Levar a Copa do Mundo para a sala de aula é um recurso pedagógico eficaz, já que o tema desperta a atenção dos alunos e aumenta o engajamento dos estudantes nessa época. Em muitas escolas que ensinam aprendizagem socioemocional, o assunto está sendo trabalhado como recurso para estimular a compreensão e a análise sobre as emoções e domínios, como autoconhecimento, autocontrole, empatia, tomada de decisões responsáveis e habilidades sociais.
Para alunos de 6 a 9 anos, por exemplo, são propostas atividades que estimulam o domínio socioemocional do autoconhecimento. Os estudantes devem se colocar no lugar de um jogador profissional e pensar na emoção dominante em situações comuns numa partida de futebol. Na sequência, em grupos, eles devem comparar e discutir suas respostas. “É importante a criança se colocar no lugar do outro e reconhecer os sentimentos que podem ter surgido em determinada situação. É o que chamamos de alfabetização emocional”, explica Eduardo Calbucci, um dos criadores do Programa Semente – o Programa Semente trabalha de forma estruturada os cinco domínios: autoconhecimento, autocontrole, empatia, tomada de decisões responsáveis e habilidades sociais. Atualmente, cerca de 30 mil alunos já utilizam a metodologia em escolas brasileiras.
A agressão de Zinedine Zidane a Marco Materazzi, na final da Copa de Mundo de 2006, por exemplo, também é tema de atividade proposta para alunos de 10 a 11 anos. “É um exemplo claro sobre as dificuldades de regular as emoções que podem ser despertadas nos jogadores de futebol, durante uma partida”, explica Calbucci. Segundo ele, nesse trabalho, os alunos são estimulados a retomar as estratégias de regulação da raiva, como forma de fazer escolhas melhores.
Outras situações, como o 7 a 1 entre Brasil e Alemanha, maior goleada da história sofrida pela seleção brasileira, na Semifinal da Copa do Mundo de 2014, e as substituições de jogadores que causaram polêmica na história das Copas são temas de aulas no Ensino Médio. “São oportunidades valiosas de discutir questões como controle emocional, tomada de decisões e trabalho em equipe, fundamentais para alunos que estão se preparando para o mercado o mercado de trabalho”, ressalta Calbucci.
Abaixo, alguns tópicos com as emoções que podem ser trabalhadas com as crianças durante a Copa do Mundo elaborados pelo educador Eduardo Calbucci:
1) Frustração: sentimento provocado por uma expectativa não cumprida.
Nesse caso, é sempre importante verificar se as expectativas eram realistas e lembrar que os erros podem ser um aprendizado para ações futuras.
2) Raiva: emoção que nasce da percepção de uma injustiça.
A raiva é um sentimento perigoso, porque é de alta intensidade. No caso da Copa do Mundo, as crianças precisam entender que o esporte nem sempre é justo, que nem sempre o melhor ganha e que a arbitragem pode errar e prejudicar nossa seleção. É fundamental valorizar o esforço, a dedicação, o empenho, e não apenas o resultado.
3) Medo: emoção provocada pela proximidade de um perigo.
Um jogo que pode desclassificar o Brasil da Copa pode causar medo, mas é importante não exagerar no peso desse acontecimento. Nós, torcedores, não temos quase nenhuma influência sobre o resultado das partidas.
4) Ansiedade: um dos estados emocionais do medo.
A ansiedade é mais intensa do que a preocupação e o receio e menos intensa do que o desespero e o pânico. É normal e esperado que os torcedores fiquem ansiosos antes dos jogos do Brasil.
5) Tristeza: sentimento provocado pela sensação de perda.
Uma desclassificação pode provocar tristeza, sobretudo nos torcedores mais fanáticos. É uma emoção desagradável, mas muitas vezes inevitável. A tristeza numa derrota nos ensina a valorizar mais ainda nossas vitórias e pode estimular a perseverança para continuar lutando.
Informações: Assessoria de Imprensa