Novo objeto de desejo entre crianças e adolescentes, o “hand spinner” não tem o selo do Inmetro, é vendido sem o selo de segurança, e ainda é divulgado como um brinquedo terapêutico por, teoricamente, livrar a ansiedade. Que o produto é uma febre, não há como negar. Mas será que realmente ele é tudo isso que dizem por aí?
Para Danielle Damasceno, fonoaudióloga e especialista em tratamento de crianças e adolescentes com TEA (Transtorno do Espectro Autista), não são encontradas pesquisas que validem o status terapêutico do brinquedo. “Na minha opinião, este brinquedo virou “febre” e “a moda do momento” porque esta informação foi repassada de forma errada, gerando falsas expectativas de cura ou tratamento para ansiedade e/ou outros transtornos”, diz Danielle. Além disso, alerta a fono, para dizer que algo é terapêutico, é preciso alguma pesquisa que comprove. “O hand spinner nada mais é do que um objeto de plástico que gira entre os dedos e alguns deles são feitos com outros materiais e possuem até luzes piscando para chamar mais atenção”, comenta.
Segundo a fonoaudióloga, qualquer pessoa que brinca com o spinner poderá ter a sensação de prazer e bem-estar, aliviando, assim, as tensões e reduzindo a ansiedade temporariamente. O motivo desta redução é que a novidade e a necessidade de se fazer manobras diferentes gera sensações de satisfação e alegria. Além disso, quanto maior o treino em qualquer brinquedo, melhor também será sua execução e performance, aumentando a sensação de prazer.
Outra informação que tem sido repassada por muitos é sobre o tal brinquedo ajudar crianças com autismo e a controlar a hiperatividade. Entretanto, lembra Danielle, como um brinquedo que apenas estimula visualmente alguém que tem dificuldades de socialização pode ser terapêutico? A pessoa com autismo precisa de contato com outros, aumento do potencial comunicativo e trabalhos relacionados às habilidades de socialização. O vício por assistir repetidos vídeos em tablets, smartphones ou TV não colaboram para o aperfeiçoamento das habilidades cognitivas, assim como usar esse brinquedo também não. Trocar um vício por outro é transferência de estímulo visual, sem funcionalidade.
“É importante deixar claro que o objeto em si não faz mal algum, como qualquer outro se utilizado com limitação de tempo e locais, e de forma funcional. O seu uso de forma viciante e, principalmente, o fato de erroneamente ser propagado como terapêutico, isto, sim, é muito prejudicial. Principalmente porque até hoje não existem estudos que comprovem sua eficácia”, conclui a fonoaudióloga.
Para saber mais sobre o assunto, acesse o vídeo gravado por Danielle: https://www.youtube.com/watch?v=JGe8HsTlQkI&feature=youtu.be