Dormir é uma necessidade universal e vital. A surpresa é que não nascemos sabendo dormir e por isso os bebês sentem tanta dificuldade e, quando não dormem, a família também não. O que interfere em todas as atividades profissionais e de relacionamento entre os membros da casa.
Por mais fisiológica que seja, a forma como adormecemos é moldada pelos comportamentos e hábitos adquiridos. “O momento de dormir é o mais vulnerável do dia do bebê. Para que ele se desligue é necessário sentir-se seguro emocionalmente e não abandonado”, explica a neurocientista especialista em sono infantil Jéssica Africano.
Mãe de Luca (6 anos) e Lara (3 anos), a especialista orienta que o ajuste do sono deve ser um processo, e ter uma rotina adequada é apenas parte de um todo. “Quando o Luca nasceu, vivi na pele a privação de sono porque ele despertava inúmeras vezes. Meu filho acabou sendo meu primeiro caso de sucesso: saímos de inúmeros despertares noturnos para 11 horas de sono noturno contínuo, sem desmame nem traumas”, lembra.
Para ajudar outras mães, número que já chega a 10 mil famílias, a especialista foca na necessidade de desenvolver um vínculo seguro entre pais e filhos, na construção de uma rotina previsível e um sono noturno contínuo por meio de bons hábitos.
O sono é formado por ciclos, porém não é normal que o bebê apresente despertares noturnos frequentes, quando ele já deveria conseguir emendar os ciclos de sono sem precisar de ajuda. Os despertares sinalizam que há vários desajustes na rotina, que o impedem de iniciar o sono de forma tranquila para se manter dormindo ao longo da noite. “Nem mesmo para um recém-nascido é esperado que acorde de hora em hora. E, a partir do sétimo mês de vida o bebê já tem potencial para dormir por 11 horas seguidas, em média, desde que suas necessidades estejam supridas e respeitadas”, destaca.
Quando o bebê nasce, traz memórias de quando estava dentro do útero materno. Por isso, precisará de ajuda nessa transição para o mundo exterior de acordo com suas necessidades. “Imagine uma criança na fase de aprender a andar. Nos primeiros dias, você vai dar a mão, para que se sinta segura e entenda o que tem que fazer. Aos poucos, você precisa ir soltando as mãozinhas. Você sempre estará ali para ajudá-la no processo. Você vai aplaudir, mas também vai dar consolo caso não consiga nas primeiras tentativas”, exemplifica a especialista.
Aprender a dormir com autonomia é um processo parecido com o aprender a andar. Por isso, a neurocientista apresenta três passos para auxiliar seu bebê a dormir bem.
1) Rotina Uma rotina saudável mantém o corpo em equilíbrio. O cansaço na medida certa, o entendimento sobre as necessidades da criança, o gasto de energia de acordo com a capacidade biológica e permitir que a criança seja criança são primordiais.
Até os três meses de vida as necessidades dos pequenos são muito específicas, mas a partir do quarto mês o sono passa por grandes mudanças. A rotina saudável e equilibrada necessita de um horário regular para começar o dia, com o ajuste do relógio biológico, porém respeitando o sono da criança.
2) Mudar comportamentos e hábitos Todo bebê precisa de hábitos, ou seja, horários para comer, brincar e o preparo para dormir. O corpo vai entender a dinâmica da ingestão calórica, seguida por atividades para gasto de energia e a diminuição do nível de atividades para prepará-lo para dormir.
Uma casa com pouco barulho, por exemplo, vai ajudar nesse preparo, uma vez que os bebês têm o sono mais leve e acordam mais facilmente. Outro ponto importante é quando a criança vai dormir exausta demais, pois isso faz aumentar os níveis de hormônios estressores, como o cortisol e a adrenalina, que não a deixam aprofundar o sono em nenhum momento, o que causa despertares noturnos frequentes e sonecas muito curtas.
Além disso, a temperatura do ambiente faz toda a diferença na qualidade de sono. A criança precisa de um clima ameno para adormecer, então se estiver muito agasalhada ou em ambiente quente, não conseguirá dormir.
3) Segurança emocional Para dormir, além de estar com sono e relaxado, o bebê precisa ter suas necessidades emocionais supridas, como sentir a presença da mãe. Ele nunca deve ficar sozinho acordado no berço, até que conquiste confiança. O passo seguinte é a retirada de associações de sono como dormir mamando, chupeta, colo, balanço, mexer no cabelo dos pais para dormir. “Cada passo é gradual, de acordo com a maturidade da criança”, pontua Jéssica.
Uma criança que dorme bem, consegue desenvolver seu sistema neurológico, se autorregular, aprender melhor e fortalecer seu sistema imunológico. “Porém, a rotina precisa respeitar o ritmo fisiológico da criança por meio de atividades que se relacionem com o ritmo natural dela”, finaliza a especialista.
Informações: Assessoria de Imprensa.