Começa com uma coceirinha e, de repente, a criança fica com o corpo marcado de vermelho, alertando os pais. Mas o que será que pode causar urticária nos pequenos?
A urticária aguda é a mais comum nos menores, enquanto a crônica é mais prevalente a partir da idade escolar. E em geral são causadas pelos seguintes motivos:
– Alimentos (nas crianças pequenas, leite de vaca, ovo, soja, amendoim e trigo. Nas maiores: frutos do mar, nozes e castanhas)
– Medicamentos (em especial: analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos)
– Infecções (causadas por vírus ou bactérias)
Embora popularmente seja muito lembrada, a urticária causada por corantes e aditivos alimentares não é tão comum como parece. “Em algumas crianças, a combinação entre a infecção viral e o uso de medicamentos, principalmente os analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais (AINH), podem desencadear o quadro de urticária”, explica a Dra. Solange Valle, especialista do Departamento Científico de Urticária da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
A médica conta que a urticária crônica é mais frequente em adultos, levando a pensar que não ocorra na criança. Na verdade, existem poucas informações sobre a sua prevalência na infância. No Reino Unido a frequência varia de 0,1% a 3%. Destas, 50 % a 80% podem estar associadas com angioedema (inchaço). A maioria das informações são indiretas e extrapoladas dos adultos. A urticária crônica nas crianças pode comprometer a qualidade de vida, afetando a relação com o meio social, acarretando falta às aulas e prejuízo no aprendizado e aos pais de deixarem de trabalhar. Diagnóstico da urticária infantil O diagnóstico é clínico, ou seja, se baseia na avaliação feita pelo médico, baseado na história, exame físico e, se necessário, exames complementares. Não há um teste ou exame definitivo para fazer o diagnóstico da urticária. A história clínica detalhada é o principal meio de diagnóstico.
São considerados dados importantes como: tempo de início, frequência e duração das lesões; presença de outros sintomas, edema (inchaço), outras alergias ou infecções; ingestão de alimentos; relação com agentes físicos ou exercícios; uso de medicamentos; estresse, entre outros. A urticária aguda na grande maioria das vezes não necessita de exames complementares, sendo mais necessários nas formas crônicas.
E como tratar o problema?
Em primeiro lugar é importante identificar e remover a causa para então tratar. No caso de causa alimentar, a retirada completa do alimento causador é a solução. A medicação tem objetivo de aliviar os sintomas e os anti-histamínicos (antialérgicos) são a base para tratar a urticária nas crianças. Recomenda-se, preferencialmente, os produtos modernos conhecidos como anti-histamínicos de segunda geração como a primeira opção de tratamento. “Cetirizina, levocetirizina, desloratadina, fexofenadina e loratadina estão aprovados para o uso pediátrico. Todos são eficazes e bem tolerados. Crianças com urticária de difícil controle podem ser tratados com doses de até quatro vezes as preconizadas, com bons resultados, mas sempre com orientação médica”, alerta Dra. Solange.
O uso de corticoides não é uma rotina, sendo restrito apenas aos casos necessários, ou seja, nas exacerbações e por períodos curtos de tempo. Recentemente foi lançado para tratar os casos de urticária crônica espontânea um anticorpo monoclonal (omalizumabe), mas este está indicado apenas para crianças maiores de 12 anos de idade.
Ah! E vale destacar que urticária não é contagiosa e não “pega”. Não há necessidade de dieta, a menos que o médico indique. – Corantes e conservantes não são causas mais comuns de urticária. Cada criança deve receber uma orientação específica para seu caso. A medicação deve ser mantida pelo tempo indicado pelo médico. Não se deve parar de usar o remédio para “testar” o efeito. E é fundamental evitar medidas ou tratamentos caseiros para não agravar o problema.