“Três meses e o tormento / Esse teu sofrimento / Eu também já posso sentir / Vê se aquieta o coração /Pra quando eu sair daqui
Talvez eu dê trabalho / Uma vida de despesas / Mas por favor me deixa ficar / E se por um acaso / Eu não tiver seus olhos / Você ainda vai me amar
Eu sei que a ansiedade / É quase uma inimiga / Mas eu não quero ser confusão / Então, por favor / Me deixa na sua vida / Mas vê se aquieta o seu coração
Se é tempestade, todo medo / Se for arrependimento / Por favor tira daí / Você ainda não me tem inteiro / Nem me conhece direito / Mas já posso te ouvir / E quando a barriga for crescendo / Você ainda vai ser linda / Eu nem preciso te ver / Seca o choro e fica aqui comigo / Que até assim tristinha eu já sei / Que eu amo você!”
Sabe este trecho da canção Nove Meses, da cantora Bárbara Dias? Ele traduz bem nossa mistura de sensações ao descobrir a gravidez, né? E define bem como me senti ao saber que estava grávida do meu segundo filho.
Tomar a decisão de ter um filho não é nada fácil. Pelo menos não para mim e acredito que não deveria ser para ninguém. Não é como comprar um sorvete ou fugir da dieta no final de semana. Até mesmo se decidir pelo casamento ou mudar de país acaba sendo mais simples, porque podemos voltar atrás, podemos desistir. Ter filho é para sempre, é nossa responsabilidade, começa mexendo com os hormônios, com as finanças e depois mexe com tudo que acreditamos, com nossa rotina, com o estilo de vida e com nossas escolhas. Até mesmo casar ou mudar de país já seriam escolhas bem mais complexas, porque o bem-estar de um filho passa a fazer parte dessa e qualquer decisão. Não somos mais apenas “Eu”, somos “Nós” e muitas vezes, o que é importante para “eles”, os filhos, conta mais do que o que importa pra gente.
Enfim, e por tudo isso, eu tinha medo! Amo demais meu primeiro filho, mudei imensamente com a chegada dele, física, emocional e até profissionalmente. Acabei abrindo mão de algumas coisas, crescendo e melhorando muito em outras. Mas ter um novo filho me faz ter a certeza de que todo o meu “Eu” mais recente pode mudar novamente e toda transformação dói, é cansativa e tira muitasssss noites de sono e não falo apenas literalmente. Portanto, fugi e muito desta decisão. Fugi tanto, que apesar das orações do meu mais velho por um irmão, eu e meu marido já havíamos decidido “Matematicamente” pôr um fim às chances de ter um caçula ainda este ano, com uma certa pena por isso. Afinal, a vontade dele de ter um irmãozinho era tão grande e nossa saudade de ter um bebê em casa também. Mas somando e tirando dali e daqui, a decisão de não ter parecia ser sim a melhor, inclusive porque o quarto do Theo é bem pequeno para dois e o terceiro quarto da casa era meu escritório que funcionava super bem e fazia parte da organização da minha vida.
Mas como o poder da fé é maior do que qualquer decisão matemática, em julho, meu filho se ajoelhou diante de São José (justo ele, o Padroeiro das Famílias) e pediu pela última vez um irmãozinho. Pediu com vontade e lágrimas nos olhos! O resultado: tive ovulação tardia, 3 dias antes de menstruar. Consequência, algumas semanas depois, veio muito enjoo, vontade de vomitar 1, 2, 3 manhãs seguidas e um teste de farmácia com duas listrinhas.
Não acreditei! Era impossível! Eu viajei no período da ovulação, sem o marido, me preveni… Será que aquele dia pouco antes de menstruar? Fiz 4 exames de farmácia com listras cada vez mais fortes, fiz ultra e nada de acreditar. Até que minha médica disse que sim, foi ovulação tardia, sim eu estava grávida e sim, Theo teve seu maior desejo realizado.
Tive um baque emocional forte, primeiro com a negação e depois, apesar dos enjoos, com a nítida sensação de que não estava grávida de verdade. A cabeça não me deixava acreditar. Comecei a fazer contas, a colocar a tal da Matemática no meio da história de novo. E… Comecei a me sentir mal com isso! Eu seria mãe de novo! A coisa que mais me fez feliz até hoje! Amo meu filho infinito e além, sou grata por tudo que ele fez pelo ser humano que sou e por todas as transformações que ele causou em mim. Como posso negar o fato de que tem outro bebê cheio de luz dentro de mim? Como poderia impedir que meu primogênito soubesse que sua maior vontade fora realizada? Como poderia não permitir que meu mundo fosse inundando desse milagre que é trazer uma vida repleta de expectativas positivas, de transformar o planeta em um lugar melhor. Nós somos os responsáveis pelo “presente do planeta” e cada vida que trazemos pode colaborar para deixar esse presente mais precioso.
E com este pensamento, comecei a mudar minha mente. Matemática demais traz pessimismo para nossas decisões. Decidi optar pela Filosofia, Biologia e também um pouco de Magia! Optei por aproveitar cada segundo, por curtir a mim mesma, por me apaixonar por cada parte do meu corpo, por cada centímetro da minha barriga aumentando, por dançar comigo mesma, por curtir minha família. Entendi, que antes de aceitar que havia um bebê dentro de mim, eu precisava aceitar a mim mesma, me amar mais, integralmente. O segredo para mim, não foi começar a fazer tudo pelo bebê e esconder meus sentimentos pra debaixo do tapete. Fiz isso da primeira vez, na gravidez do Theo e não foi bom. Não gostava de ver minhas fotos, não me curtia. Amava meu bebê, mas não amava meu ser humano grávido.
Agora, eu gosto de mim, quero me ver e me nutrir dia após dia de amor, quero impedir a entrada de energias negativas, de pensamentos que jogam para baixo. Não aceito opiniões que colocam em dúvida minha capacidade de maternar, não aceito bullying materno, não quero machucar a casa do bebê e desejo que ele se sinta amado, querido e abençoado, como de fato é. Não foi à toa que veio parar na minha barriga e virá ao mundo. Ele já é especial e já faz parte dos nossos planos e da nossa vida.
E mais uma vez, quem me fez ver tudo com clareza, quem me ajudou a me transformar em mãe de dois e me nutriu de amor, foi meu filho mais velho, me provando que a maternidade é a forma mais pura de aprendizado sobre quem somos e o que queremos da vida. Ao decidir presenteá-lo com a notícia da chegada de seu irmão, presenteei a mim mesma com a felicidade dele de forma pura, inocente aos olhos de uma criança. Ele pulou, não acreditou na notícia que ouviu e meu coração explodiu de alegria por poder deixá-lo tão contente e transformar a nossa casa no lar de crianças felizes, com mais de uma gargalhada, com diferentes aprendizados, experiências e formas de amar. E esse bebê já chegou me ensinando que nenhuma decisão é tão definitiva que não pode revelar um avesso muito mais interessante e feliz. Me mostrou que eu precisava me amar mais e me valorizar mais, que ser filha única como eu fui, pode ser bom, mas aumentar a família pode ser ainda melhor, e me fez entender que nenhum senso de realidade é tão poderoso quanto o otimismo e a vontade de amar.
Assista o vídeo de Revelação sobre a chegada do bebê! 😀