Nos últimos dias, o caso em que o padrasto, Victor Possobom, agrediu o enteado de quatro anos ganhou os noticiários e na internet muita gente ficou revoltada com o caso. O episódio aconteceu no Rio de Janeiro e a esposa do homem, Jéssica Carvalho, também fez relatos de violência doméstica e cárcere privado. Quem é pai ou mãe, casado ou separado, provavelmente está se perguntando: como saber que meu filho está sendo agredido dentro de casa? A advogada de família Barbara Heliodora dá algumas dicas para identificar esse problema.
“Xingar, humilhar e praticar castigos físicos, como bater, são formas de violência. Se você testemunhar, souber ou suspeitar de alguma criança, ou adolescente vítima de negligência, violência, exploração ou abuso, denuncie. Por isso, tenha em mãos os canais de denúncia para qualquer situação de violência contra crianças, adolescentes e mulheres. Geralmente, as ligações são gratuitas e você não precisa se identificar”, explica a especialista, afirmando ser essencial buscar ajuda jurídica para manter o agressor longe da família e, caso não seja possível, o apoio das delegacias especializadas, o Conselho Tutelar do seu bairro, Ministério Público e Defensoria Pública.
Apesar de a violência doméstica ter várias faces e especificidades, a advogada destaca que as agressões cometidas em um contexto conjugal ocorrem dentro de um ciclo que, constantemente, acaba se repetindo.
“Em geral, a vítima tende a negar que está sofrendo a violência doméstica por diversas razões, no entanto, negar que um filho esteja sofrendo violência dentro de casa ou em qualquer lugar é omissão e a lei Henry Borel ainda reforçou a necessidade de denunciar e que a omissão é crime e deve ser severamente apurada ou que seus filhos estão sendo vítimas também, esconde os fatos das demais pessoas e, muitas vezes, acha que fez algo de errado para justificar o comportamento violento do agressor ou tenta justificar dizendo que ele teve um dia ruim no trabalho, por exemplo.
Essa situação pode durar dias ou anos, mas caso não seja feita uma denúncia, vai aumentar cada vez mais e é muito provável que essa situação perdure e que possa ser irreversível, onde como vemos muitos casos resultam em mortes violentas.”, observa.
De acordo com Barbara Heliodora, mesmo tendo consciência de que o agressor está fora de controle, e imprescindível que os filhos sejam retirados deste cenário e seja buscado ajuda, pois estes não têm escolhas se seus pais não os protegem, sendo uma obrigação de todos como vizinhos, amigos, escola e até um estranho na rua com um poder destrutivo grande em relação à vida da vítima ou dos filhos, o sentimento da mulher é de paralisia e impossibilidade de reação. Ela sente medo, ódio, solidão, pena de si mesma, vergonha, confusão e dor.
“Esse é o momento crucial em que ela deve tomar decisões. As mais comuns são buscar ajuda, denunciar, se esconder na casa de amigos e parentes, pedir a separação e até mesmo se suicidar. Por isso é importante, sempre em casos de agressão, seja ela psicológica ou física, tomar uma atitude desde a primeira ocorrência”, diz a advogada de família, que lembra que atualmente é importante os pais estarem muito vigilantes com seus filhos, uma vez que a vida corrida com que muitos pais e mães vivem, acabem delegando os cuidados com as crianças a terceiros. São raras vezes, vemos agressores com histórico de agressão, porém sem ficha crimina decorrente de vítimas anteriores que tiveram medo de denunciar.
Barbara ainda lembra que uma criança que apresenta comportamento agressivo ou de medo, sem outras situações que poderiam ser responsáveis, é preciso que seja investigado de perto por um psicólogo, visando tentar entender a mudança repentina do comportamento infantil.
“Quando de fato estamos diante de situações de abuso e violência infantil, é imprescindível que se busque ajuda especializada, pois é preciso que estas crianças não sejam vitimizadas pelos locais de rede de apoio que possam ser procurados e suas falas sugestionadas. É essencial que tenham apoio psicológico, médico e de um advogado especialista que saiba acolher esta família e resguardar juridicamente a proteção dos filhos, buscando meios jurídicos de evitar o contato com o agressor. Em quase a totalidade dos abusos ocorrem com pessoas de círculo falar íntimo, ou seja, quem está dentro de nossas casas, seja por abuso sexual ou físico”, finaliza.
Informações: Assessoria de Imprensa.