Esta semana meu filho teve consulta de rotina na pediatra e a primeira coisa que ela disse quando entrei na sala de consulta foi: “Não engravide nos próximos meses, por favor! Acreditamos que daqui a 9 meses teremos uma taxa de parto infinitamente menor para evitar uma grande epidemia de microcefalia nesta geração”.
A mensagem parece apocalíptica, mas o fato é que, realmente, não só ela, como muitos especialistas veem uma “forte evidência” de que se o infectado pelo vírus transmitido pelo mosquito, for uma mulher e ela estiver grávida, o zika pode atacar o bebê. Ele invade a placenta, entra na corrente sanguínea do feto e vai direto para o cérebro, atrás dos neurônios, as células cerebrais. Ali, o vírus provoca uma inflamação que retarda a multiplicação dos neurônios e prejudica a formação do cérebro da criança.
O resultado disso é que essa criança pode ter, por exemplo, um atraso no setor da linguagem ou no setor motor, ela pode não conseguir andar, pode não conseguir firmar a cabecinha, sentar, engatinhar e andar nos tempos corretos. Ela pode ter uma dificuldade na sua capacidade de aprendizagem ou na capacidade de cognição.
A pediatra explicou para mim que se a criança pegar o zika vírus depois de nascida, ela não corre mais risco de ter microcefalia porque o cérebro já está formado. Mas alerta que como ainda se sabe muito pouco sobre o vírus, o melhor agora é se prevenir.
Lembrando ainda sobre o risco do aumento de casos da síndrome de Guillain-Barré relacionada com a chegada do zika vírus ao Brasil. A síndrome afeta o sistema nervoso e pode provocar fraqueza muscular e paralisia – geralmente temporária – dos membros. Até o momento, porém, o Ministério da Saúde não confirma a correlação. O ministério está estudando a situação e deve divulgar as conclusões sobre o assunto em breve.
A síndrome de Guillain-Barré pode afetar pessoas de qualquer idade, especialmente adultos mais velhos – começa a se manifestar por formigamento nos pés e pernas. A sensação tem caráter ascendente, ou seja, vai subindo para os joelhos, coxas, mãos e braços.
O formigamento e a alteração da sensibilidade dos membros vêm acompanhado de fraqueza nos músculos e paralisia. Os sintomas podem atingir os músculos da face e da respiração, o que faz com que o paciente precise ser tratado em unidades de terapia intensiva (UTI).
A síndrome ocorre, na maioria das vezes, algumas semanas após uma infecção por vírus ou bactéria. O que ocorre é que o organismo do paciente desenvolve uma reação imunológica para combater a infecção e destruir os vírus ou bactérias. Mas existem estruturas nos vírus e bactérias que são muito parecidas com a bainha de mielina, estrutura que reveste as células nervosas.
O que podemos fazer para impedir o contágio pelo vírus? O mesmo que já fazemos contra a dengue! Seguem abaixo os principais:
- Mantenha sua casa limpa, evitando acúmulo de lixos e água parada.
- O mosquito costuma picar nas primeiras horas do dia, então abuse de repelente e calças compridas nesses horários.
- Passe o repelente a cada quatro horas. Velas de citronela também podem ajudar. A pediatra indicou o repelente Exposis que é bem eficaz e protege por até 10 horas, especialmente o que vem em bisnaga em gel.
- As vitaminas do complexo B podem mudar o odor do corpo e confundir o mosquito. Esse método funciona de forma parecida com o repelente.
- Mobilize a vizinhança para manter as áreas comuns e privadas limpas, sem águas paradas.
- Além das dicas básicas para quem quer engravidar é bom esperar as temperaturas baixarem e as chuvas diminuírem, consequentemente, a proliferação do mosquito também será reduzida.