Recebi esta semana um texto que me fez pensar muito em mim quando criança. Aprendi a ler e escrever aos 3 anos, pulei de série e me formei muito nova no Ensino Médio. Eu tenho um QI acima da média, mas nunca levei a vida como uma pessoa com dotes especiais. Muito pelo contrário. Sempre fiz poucos amigos, era vista como bebê pelos meus colegas, pois era mais nova e subtraía pouco a pouco minhas aptidões acadêmicas.
Tinha vergonha de tirar notas boas, não estudava pelos livros, mas ainda assim apreendia tudo que eu precisava para as provas na sala de aula e os resultados sempre eram bons. Comecei a dar aulas particulares para estudantes pouco mais novos do que eu aos 14 anos e me sentia melhor ensinando, do que aprendendo, porque o conhecimento fluía naturalmente de mim, sem medo de desagradar ninguém. Era o que me deixava mais feliz na minha adolescência; o resto, vida social e estudos me faziam sentir fora da caixinha. Por isso o texto que segue abaixo me emocionou tanto. Imagino como foi difícil para minha mãe também…
Fiz esta introdução, apenas para mostrar como é importante a leitura desse texto da Cristiane Goulart, mãe de dois filhos, completamente diferentes comportamentalmente. A Lohana, mais tímida e mais reservada, o Heitor, um falastrão e extremamente comunicativo, que como adolescentes têm hábitos e manias comuns a essa fase, são alucinados por tecnologia, TV, música, esportes, viagens…
Entretanto, apesar da espontaneidade, Cristiane percebeu que algo caminhava diferente da caixa com seu menino também. Quem sabe isso soa como alerta para você também? Confiram!
O motivo que me levou a escrever esse texto, foi a falta de motivação pelos estudos do Heitor. Desde pequeno ele sempre demonstrou uma certa “malandragem para os estudos”, nunca gostou de fazer dever de casa, ia pra escola pra conversar com os amigos, trocar figurinhas, brincar no trepa trepa,trocar brinquedos , sempre achei útil a troca, se enjoou por que não trocar? Muitas vezes ele era corrigido, pois durante a aula, dizia pra professora que precisava ir ao banheiro, devido a demora, a professora chamava o inspetor e pedia para procura-lo, daí a grande surpresa, Heitor brincando no brinquedo gira-gira da escola.
Ele foi crescendo e a pressão para o Heitor estudar, também aumentou. Todos os dias meu esposo Alexandre chega em casa e começa o estress, “Heitor, já estudou, fez dever de casa, está se esforçando pra prova tal e tal?”… E de contrapartida o Heitor sempre fala “Pai que absurdo, como você é injusto, estudei muuuuiiiiitttooooo antes de você chegar, observação, 15 minutos de livro aberto e 1 hora de televisão e telefone celular.
Sempre consegui entender o Heitor, sempre fui uma boa aluna, mas nunca efetivamente gostei de estudar as matérias que a escola me obrigava. Hoje me vejo uma pessoa extremamente estudiosa, pesquiso muito sobre meu trabalho, vou a muitos cursos de melhoria pessoal a profissional para aprender cada vez mais, em minha juventude passei a achar que odiava estudar, mas descobri que odiava “aquilo que estava estudando”, tenho alma de artista, gosto de música, cinema, teatro, dança, pessoas, risos, criação, inovação, minha mente sempre foi aberta para o mundo e fechada para formatações e exatas.
Nunca deixai meu marido pressionar demais o Heitor, sempre disse a ele, “O Heitor é diferente, ele tem alma de artista, ele não vai ser formatado e formatável como você gostaria”. Maridos militares são colocados em formas… Sempre disse ao Heitor, meu filho você é um gênio incompreendido, acredito na sua inteligência, no teu potencial, você será um grande homem, eu creio. Nesse ano até eu comecei a ficar incomodada com a falta de interesse pela escola, e resolvi levá-lo numa psiquiatra, e nessa semana fui buscar os exames, e para minha surpresa Heitor não tem transtorno de falta de atenção, mas pelo contrário, ele tem um QI acima da média, para minha alegria! Pessoas inteligentes tem uma forma de agir e pensar diferentes, são acelerados, aprendem diferente, talvez sejam os gênios incompreendidos, que mudaram o mundo.
Não sei quem ele será no futuro, mas está sonhando no momento em ser o melhor professor de história do Brasil… Se for um professor, sei que não ganhará milhões, mas cumprirá o propósito para qual foi designado.
Qual a conclusão que chego diante dessa situação:
1) Mães e pais não tentem colocar seus filhos em suas formas preferidas, eles não tem que ser o que “você acha ser melhor pra ele”. A vida é dele, a escolha é dele, não sua, não crie um criança/adulto infeliz.
2) Nunca, de forma alguma na sua vida deprecie seu filho com palavras do tipo, você é burro, você é incapaz, todo mundo consegue menos você! Já parou pra pensar se a vontade de Deus pra vida do seu filho pode ser diferente? Num mundo de bilionários que montam aplicativos na escola, você deveria ir mais devagar com o seu julgamento, palavras de pai e mãe podem mudar o curso inteiro de uma vida, elas tem um poder absurdo que vocês nem podem imaginar. Ás vezes o que a gente precisa na vida é receber uma palavra de motivação e um; “você é capaz, você é fera, você consegue”.
3) Se seu filho não gosta da escola convencional, explique a ele, que mesmo não gostando ela existe e precisamos passar por ela, mas passe sem sofrer tanto, e tente absorver o máximo de conteúdo útil pra sua vida futura, não pense que tudo é inútil.
4) Mostre seus filhos o resto do mundo, viagem, brinquem de bolinha de sabão, comprem uma refeição juntos para um garoto de rua, dê a oportunidade ao seu filho de ter fé em Deus, mas não o culpe, não o julgue… Mas claro por favor dê limites a ele. Não tenha medo de confronta-lo, deixe-o sem TV e celular pra estudar, e diga sempre, “Filho já tá acabando, mas passe isso sem doer tanto, pra nós dois”.
Assinado a mãe do Heitor