Aventuras Maternas

A importância do Líquido Amniótico

aminiotico_01A palavra líquido amniótico não é estranha para nenhuma mulher grávida. Mas será que todas sabem a sua real função e os problemas causados pela falta ou excesso desse líquido? Salvo alguns casos, você pode passar perfeitamente por toda a gravidez sem tomar ciência disso, mas resolvemos trazer aqui um pouco mais de informação para todas as mamães tenham mais conhecimento da importância dele.

Líquido amniótico é o fluido que envolve o embrião, que protege de choques mecánicos e térmicos; impede que o cordão umbilical seja comprimido e prejudique o fornecimento de oxigênio para o bebê; mantém uma temperatura constante dentro do útero; protege o bebê contra infecções; permite que o bebê se movimente, desenvolvendo os músculos e os ossos; ajuda na formação do sistema digestivo e respiratório, já que o bebê “inspira” e “expira” o líquido, e o engole, eliminando-o na forma de urina.

Pouco fluido amniótico (oligoidrâmnio) ou muito (poli-hidrâmnio ou hidrâmnio) pode ser uma causa ou um indicador de problemas para a mãe e o bebê. Pacientes com oligoidrâmnio, dependendo do grau do problema, podem ser tratadas com descanso, hidratação oral e intravenosa, antibióticos, esteróides, e amnioinfusão.

É a partir deste líquido que é feita a amniocentese, técnica de diagnóstico pré-natal, já que em suspensão no mesmo se encontram células fetais, a partir das quais será possível verificar anomálias cromossómicas ou genéticas.

O volume de líquido amniótico vai aumentando com o decorrer da gravidez, e costuma chegar à sua quantidade máxima por volta de 34 a 36 semanas de gravidez. Nessa altura, você tem entre 800 ml e 1 litro de líquido dentro do útero. Depois disso, o volume vai diminuindo aos poucos, até o bebê nascer.

Quando se fala no “estouro da bolsa”, pouco antes do parto, significa que a bolsa amniótica se rompeu e o líquido foi expulso, marcando o início do parto.

Pouco fluido amniótico (oligoidrâmnio)

A redução no líquido amniótico não é tão rara: cerca de 8 por cento das grávidas têm oligoidrâmnio em algum ponto da gestação, normalmente no terceiro trimestre.

O exame de ultrassom verifica, entre outras coisas, a quantidade de líquido amniótico durante a gestação. O médico pode pedir esse exame algumas vezes, para monitorar, caso ele desconfie de há pouco líquido. O especialista faz um cálculo para determinar a quantidade de líquido. No terceiro trimestre, ele deve estar entre 5 cm e 25 cm. Um índice abaixo de 7 cm é considerado sinal de alerta, e com menos de 5 cm pode fazer com que os médicos prefiram adiantar o parto.

Alguns sinais de que o fluido está mais baixo que o ideal são:

  • quando a mulher está perdendo líquido amniótico pela vagina;
  • quando o bebê está menor que o normal para a idade gestacional;
  • quando o médico consegue apalpar fácil o bebê pelo lado de fora da barriga;
  • quando a mulher não está sentindo o bebê mexer com freqüência;
  • quando a mulher já teve outro filho que nasceu pequeno para a idade gestacional;
  • quando a mulher tem pressão alta;
  • quando a mulher está com diabete;
  • quando a mulher sofre de lúpus;

As consequências para o bebê dependem da causa da redução no líquido, e se a quantidade está mesmo muito pequena. Na maioria dos casos, o oligoidrâmnio é diagnosticado no terceiro trimestre e não exige nenhuma providência, só um acompanhamento um pouco mais atento da gravidez. A falta pode ser compensada com o consumo reforçado de líquidos (em média 3 litros de água no verão e 2 litros no inverno), além de repouso. Outra técnica é injetar uma solução com nutrientes na bolsa amniótica por meio de um cateter inserido no útero. No entanto, não há certeza se funciona em todas as situações.

A maior preocupação quando há redução no volume de líquido antes do terceiro trimestre é que o crescimento dos pulmões do bebê seja prejudicado. Por isso, é provável que você seja submetida a ultra-sonografias com mais frequência para acompanhar o desenvolvimento do seu filho. A possibilidade de parto prematuro é outra preocupação.

Pode ser, porém, que os médicos decidam que o bebê vai se desenvolver melhor fora do útero do que dentro, e resolvam antecipar o parto. É comum que, em casos de falta de líquido amniótico, o bebê esteja sentado, pois o líquido é que facilitaria a movimentação dentro do útero e o posicionamento de cabeça para baixo.

