Desde o momento que descobrimos que estamos grávidas, começamos a ouvir aquela frase: “Aproveita essa fase… Passa tão rápido”. Mesmo que você acredite firmemente no teor do que te dizem, na prática você até esquece de olhar o relógio. A verdade é que não tem muito jeito de segurar o tempo e se cobrar não vai ajudar. Você estará apaixonada pelo bebê sim, mas também cansada, fedorenta, com 1001 tarefas nada glamurosas e talvez com a autoestima em baixa e o estresse em alta.
Tenhamos fé que o marido ou parceiro fará a parte dele, estará bem humorado e pronto em todos os momentos. Ainda assim, você ou seus hormônios vão cismar que tem algo errado e a dúvida aumentará quando você lembrar que nem conseguiu tomar banho ou esqueceu até de passar um pente no cabelo. Ah! Mesmo a porta do banheiro, que sempre se manteve conservadora da intimidade do casal, não te protege mais. Se você fez cesárea, é difícil até se levantar sem pedir ajuda, durante o banho o marido pode invadir o território assombrado por um choro sem explicação do bebê.
Claro que aqueles momentos lindos de devoção entre mãe e filho, as trocas de olhares nas mamadas e cada descoberta te fazem querer congelar o tempo ou engravidar de 15 bebês, uns seguidos dos outros. Mas não tem mal nenhum em assumir que você também quer que essa fase passe voando. Que o bebê durma a noite toda, que não existam mais impedimentos do pós-parto para você, que a fralda segure aqueles cocôs mais monstros que sujam até a cabeça e que o bebê fique mais durinho, sem aquela sensação de que algo errado pode acontecer o tempo todo.
É complicado definir se você vai contar os minutos para passar rápido ou aproveitar cada segundo. O fato é que ambos vão acontecer, desde que você não se cobre. Imagine se toda vez que tudo estiver dando certo, você forçar a situação para aproveitar ao máximo o momento de apreciar seu filho dormindo, por exemplo… Aí você fica ali olhando, fotografando mentalmente cada detalhe do rostinho dele, quando na verdade seu olho está fechando, sua mente está focada no que ainda não fez e você está tão tensa para cumprir o “curtir o momento” que até os dentes doem. Vale a pena assim?
Ter um bebê em casa é aprender que não existe fórmula, não existe agenda e não há regras absolutas. Eles não vão dormir na hora que você quer, você não estará sempre bem humorada e amável, ele vai ter diarréias fora de hora… E é exatamente a maneira como você reagirá a tudo isso que te fará curtir o momento de verdade.
Sempre vamos sentir saudades e lembrar, com dor no coração, das primeiras experiências e descobertas deles. E vamos querer voltar 1000 vezes no tempo para conquistar a alegria e a pureza daquela fase única na vida que conduzimos um “serzinho” novo por um caminho nunca desbravado e repleto de motivos para comemorar. Mas essa saudade e essa dor são a prova de tudo de especial que conquistamos e dos momentos mágicos que descobrimos com os filhos.
O importante é saber que não é só essa fase que passa rápido. A vida toda passa. A diferença é que ter um filho em casa representa ter uma ampulheta onde a areia não para de cair diante dos seus olhos. Os filhos são o cronômetro. Com eles, você passa a contar horas, dias e anos vendo uma transformação de um bebê em um adulto. Na mesma proporção que a morte é um tabu, essa passagem gera um nó na garganta.
Ao decidir ter um filho, prepare antes de tudo seu psicológico para essa mudança de visão diante da vida. Afinal, você passará a ver o mundo pelos olhos de uma criança!