A partir de materiais interativos, educadora promove discussões com alunos do ensino fundamental
Vejam que bacana este texto da professora Luciana Camilo de Paula sobre uma forma que encontrou para combater o bullying.
Eu sou professora do ensino fundamental 1. Há três anos, atuo como professora do laboratório de informática. Pensando na transição dos alunos mais velhos, a partir do sexto ano, para a adolescência e todas as questões que esse processo envolve, comecei a baixar vídeos da internet para exibir no começo das aulas.
Com o passar do tempo, fui percebendo que a demanda por esse conteúdo foi crescendo. Um único vídeo gerava grandes discussões. Então, resolvi criar um projeto que trabalhasse a questão do bullying de forma mais aprofundada. Na plataforma Edmodo, uma rede social especialmente para a escola, criei um grupo para cada sala e, neles, eu disponibilizava conteúdos, como vídeos, atividades e questionários. O mais legal é que, com o login, os alunos podiam acessar de casa.
No começo, o meu intuito não era que eles fizessem tudo em casa, mas quando eu apresentei a plataforma, eles ficaram tão interessados que acessavam em casa e já faziam várias atividades. Então, nós organizávamos uma roda de conversa sobre os resultados.
A minha ideia era trabalhar o que é o bullying e fazer que nem tudo virasse bullying, além de fazê-los se reconhecerem como vítimas ou agressores. Eu sempre falava: “a brincadeira vai até o ponto que a outra pessoa gosta. Quando ela para de gostar, você tem que parar de brincar”.
Na escola, temos mesa de pebolim e de ping-pong. O que pra ser divertido no início acabou se tornando uma guerra. Por isso, sugeri que eles observassem o que acontecia durante os intervalos e logo eles vieram com a devolutiva: “Nossa, professora, depois do projeto, as brigas no intervalo diminuíram muito”. Cada vez eles participavam mais.
No laboratório de informática, me preocupei em chamar os alunos para a aula. A internet é muito ampla; uma vez no computador, eles podem entrar no site que quiserem. Dar uma aula maçante não iria adiantar em nada. Comecei a perceber que conteúdos com músicas e vídeos chamam muito a atenção. Então, depois que eles assistiam, eu propunha a montagem de uma apresentação de Power Point, por exemplo. Quando os alunos se tornam protagonistas da atividade, não tem como eles não se envolverem. Cria-se uma relação maravilhosa.
O que mais me surpreendeu foi o retorno que eu tive deles. Alguns vieram me falar “professora, eu não sabia que o que eu fazia era bullying. Hoje eu não faço mais”.