Nem sempre a causa do oligoidrâmnio é conhecida. A diminuição do volume das águas é mais observada nos meses de clima quente, por isso os especialistas acreditam que ela tenha relação com a desidratação materna. Dessa maneira, seu médico vai recomendar que você tome muito líquido. Repouso e banhos de imersão também costumam ser recomendados pelos obstetras. Já o fator placentário tem como principal responsável a rotura de membranas, que corresponde a 50% dos casos.

Existem outras causas específicas para a redução no líquido, e cada uma tem seu próprio tratamento. Conheça as causas mais comuns:

Ruptura parcial da bolsa
Quando há uma pequena abertura na bolsa, o líquido pode escapar. Pode acontecer em qualquer ponto da gravidez, mas é muito mais frequente perto do final da gestação. Às vezes a abertura se fecha sozinha e o líquido pára de vazar (por exemplo, quando a perda de líquido acontece depois de uma amniocentese.

O maior perigo dessa ruptura parcial da bolsa, além do oligoidrâmnio, é a entrada de bactérias, que podem provocar uma infecção. Assim, seu médico estará mais atento para qualquer sinal de infecção.

Problemas na placenta
Pode ser que a placenta não esteja produzindo sangue e nutrientes em quantidade adequada para o desenvolvimento do bebê. Quando os bebês são pequenos, produzem menor quantidade de urina, por isso os níveis de líquido amniótico ficam baixos.

Anomalias no bebê
Quando o líquido fica abaixo do normal ainda no primeiro ou no segundo trimestre, pode ser que haja alguma malformação interferindo na produção de urina pelo bebê. O médico deve pedir um ultra-som detalhado para verificar o desenvolvimento dos rins do bebê e do trato urinário, além do coração.

Síndrome da transfusão feto-fetal
Quando a mulher está grávida de gêmeos idênticos e cada um tem sua própria bolsa, há entre 10 e 15 por cento de possibilidade de eles terem a síndrome da transfusão feto-fetal — um bebê recebe mais sangue e nutrientes da placenta que o outro. Nesses casos, o gêmeo “doador” acaba ficando com menos líquido amniótico, enquanto o “receptor” fica com líquido em excesso.

Se você estiver grávida de gêmeos, terá que fazer ultra-sonografias com frequência para acompanhar os níveis de líquido amniótico e o desenvolvimento de cada bebê.

Medicamentos
Determinados remédios podem causar oligoidrâmnio. A medicação contra hipertensão à base de inibidores da enzima conversora da angiotensina (inibidores da ACE), por exemplo, afeta o funcionamento dos rins do bebê e deve ser evitada. Alguns remédios usados para combater a ameaça de parto prematuro também podem afetar os rins do bebê, assim como o ibuprofeno. Nunca use nenhum remédio na gravidez sem falar com o médico.
Líquido amniótico aumentado (poli-hidrâmnio ou hidrâmnio)

O líquido amniótico aumentado normalmente aparece por volta das 30 semanas de gravidez e acontece quando há um excesso de líquido amniótico no útero, medindo mais do que o normal. Isso pode ocorrer em cerca de 2% das gestantes.

Na maioria das vezes, o excesso de líquido não é muito grande e não é preciso se preocupar. A recomendação do médico é somente descansar e evitar fazer esforços, não havendo maiores consequências nem para a mãe, nem para o bebê.

Porém, se a quantidade for maior que dois litros, o médico pode receitar um remédio para o bebê produzir menos urina, diminuindo a quantidade de líquido amniótico. Se não resolver, o profissional pode recomendar a gestante fazer drenagem do líquido amniótico. No entanto, este procedimento tem riscos de sangramento e infecção.

O líquido amniótico aumentado pode trazer dificuldades no trabalho de parto, realização do parto antes do tempo previsto, descolamento da placenta ou necessidade de fazer uma cesárea.

As causas de líquido amniótico aumentado podem ser difíceis de identificar, mas algumas incluem:

  • Diabetes na grávida – no início do segundo trimestre o bebê começa a engolir o líquido amniótico para depois eliminá-lo pela urina. Quando a gestante é diabética, o aumento do açúcar faz com que o bebê produza mais urina, aumentando a quantidade de líquido amniótico;
  • Infeções, como rubéola, toxoplasmose, sífilis que podem afetar o bebê;
  • Gêmeos idênticos – um bebê recebe mais sangue e nutrientes, tendo mais líquido amniótico que o outro;
  • Problemas congênitos do bebê, como obstrução do esôfago ou fenda labiopalatina, pois o bebê tem dificuldade em engolir o líquido amniótico, ficando este aumentado;
  • Problemas da placenta.

 

 

Fontes:

J Resende – Manual de Obstetrícia, 1991 – Guanabara Koogan Rio de Janeir

Ministério da Saúde. Gestação de Alto Risco Manual Técnico. 2010.

Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. Atenção ao Pré-Natal, Parto e Puerpério. 2006.

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Priscila Correia

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