Sabe aquela figura da Dona Benta, avó de cabelos brancos, fazendo tricô na cadeira de balanço ou bolinhos de chuva? Muitos dizem que é coisa do passado, afinal com o aumento da expectativa de vida, os avós hoje têm muito mais energia e vitalidade para acompanhar as brincadeiras dos netos ao mesmo tempo que ainda trabalham fora e tem 1001 atividades no dia a dia.
Mas para cumprir tal função existem as bisavós, que também vivem muito, felizmente, e dedicam muitas horas de seus dias para doar amor incondicional aos pequenos.
Antes do Theo nascer fizemos uma reunião de cúpula, pois sempre fui apaixonada pelo meu trabalho e sou dona de uma agência – não poderia me afastar por mais do que algumas semanas, mas também não queria abrir mão do máximo de contato com o meu bebê -, não queria que ele fosse criado por uma babá o dia todo, nem o colocar em creche antes de ele completar dois anos. Claro que isso é inevitável para muitas mulheres e também seria para mim, se eu não pudesse contar dom dois anjos da guarda: minha mãe e minha avó.Elas me ofereceram apoio para dedicar todo o tempo que elas tivessem disponível para ficar com ele, enquanto eu estivesse fora. E mais, iam comigo nas reuniões e eventos para que eu pudesse amamentá-lo sempre.
Dessa forma, fizemos uma agenda para que minha mãe, que trabalha com eventos aos fins de semana, tivesse tardes livres algumas vezes para fazer suas reuniões e, nesses dias, eu me organizava para trabalhar em home-office também. E deu super certo até os 11 meses do Theo, quando parei de amamentar e contratei uma ajudante que estivesse disponível quando minha mãe tivesse que sair para trabalhar. Minha avó sempre ficava com ele supervisionando, mas como ela hoje tem 88 anos, ficava preocupada de deixá-la sozinha. Apesar da enorme boa vontade e vitalidade é muito perigoso deixar um pequeno arteiro fazendo e acontecendo com uma bisa que na ideia dele é sua melhor companheira de aventuras.
O que muita gente apontava, porém, é que se ele tivesse a presença da avó e da bisa todos os dias, poderia ficar mais mimado, afinal “vó é mãe com açúcar” e ” bisa é mãe com um pote de melado”. Mas apesar de essas premissas serem verdadeiras, quando se vivencia a rotina de uma criança, as brincadeiras e historinhas cheias de amor dividem espaço com ensinamentos importantes e mão firme para ensinar o certo e o errado.
Minha mãe ensinou muitos nãos a ele, que existe a hora de brincar e a hora de cumprir pequenas tarefas no dia a dia, o conduz ao cantinho do pensamento com firmeza, mais calma e paciência do que eu e instituiu ótimos hábitos alimentares na vida dele, se tornando sua segunda mãe de fato, com um pouco mais de ternura. Já que na minha casa, ela age com a mesma firmeza que eu, mas aos fins de semana, quando ele a visita, a farra é mais animada.
Já com a bisa, foi construída uma amizade quase infantil e eles praticamente falam de igual para igual um com outro. Com ela, ele aprendeu a contar os números, a respeitar os idosos, descobriu que alguns gestos bruscos podem machucar, que apesar de amiga, ela não vai rolar com ele no chão e precisa de carinho e afeto, o que o faz buscar água para ela, preparar lanchinhos etc. Ela é como um exemplo a imitar para ele. O carinho que dá, retorna com a mesma intensidade! E o gosto da maçã que ela corta é infinitamente melhor do que a que eu corto. É inexplicável.
No final das contas: temos uma mãe prática, com muitos ensinamentos e regrinhas a ensinar, mas que adora brincar no chão com ele e contar histórias, mas é facilmente abduzida por um toque de telefone de alguém do trabalho, uma mãe paciente e gentil, que faz comidas saudáveis e recheadas de amor, ensina regras importantes, mas também faz mimos gostosos no momento “avó” de fins de semana e uma mãe amiga que faz de tudo para fazê-lo sorrir em tempo integral. Tem coisa melhor do que ter três mães apaixonadas?
Muita gente se surpreende com o excesso de carinho que ele tem demonstrado através de atitudes do dia a dia. Mas acho que é apenas reflexo do excesso de amor (e não de mimo) que ele vivencia.
E acredito que aos poucos e diante de cada fase da vida dele vamos aprender a lidar com nossos papeis. Abaixo reuni algumas dicas que encontrei no site Delas, para quem como eu, vai dividir a rotina de crescimento do seu pequeno com a vovó ou com a bisa.
Dicas para as avós:
– Procure se informar sobre as mudanças da nova geração. Nem sempre o que “deu certo” naquela época é o mais indicado agora.
– Procure participar da vida do neto, mas só opine se a filha ou filho pedir o seu conselho.
– Jamais desautorize o seu filho ou filha na frente do neto.
– Cuidado também com a alimentação das crianças. Lembre-se que entupir a criança de comida não vai fazê-la mais saudável.
– Cuidado ao oferecer doces e guloseimas para agradar os netos. Procure oferecer alimentos saudáveis e incentivar a prática de exercícios.
Dicas para as mães:
– Procure envolver a avó desde cedo com a rotina do bebê e, se possível, leve-a ao pediatra para ouvir as indicações médicas.
– Peça conselhos e utilize a experiência dela a favor do bem-estar do seu filho.
– Antes de deixar o filho com a avó, conversem sobre a linha de educação, disciplina, alimentação e cuidados que gostariam de adotar.
– Avó não é babá de luxo. Não a trate impondo uma lista de regras e deveres a cumprir.
– Na casa da avó, as regras dela são as que valem e devem ser seguidas.
– Lembre-se que o modo como se trata os pais serve também de modelo para o seu filho.
Parabéns, lindo texto.