A cada ano aumentam os índices de obesidade infantil em todo o mundo, fato corroborado em estudo recente divulgado pela Federação Mundial de Obesidade que estima que 268 milhões de crianças e adolescentes devam fazer parte deste índice até o ano de 2025. São dados alarmantes que configuram em uma série de efeitos em cascata na saúde das futuras gerações, como doenças cardiovasculares e renais que precisam ser tratadas ainda na base. É o que alerta Maria Cristina Andrade, nefrologista pediátrica pela UNIFESP e diretora da MBA Pediatria.
As consequências também são antecipadas pela mesma pesquisa, pontuando que a partir do aumento da obesidade infantil já é possível prever cerca de 28 milhões de futuros hipertensos, 39 milhões de portadores de gordura no fígado e 4 milhões de portadores de diabete tipo 2. “E para além das consequências citadas pela pesquisa e que poucos sabem, existe o fato de pessoas obesas desenvolverem uma hiperfiltração compensatória para equilibrar seu metabolismo, gerando esforço dos rins com possibilidade de comprometimento crônico, por lesão ou perda da função”, contextualiza Maria Cristina.
As DRC’s, como são chamadas as Doenças Renais Crônicas, explica a nefropediatra, não são curáveis e seus portadores podem precisar de cuidados para o resto de suas vidas. “Além disso, a doença pode evoluir para a insuficiência renal, requerendo diálise ou transplante de rins no futuro. Atualmente já existem mais de 120 mil indivíduos com a doença no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia”, diz.
Renata Lopes, nutricionista da MBA Pediatria, explica que a obesidade vem se dando cada vez mais cedo, ainda em bebês, e muito em função de ainda existir o mito de que criança gordinha e cheia de dobras é saudável, quando na verdade não o é. “Os parâmetros saudáveis são aqueles que estabelecem um equilíbrio entre peso e altura e que são reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde, devendo ser analisados em consultas de rotina com o pediatra”, relata.
A especialista alerta para os casos de bebês macrossômicos, nascidos com mais de 4 quilos, fruto de obesidade ou diabetes gestacional da mãe, doenças cada vez mais presente nos dias atuais e que precisam de atenção prévia sobre o seu desenvolvimento nutricional após o aleitamento materno. “É importante tratar a obesidade infantil como uma epidemia mundial, tendo a ciência de que ela pode ser prevenida e combatida”, afirma a nutricionista, orientando que as futuras mães façam um pré-natal de nutrição equilibrada para evitar o excesso de peso para elas e seus filhos.
E para as crianças que já estão com o quadro de obesidade configurado, Maria Cristina destaca a importância de uma atenção multidisciplinar para que elas possam reestruturar hábitos, como alimentação saudável e atividades físicas regulares, considerando que quanto mais cedo elas iniciarem, mais fácil será a adesão e manutenção destes. “É a fase em que elas oferecem menos resistência ao novo e mais abertura para seguirem com a rotina proposta”, esclarece.
Informações: Assessoria de Imprensa