Você tem um bebê de poucos meses em casa e acha que ler para ele não adianta de nada, porque ele ainda não interage, nem parece entender? Pois saiba que uma pesquisa apresentada durante o Encontro das Sociedades Acadêmicas Pediátricas de 2017, revela que ler livros para uma criança na primeira infância pode aumentar o vocabulário e as habilidades de leitura, quatro anos depois, antes do início da escola primária.
Essas descobertas são promissoras porque sugerem que a leitura para crianças pequenas, começando ainda na primeira infância, tem um efeito duradouro em relação à linguagem, à alfabetização e às habilidades de leitura precoce. O que elas estão aprendendo, quando os adultos leem para elas, enquanto ainda são bebês, se perpetua por até quatro anos depois, quando elas estão prestes a começar a escola primária.
As mães e os bebês do estudo foram recrutados no berçário de um hospital público. Mais de 250 pares foram monitorados entre as idades de 6 meses e 4 anos e meio (54 meses) para a verificação de quão bem as crianças poderiam entender as palavras, e quando estariam preparadas para a alfabetização e aptas a desenvolver habilidades de leitura.
Os resultados foram comparados com a quantidade de leitura de livros compartilhada, como o número de livros na casa e os dias por semana passados lendo juntos. A qualidade da leitura de livros compartilhada foi avaliada perguntando-se se os pais tinham conversas com seus filhos sobre o livro durante a leitura, se eles falavam ou rotulavam as imagens e as emoções dos personagens do livro e se as histórias eram adequadas à idade.
“Ajustando-se para as diferenças socioeconômicas, os pesquisadores descobriram que a leitura de qualidade e a quantidade de leitura de livros compartilhados na primeira infância previram um melhor vocabulário infantil até quatro anos mais tarde, antes da entrada na escola. A qualidade da leitura de livros, durante a primeira infância, em particular, previu as habilidades iniciais de leitura, enquanto a quantidade e a qualidade de leitura de livros, durante os primeiros anos da criança, parecem estar fortemente ligadas a habilidades de alfabetização emergentes maiores, como a escrita de nomes aos 4 anos”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Os resultados destacam a importância dos programas de parentalidade utilizados na atenção primária pediátrica que promovam a leitura compartilhada de livros logo após o nascimento.