Uma amiga de infância, a Tayná Vaz, sempre teve um sonho muito especial: engravidar e ter sua bebê por parto normal. Ela também é Fisioterapeuta e dá aula de Pilates, inclusive deu para mim por muito tempo… E o mais bacana é que usou tudo que aprendeu para preparar seu assoalho pélvico durante os 9 meses para o momento tão esperado! Foi muita Yoga e Pilates! E há pouco mais de um mês seus desejos se tornaram realidade. Abaixo, o relato!
35 semanas de gravidez e eu já estava sem esperanças de ter um parto do jeito que eu queria. Tanto que vinha fazendo o pré-natal no SUS também, onde, por sinal, eu sempre fui bem atendida e orientada. A minha médica do plano era aquela obstetra fofa, e dizia q fazia “parto normal, e não natural. Boto no sorinho sim, e é claro que faço episiotomia!” Plano de parto? “Não aceito”. Doulas? “Não suporto.” Até que na última consulta, eu estava fazendo algumas perguntas para ela, quando ela me perguntou “onde vc anda lendo isso?” E eu “na internet” , e ela “você não acha que está se ‘internetizando’ demais não? Para de ler um pouco.”
Isso foi a gota d’água para mim, e me decidi, ia ter no SUS. E ia mesmo! Até que aos 45 do segundo tempo da prorrogação a minha obstetra atual apareceu na minha vida. Era do meu plano e fazia parto humanizado. Parecia que eu estava sonhando!!!! E com 36 semanas eu fui na minha primeira consulta com ela, e adorei. Marquei uma consulta também com o pediatra de sua equipe, e também adorei!!! Pronto, estava tudo certo. Consegui uma equipe humanizada com a médica do meu plano! Realmente parecia um sonho. E com 39 semanas e 3 dias de gestação, eu acordei às 6:30 da manhã apertada para fazer xixi e sentindo uma cólica forte. Fui ao banheiro, e quando voltei para a cama, senti como se ainda estivesse saindo xixi. Fui ao banheiro novamente, me sequei e voltei novamente para a cama. Mas continuou como se tivesse vazando, e pensei “será que estou com incontinência urinária?”, e voltei mais uma vez ao banheiro. Cheirei o líquido e não tinha cheiro de xixi. Tinha um cheiro parecido com água sanitária e era transparente.
Pensei: “é a bolsa.”, e logo um turbilhão de pensamentos invadiu a minha mente. Liguei para a minha obstetra e ela me orientou a ajeitar as coisas e ir para a maternidade, para eu ser avaliada. Nisso já eram 7h. Minha bolsa continuou vazando e eu estava tendo contrações ainda muito espaçadas, sem muita dor. Acordei o meu marido, tomei banho e tomamos café-da-manhã calmamente. Arrumamos as coisas e saímos. Chegamos na maternidade por volta de 9h. Eu estava com 2 de dilatação, o que me deixou um pouco chateada, pois já estava com esses 2 desde a última consulta médica. Foi realizada uma ultrassonografia para ver a quantidade de líquido amniótico presente na bolsa, e estava tudo ok. O coração do meu bebê também foi avaliado, e também estava tudo bem.
Então minha médica me orientou a esperar que eu entrasse em trabalho de parto, isto é, que as contrações viessem de 5 em 5 minutos, lá na maternidade mesmo ou na minha casa, e decidi esperar em casa. Eu só pensava que queria andar bastante, para aumentar logo a dilatação! Saímos do hospital por volta de 12h e fomos ao shopping almoçar. De lá voltamos pra casa, e chegamos em casa umas 14h. Minhas contrações já estavam um pouco mais intensas, mas nada absurdo ainda, e ainda espaçadas. E a cada contração eu agachava no meio da sala, e caminhava o tempo todo, pensando na dilatação. Até que a partir de 15h elas começaram a vir de 5 em 5 minutos. Fiquei de olho no relógio até 15:30, e liguei pra minha médica contando que tinha chegado a hora.
Voltamos para a maternidade, e chegamos lá às 16:15. Assim que chegamos fui avaliada novamente, e para a minha supresa e felicidade já estava com 7 de dilatação!!! Fiquei tão feliz!!! E ainda não estava sentindo dores muitoo fortes, só um pouco mais intensas. Minha doula chegou, conversamos, minha obstetra chegou, e fomos para a sala de pré-parto. Estava chegando a hora!!!!!!!!
Nisso já eram 17h e pouco. Minha obstetra nos deixou a sós, apenas eu, meu marido e a nossa doula. Sala a meia luz, ambiente calmo. Minha doula fazendo massagem em mim a cada intervalo de contração, e eu sentindo as contrações aumentarem ainda mais a intensidade. A assistente da equipe foi encher a banheira para eu relaxar durante as contrações. Por volta de 18h eu comecei a sentir uma vontade de fazer força durante a contração. Minha obstetra retornou para a sala e eu disse “está me dando vontade de fazer força!”, e ela “vamos ver como tá a dilatação”, e viu, e disse “Dilatação total!!! Tayná, a partir de agora vc já pode fazer força! Onde vc quer ficar?”, e fui pra banqueta.
Nessa hora o pediatra já estava na sala também, e não deu tempo de eu usar a banheira. A cada contração eu fazia força, e era orientada por toda a equipe a direcionar corretamente a minha força, para não desperdiçar nenhum segundo das contrações. Todos juntos comigo, meu marido me abraçando por trás, mas mesmo assim a sensação que eu tinha era a de que aquele momento só dependia de mim, da minha força, minha filha só ia nascer se eu fizesse força. Em nenhum momento eu senti necessidade de tomar anestesia. Eu queria sentir tudo e queria que tudo fosse da forma mais natural possível! E era engraçado, a contração vinha doendo muito, mas nos intervalos era como se eu não tivesse sentido nada antes. Quase no final, quando a dor da contração já estava insuportável, eu perguntei pra minha médica “vai ficar pior que isso?”, e ela “agora não fica pior não”, e eu disse “então vamos até o fim”, e fui.
Até que comecei a sentir algo queimando, e disse “tá queimando muito!!!!” E a assistente “é o famoso círculo de fogo, é isso mesmo!” Minha filha estava quase saindo, só dependia de mim!! Até que às 19:12 do dia 31/10/2015, ela chegou. A cabeça saiu e seu corpinho escorregou logo em seguida, e a sensação era apenas de alívio. E a dor tinha acabado, era como se eu não tivesse passado por nada daquilo! Letícia veio ao mundo sem episiotomia, com uma circular de cordão e direto para o meu peito. Nasceu com apgar 9 e depois 10. Mamou uma hora inteira, e o cordão foi cortado apenas quando parou de pulsar. Ela estava pronta, preparada para vir ao mundo, veio no dia e na hora dela!!! E eu só tenho que agradecer e muito a Deus, à minha obstetra e sua equipe: Dra. Laila Pinheiro (obstetra) Dra. Mariana Vaz (assistente) Dr. Flávio Czernocha (pediatra) Andreza Prevot (doula) Carolina Thompson (fotógrafa) Deu tudo certo e sem todos eles não seria tão maravilhoso e perfeito!!!!