Quem é pai ou mãe já deve ter ouvido a afirmação de que cada criança tem seu tempo para atingir os marcos do desenvolvimento, como sentar, engatinhar, andar, falar, desfraldar e se tornar cada dia mais independente. Mas mesmo assim, este é um assunto que tira a tranquilidade dos pais. Afinal, será que a criança está atrasada mesmo ou o coleguinha é que foi adiantado demais?
Cada pequenino passa por diferentes períodos de desenvolvimento ao longo da infância graças a diversas mudanças no cérebro, responsáveis pela aquisição de novas habilidades, conhecidas como “marcos do desenvolvimento” e, segundo a Dra. Karina Weinmann, neuropediatra da APAE, do Centro de Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP) e sócia-fundadora da Neurokinder, eles são determinados geneticamente. Além disso, outros fatores influenciam no modo como a criança se desenvolve, como os ambientais e os sociais. “Há crianças que andam mais cedo, outras que falam mais tarde e assim por diante. O desenvolvimento infantil é um processo único e depende dos estímulos oferecidos”, explica.
Confira abaixo algumas respostas para essas dúvidas:
O que é considerado um atraso no desenvolvimento?
O atraso no desenvolvimento é uma defasagem entre a idade cronológica da criança e a idade correspondente às aquisições esperadas. Exemplo: espera-se que a criança aos dois anos de idade já combine duas palavras. Se isso não acontece, já é considerado um atraso. Espera-se que a criança esteja caminhando até os 18 meses, se não o faz também é considerado um déficit no desenvolvimento.
O que pode causar atrasos no desenvolvimento infantil?
Há várias causas para a criança apresentar atrasos em seu desenvolvimento, como o autismo e a deficiência intelectual. Mas, quando não há diagnóstico nenhum que explique essa defasagem, as razões podem ser ambientais e sociais. “Os pais precisam desde cedo conversar com o bebê. A excessiva exposição à televisão ou a aparelhos eletrônicos, como tablets e celulares, por exemplo, pode interferir no desenvolvimento da fala”, diz a neuropediatra.
Segundo Dra. Karina, mães muito ansiosas, que falam pela criança quando percebem que há dificuldade, também podem prejudicar o processo de aprendizado da fala. “Quando a criança apontar para um objeto, deve ser estimulada a falar o nome do mesmo. Os pais devem usar a linguagem normal para conversar com a criança, sem usar a “língua dos bebês” ou diminutivos. Também devem corrigir quando a criança fala errado”, diz.
Quanto à marcha, a ansiedade dos pais e o temor da criança se machucar também podem interferir nessa etapa do desenvolvimento. “Se a criança caiu uma vez ao tentar andar pode se sentir insegura de fazer novamente, por isso cabe aos pais estimular a caminhada até que a criança se torne independente e consiga fazer sozinha. Não tem jeito, nessa fase é preciso ter paciência e coração forte, claro com responsabilidade, mas joelhos ralados e tombos fazem parte”, comenta a médica.
“É fundamental conhecer as fases do desenvolvimento e o que é esperado em cada uma delas para garantir que a criança alcance seu potencial máximo e também para que os pais percebam, precocemente, se há algum atraso importante que deve ser investigado. É muito importante que os pais procurem ajuda de médicos e fiquem atentos à criança. Vemos que na internet as informações se propagam com muita facilidade e acabam se tornando “verdades” que podem prejudicar o desenvolvimento infantil, cada criança tem seu tempo sim, mas dentro dos marcos esperados”, conclui Dra. Karina.