Todo ano, no terceiro sábado do mês de outubro, profissionais da área de saúde se unem para falar de uma doença que afeta diversas pessoas em todo mundo, a sífilis. De acordo com o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças (ECDC), a patologia superou os novos casos de HIV nos últimos anos, no continente. De 2010 para cá o aumento foi de 70%. No Brasil, em 2018, o Ministério da Saúde alertou a sociedade para uma epidemia que ainda não foi controlada. Foram mais de 13 mil casos de sífilis adquirida, ou seja, aquela que é contraída através da relação sexual. Já a sífilis congênita, transmitida para o bebê durante a gestação, aumentou 16,4% de 2016 para 2017, segundo a Organização Mundial de Saúde. A doença foi responsável por mais de 200 mil natimortos e óbitos neonatais em todo mundo. Renato Sá, obstetra e Coordenador Geral do Centro de Diagnóstico da Perinatal, explica que o pré-natal é fundamental para detectar a patologia nas gestantes. “O diagnóstico é feito pelo exame de sangue, que faz parte da rotina de investigação do pré-natal”. É recomendado que a gestante seja testada pelo menos em três momentos: no primeiro trimestre, no terceiro, no momento do parto ou em casos de aborto.
O médico explica que, nesses casos, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível. “Começamos com penicilina benzatina, único medicamento capaz de prevenir a transmissão para o feto. A dose vai depender do estágio da doença”. Para evitar que a gestante seja novamente infectada, o parceiro também deve ser testado. De acordo ele, a sífilis congênita, pode causar malformações do feto, aborto ou morte do bebê. “Ao nascer, a criança pode ter pneumonia, feridas no corpo, cegueira, dentes deformados, problemas ósseos, surdez ou deficiência mental, por isso a importância de um acompanhamento médico durante a gravidez”.
Atualmente, os protocolos de tratamento estão bem estabelecidos nos casos de bebês expostos à sífilis de mães que não foram tratadas, ou não receberam acompanhamento adequado no pré-natal. “Os pequenos pacientes são submetidos a diversas intervenções que incluem: coleta de amostras de sangue, avaliação neurológica (incluindo punção lombar), raio-x de osso longos, avaliação oftalmológica e audiológica. Muitas vezes há necessidade de internação hospitalar prolongada”, relata Renato.
Prevenção e sintomas
Para prevenir a sífilis a medida mais eficaz é o uso da camisinha, seja a masculina ou a feminina. O especialista explica que os sintomas da doença variam muito de acordo com o fase que ela se encontra. “Na sífilis primária, observa-se ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria, ou seja, pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele. Essa lesão não coça, não arde e não tem pus”, diz o médico. No estágio posterior, sífilis secundária, os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. “Pode ocorrer manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés”. Febre, mal-estar, dor de cabeça, aumento dos gânglios pelo corpo são comuns. Já a sífilis terciária, pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção. “Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte”, explica.
Informações: Assessoria de Imprensa.