Nesse período de isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19, muito têm se falado sobre o estresse dos pais, que precisaram de um dia para a noite, dar conta do home-office, dos afazeres domésticos e da educação das crianças. O problema aumenta quando essa tensão é transferida, ainda que de forma inconsciente, aos filhos pequenos, que não possuem maturidade para compreender o motivo de precisarem viver em quarentena e o que essa mudança reproduz na sociedade.
A pressão de aprender por aulas remotas, a saudade da escola e dos coleguinhas, e o peso do isolamento social já se arrasta por meses. Em função dessa não compreensão e aceitação dessa nova realidade, sintomas como pirraça, tédio, frustração, raiva, tristeza e indícios de ansiedade e depressão vem se mostrando a cada dia mais presentes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um dado alarmante sobre o Brasil: somos o país mais ansioso do mundo, com 23% da população sofrendo atualmente de ansiedade. Esse estudo mostra também que a incidência em crianças é preocupante, afetando entre 1 a 3% da população de 0 a 17 anos, o que equivale a 8 milhões de crianças e adolescentes. Por isso, nesse momento, mais do que nunca, a sociedade precisa olhar para os pequenos com atenção especial.
Da mesma forma que aprendem a falar, a se alimentar e a andar, as crianças também aprendem a sentir, ou seja, aprendem a interpretar as emoções que vivenciam. O controle dessa complexidade de sentimentos é fundamental para o crescimento de qualquer indivíduo, e os pais têm um papel fundamental nesses ensinamentos.
Para falar sobre a atenção que precisamos dar ao estado de espírito dos pequenos, a Terapeuta Infantil – Psicóloga Psicomotricista -, Débora Peres, alertou os papais e mamães, como identificar o momento de conflito do seu filho (a) e apontou saídas para romper esse período da melhor forma possível.
“Percebo que culturalmente não fomos ensinados a identificar o que sentimos, nomear as emoções, a alegria e a sensação de bem estar é bastante enfatizada como busca de um ideal de vida. Mas o mal estar também existe, e ter emoções “negativas” faz parte da vida de qualquer pessoa. Sente medo, tristeza, ansiedade, raiva, frustração, alegria, euforia, surpresa e outros”, disse a terapeuta infantil.
Débora explicou que, os pais e cuidadores, têm a função de apresentar o mundo a essa criança, e devem observar o comportamento dos seus filhos, o que fazem, as imitações, gestos, brincadeiras, ou mesmo a falta de expressões corporais. Ou seja, devem ter um olhar atencioso que possa identificar como essas crianças estão neste momento de pandemia.
“Até mesmo um bebê precisa ser comunicado dessa nova rotina, o porquê não vai mais a creche, ou visita os avós. A verdade pode ser enfeitada, através de histórias lúdicas por exemplo, mas é importante e estruturante psiquicamente que seja dita”, pontuou a psicóloga.
Como as brincadeiras podem aliviar o estresse gerado pela pandemia
Para a profissional Débora Peres, o estresse, como uma emoção, pode ser aliviado no brincar, um brincar livre e genuíno, sem necessidade de intermediação de grandes tecnologias. Pois, muitos autores da psicologia se referem ao brincar como a forma da comunicação infantil. Portanto, o brincar é o modo da criança se expressar, fantasiar, expor suas ideias e sentimentos.
“A recomendação em geral dos médicos é que crianças até 2 anos não tenham acesso às telas, TVs e jogos digitais. A brincadeira com os adultos, outras crianças, familiares, pessoas do seu convívio, sempre será a melhor opção para o desenvolvimento, a neuroplasticidade, que é a característica do cérebro de aprender, se modificar, nesses primeiros anos, está em grande potencial”, explicou a psicóloga.
Brincadeiras de esconde-esconde, pique-pega, amarelinha, cantigas de roda, bolinha de sabão, historinhas com fantoches, bonecas, bolas, são brincadeiras simples e que podem trazer bastantes benefícios às crianças, descrever o que a criança está fazendo, por exemplo: “A bola está com o papai, agora com a mamãe, agora com você.”, são algumas dicas deixadas por Débora.
Foi em busca dessas orientações que Isabel Tunas, mãe de duas meninas, começou a pesquisar sobre o assunto, quando há dois anos atrás, percebeu que sua filha mais velha, Alice, de 4 anos, embora sempre muito extrovertida, não expressava seus sentimentos, evitando por exemplo falar sobre qualquer atividade que tivesse acontecido durante o dia no parquinho e na creche. Após muito estudo, Isabel então percebeu que através do brincar ela poderia introduzir conversas com sua filha, onde de forma lúdica ela explicava como havia sido seu dia, focando no que havia sentido em diversas situações. Aos poucos ela foi então conseguindo fazer com que a filha também abordasse seus sentimentos e momentos diários. Foi diante dessas e outras dificuldades na maternidade, que Isabel teve um insight e resolveu unir a vida materna ao empreendedorismo, lançando uma loja de aluguel de brinquedos educativos e psicopedagógicos, a Facilitoy.
O jogo das emoções, por exemplo, foi o escolhido pela mamãe Jéssica, para sua princesa Manu. Jéssica publicou em suas redes sociais um clique de sua filhota, dizendo que, assim como Isabel, ela percebeu a dificuldade que a Manu tinha de se expressar, falar de si, do que estava sentindo e que por vezes a pegou quieta e pensativa.
“Com ajuda de profissionais, descobri que jogos podem ser aliados no desenvolvimento da minha filha e da sua relação com o mundo. Hoje, cheia de argumentos e carregada de um vocabulário que até eu duvido, Manu aprendeu a colocar para fora tudo que está sentindo, sem perder sua doçura”, afirmou a mamãe Jéssica, que contou com o apoio do Jogo da Memória das Emoções da Facilitoy para deixar a programação da família em quarentena, ainda mais divertida.
Para a terapeuta infantil, Débora, a possibilidade de ter um lugar para alugar brinquedos socioeducativos, é muito importante e enriquecedor pela questão de poder trocar com frequência e oferecer o aprendizado de novas habilidades às crianças.
“O incentivo de não acúmulo de muitos brinquedos também é maravilhoso. Precisamos lembrar que não é a quantidade de brinquedos que a criança tem que a fará mais esperta ou feliz, mas sim como a interação dos pais e cuidadores com a criança acontece”, ressaltou a profissional.
Informações: Assessoria de Imprensa.