Aventuras Maternas

De reis a príncipes

reizinho
“Meu filho é o reizinho lá em casa!” Que mãe não age desta forma ou até mesmo fala isso quando tem bebê em casa? Apesar de fazê-lo se sentir o centro do universo estar longe de ser uma boa indicação para o desenvolvimento social e psicológico da criança, é isso mesmo que eles são até os 2 anos de idade.

Afinal, todas as nossas atenções estão voltadas para o bebê. A qualquer sinal de movimento ou resmungo, estamos prontas a atendê-los e a fazer tudo para deixá-los felizes. Além do mais, nessa fase ainda acontece o aleitamento materno, quer dizer, damos a impressão para os pequenos de eterna disponibilidade.

Há pouco tempo assisti uma palestra excelente com a psicopedagoga Jurema Isabel Loureiro que dizia que não há mal nenhum em agir dessa forma até 2 anos. Já que estamos aqui para garantir a sensação de segurança e confiança em nossos pequenos seres. Eles não conhecem ninguém, não entendem os sintomas de vida que aparecem dia após dia e nossa função é ensiná-los, cultivando um vínculo afetivo de porto seguro.

Mas segundo a psicopedagoga, é aos dois anos que nossos reis e rainhas devem se transformar em príncipes e princesas e perceber por nossas atitudes que eles não são o centro do universo e, nem mesmo, do nosso lar. É nessa fase que começam as manhas, os enfrentamentos e a descoberta de um mundo social que os fazem perceber novas sensações e formas de agir, que eles certamente vão imitar.

E é por isso que as travas são tão importantes. Falar firme, olho no olho, manter a calma e não destruir a confiança que você construiu ao longo de dois anos, através de tapas ou beliscões, é a nova tarefa da mãe aprendiz. Temos a missão de mostrar aos filhos os limites da vida social e aqueles que o estilo da família impõe. Afinal, cada lar é diferente do outro. Tem uma história, tem regras e tem rotinas diferentes. Querer usar o que a amiga fez com o filho dela para educar o seu, pode não funcionar.

O que faço em casa é o que a maioria dos profissionais recomendam, mas independente da recomendação, foi o que senti que dava certo com meu filho. Montei uma plaquinha tipo quadro negro, comprei giz de cera e no primeiro comportamento legal que ele teve naturalmente (ele levou o copo da água que estava bebendo para a pia, sem ninguém pedir), eu desenhei uma estrelinha. Na primeira birra, eu desenhei uma carinha triste. Mas o importante é o que expliquei depois: quando ele tivesse 5 estrelinhas, ele ganharia algo muito legal (uma brincadeira nova, um passeio, um livro, uma comida…) e quando ele ganhasse 5 carinhas tristes, ele daria um brinquedo que ele gostasse para um amiguinho que precise, ou deixaria de fazer um programa que ele quisesse muito. Ele já costuma separar os brinquedos para doar para crianças carentes, mas o lance aqui é dar algo que ele realmente gosta ainda.

A questão é que o comportamento positivo premiado tende a se repetir. Esse prêmio, no entanto, não deve vir após uma ameaça e deve ocorrer da forma mais natural e menos planejada possível. O prêmio também não deve ser apresentado sempre, mas apenas de vez em quando. Crianças que ouvem palavras de incentivo dos pais crescem felizes, saudáveis e autoconfiantes. O Theo realmente age assim. Chega a pular quando digo que estou orgulhosa dele e fica repetindo isso para as outras pessoas.

Sobre a forma de lidar com comportamentos errados, também tive uma dica interessante da psicóloga. Ao invés de castigar a criança pelo erro, podemos valorizar um “comportamento correto”criado naquele momento. Ela deu o exemplo de uma criança tentando subir numa cadeira e explicou que ao contrario de falarmos mil vezes para ela descer dali, podemos usar psicologia reversa e parabenizá-la por estar descendo. “Muito bem! Que bom que você sabe que não pode subir aí! Que linda, está descendo!”. Chega a ser engraçado, mas funciona!

Dias depois, meu filho teve um momento de raiva e amassou um papel que ele recebeu para pintar. Quando jogou no chão, a bisa que estava com ele disse “Que boa ideia, você fez uma bola para jogarmos futebol”. E ele respondeu feliz: “É mesmo bisa! Vamos jogar!”

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Priscila Correia

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