá-lo preparado para a vida profissional e intelectual. Isso sim é um diferencial que atrai “clientes”. E nós, como pais, temos que exigir isso da escola. Não é porque está acontecendo com o filho do outro que eu não tenho que me preocupar. Tenho sim! Viver em sociedade é isso. Tudo afeta a todos. Se pensássemos assim, não teríamos a política e a violência que temos hoje. #ficaadica