Pesquisa DataSUS realizada pela Aldeias Infantis SOS, por meio do Instituto Bem Cuidar (IBC), indica que, somente em 2022, foram registrados 109.988 casos de internações de crianças e adolescentes no Brasil, causadas por acidentes (lesões não intencionais). As quedas respondem por 43% das ocorrências, enquanto as queimaduras são responsáveis por 20% e os sinistros de trânsito, por 10% do universo avaliado.
Os números, apesar de altos, apontam uma redução de 0,32% em relação a 2021, no total de casos de internações entre a faixa etária de 1 a 14 anos, com destaque para a diminuição nos casos de intoxicação (-11,39%), quedas (-1,50%), sufocação (-4,38%) e sinistros de trânsito (-4,48%). Os dados, no entanto, registram um aumento nos casos de armas de fogo (19,48%), afogamentos (7,61%) e queimaduras (5,55%) .
“A redução dos índices de internação por acidentes entre 2021 e 2022 é pequena, mas a mudança dos tipos de acidentes e das faixas etárias foram muito significativas”, explica Erika Tonelli, especialista em Entornos Seguros e Protetores da Aldeias Infantis SOS.
Conforme a especialista, 90% dos acidentes poderiam ser evitados por meio de ações comprovadas de prevenção, como dicas simples aos pais, familiares e cuidadores para tornar o ambiente doméstico e comunitário mais seguro, promovendo a cultura do bem cuidar e do cuidado de qualidade.
Idades x tipos de acidentes
As crianças que mais sofreram hospitalizações em 2022 tinham de 10 a 14 anos e representam 37% dos internados por acidentes. Em seguida, as mais atingidas foram as com idade entre 5 e 9 anos (34%), de 1 a 4 anos (24%) e as menores de 1 ano (5%).
No grupo de até um ano, houve um aumento de 2,76 % do total de casos de internações, com destaque para os casos de afogamento (18,18%), intoxicações (12,73%), queimaduras (9,03%) e sufocação (2,78%).
Na faixa etária entre 1 e 4 anos, houve uma redução total nos casos de internações (6,27%), com queda significativa para intoxicações (- 18,12%), sufocações (-9,97%), armas de fogo (-8,33%) e quedas (-8,16%). No entanto, foi registrado aumento de casos de afogamento (1,48%).
O grupo que representa as crianças entre 5 e 9 anos também apresentou uma redução (3,26%) no total de casos de internação, principalmente no que diz respeito a intoxicações (-14,14%), sinistros de trânsito (-7,42%) e quedas (-4,86%). Esse público, no entanto, registrou aumento significativo nos casos de afogamento (75%), armas de fogo (22%) e sufocação (10%).
Por fim, na faixa etária de 10 a 14 anos, houve um aumento expressivo de 6,68% no total de internações, com destaque para o crescimento por armas de fogo (27,91%), queimaduras (14,35%) e quedas (6,51%). E redução nos casos de afogamento (-25,93%), quedas (-12%), sufocações (-9,52%), sinistros de trânsito (-4,89%), intoxicações (-2,60%).
“A precarização das condições de trabalho e a exaustão dos cuidadores podem ter levado a um menor cuidado de qualidade às crianças e à responsabilização dos mais velhos e adolescentes pelos cuidados das crianças menores, acarretando num aumento de acidentes nesta faixa etária”, ressalta Erika.
Além disso, segundo a especialista da Aldeias Infantis SOS, a utilização de álcool, a precarização nas condições econômicas e sociais e a maior quantidade de produtos de limpeza podem ter gerado um aumento nos casos de queimadura e intoxicação para alguns grupos.
Mortes por acidentes
Entre 2020 e 2021, o levantamento observou um aumento de 5% no número de mortes causadas por acidentes, passando de 3.117 para 3.275. Os dados indicam o óbito de nove crianças todos os dias.
Informações: Assessoria de Imprensa.