Em “Malhação – Viva a Diferença”, que esteve no ar em 2020, muitos telespectadores questionaram as reações intensas de Benê, interpretada por Daphne Bozaski, em relação a problemas na socialização. No decorrer da novela, a garota descobre que convivia com a Síndrome de Asperger, descrita no DSM-4 TR como um dos transtornos globais do desenvolvimento.
Contemporâneo ao Dr. Leo Kanner, psiquiatra que publicou o primeiro artigo sobre Autismo como uma psicopatia do contato afetivo, Hans Asperger era um pediatra austríaco que em 1944 publicou no idioma alemão uma tese de livre docência sobre 4 crianças com as mesmas características descritas pelo estudo de Kanner. Porém, o estudo de Asperger só ficou conhecido quando a psiquiatra Dra. Lorna Wing traduziu seus escritos para o idioma inglês. A Síndrome de Asperger foi abarcada pela primeira vez na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) em 1980 como um transtorno global do desenvolvimento.
Historicamente, o diagnóstico dessa síndrome passou por vários impasses. A psicóloga Patrícia Lorena, mestre em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, explicou que profissionais da saúde mental encontraram bastante dificuldade para diferenciar a síndrome de Asperger do Autismo de Alto Funcionamento, portanto sem comorbidade com retardo mental. Uma das características que diferenciam a síndrome de Asperger e o Autismo de Alto Funcionamento é que aquele não apresenta atraso de linguagem e as pessoas acometidas por essa síndrome possuem um vocabulário expresso, muitas vezes, por termos difíceis e pedantes.
Como país signatário da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil adota como parâmetro a Classificação Internacional de Doenças (CID), que atualmente está em sua décima primeira versão. Entretanto, como esse manual ainda não foi traduzido para o idioma português assim a síndrome de Asperger ainda pode ser diagnosticada.
Os novos manuais de psiquiatria (CID-11 e DSM-V) aboliram a categoria Síndrome de Asperger, uma vez que a comunidade científica adotou o conceito de autismo como um Espectro, ideias estas defendidas pela Dra. Lorna Wing.
Aos 19 anos, Patricia ingressou na Universidade Presbiteriana Mackenzie para estudar Psicologia. Aos 35, quando sua filha nasceu, foi diagnosticada com autismo em uma época em que as informações sobre a doença não existiam como hoje. Desde os primeiros meses, a mãe já havia percebido alguns sinais, e logo começou a difícil jornada atrás do diagnóstico. Somente após 5 anos conseguiu a certeza de saber o que era.
Patrícia trabalha junto a sua colega Rosângela Batista na Clínica Mundo Neuropsi, que fica na cidade de São Paulo, próximo à Parada Inglesa, um sonho dividido por ambas as amigas que visa atender crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. “Essas crianças são as melhores pessoas que eu já conheci aos meus 51 anos”. Patrícia comentou que se sente muito privilegiada em trabalhar com os autistas, justamente por serem pessoas “sem maldade”. O que lhe empolga e faz seguir seu trabalho com muita felicidade é ver uma criança evoluindo, e junto a isso, os seus pais orgulhosos em acompanharem cada passo.
Informações: Assessoria de Imprensa.