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Saiba como agir nos principais casos de intoxicação infantil

O Ministério da Saúde contabilizou 3.318 mortes de crianças em 2018 decorrentes de quedas, queimaduras, trânsito, afogamento e intoxicação. Os acidentes também lideram as estatísticas de internações hospitalares: foram 112,6 mil no ano passado. Segundo um levantamento em 2019 pelo Ministério da Saúde, 3.876 crianças foram internadas só devido a intoxicação.

Segundo a pediatra Andressa Tannure, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e especialista em Suporte de Vida em Pediatria pelo Instituto Sírio-Libanês e pelo HCOR, crianças pequenas são intoxicadas, em geral, por produtos que temos na nossa própria casa. Pode ser medicamentos, produtos de limpeza, cosméticos, inseticidas, tintas, solventes, entre outros. “Colocar coisas na boca e experimentar seu gosto é o modo como crianças pequenas exploram o ambiente. Isso ocorre em um rápido momento de distração dos adultos. Com a pandemia e, consequentemente, com as crianças em casa, o risco de acidentes domésticos aumenta, incluindo a intoxicação exógena. Ainda não há dados deste semestre divulgados, porém, em média, 30% dos óbitos acontecem nos meses de janeiro, julho e dezembro, o que assemelham em muito com o período de quarentena”, diz.

De acordo com Andressa, a maioria das intoxicações em crianças pode ser tratada, se for dado atendimento imediato. “Se achar que seu filho ingeriu algo tóxico, fique atento aos seguintes sinais e sintomas: manchas estranhas na roupa da criança, queimaduras nos lábios ou na boca, salivação excessiva ou hálito com odor forte, náuseas ou vômitos de início súbito e sem explicação, dor abdominal sem febre, dificuldade para respirar, alterações súbitas de comportamento (sono, irritabilidade ou excitação). Em casos mais sérios, pode haver até convulsões ou até perda de consciência”, explica a pediatra.

Saiba como agir nas situações abaixo:

Substâncias ingeridas
Tire a substância de perto da criança. Se ainda tiver um pouco na boca, faça com que ela cuspa. Guarde esse material, embalagens, rótulos, bulas ou qualquer outra coisa que possa ajudar na identificação da substância. Cheque os seguintes sinais: dor de garganta importante, salivação excessiva, dificuldade respiratória, convulsões, tontura ou sonolência excessiva. Na dúvida, segundo ela, nunca provoque vômito. “Se a substância for muito ácida ou muito básica, provocar o vômito pode causar piora e nova queimadura das mucosas”.

O ideal, de acordo com a pediatra, é levar a criança ao pronto-socorro mais próximo, chamar o SAMU (192) ou existe o Disque-Intoxicação (0800-722-6001). A ligação é gratuita e o atendimento é oferecido em quase todo o território nacional. “Ao ligar, tenha em mãos os seguintes dados: o nome da criança, idade e peso, e eventuais doenças ou medicações que esteja em uso; o nome da substância ingerida, e as informações contidas no rótulo; a hora que ingeriu e a quantidade engolida estimada”, orienta Tannure.

No pronto-socorro, o tratamento se baseia em quatro itens principais: diminuir a exposição do organismo ao tóxico, promover a eliminação do tóxico já absorvido, uso de antídotos e, por fim, medidas gerais e de suporte. “Muitas vezes, é necessário realizar exames e permanecer em observação por 6 a 12 horas”, diz a pediatra.

Contato com a pele
Se a criança derrubar alguma substância perigosa no corpo, tire toda a roupa e lave-a com água fria, até retirar ao máximo todo o produto. Se houver queimadura e a queimadura for leve (aspecto avermelhado) e não houver bolhas, use compressas frias periodicamente para aliviar a dor. Pode colocar vaselina líquida para hidratar e, se necessário, dar analgésico. Não coloque nenhum tipo de pomada ou outro produto na queimadura.

Contato com os olhos
Lave bem os olhos, com água corrente. Para crianças pequenas, pode ser necessário um outro adulto para segurá-la. Lave abundantemente e ligue para o Centro de Intoxicações para receber orientações. Não pingue colírios ou qualquer outra substância no olho.

Prevenção
‘’Cerca de 90% dos acidentes domésticos poderiam ter sido evitados com medidas de prevenção. Por isso, é fundamental orientar as famílias sobre o assunto’’, diz a pediatra. Além de manter medicamentos e produtos tóxicos trancados e fora do alcance das crianças, ela cita outras orientações:

  • Não tome medicamentos na frente de crianças, pois elas gostam de imitar os adultos.
  • Não chame medicamentos de “balinha”, ou ‘’docinho’’ só para que ela aceite tomar.
  • Cheque o rótulo e a dosagem prescritos, principalmente na madrugada, e com uma luz acesa.
  • Nunca mude a embalagem de um produto, colocando substâncias tóxicas em garrafas de refrigerante ou latas de alimentos.
  • Dê preferência a embalagens de medicamentos que tenham tampas de segurança.
  • Não permaneça com o motor do carro ligado em uma garagem fechada. Ao sentir cheiro de gás, desligue imediatamente e chame a companhia de gás.
  • Não ofereça embalagens ou frascos contendo medicamentos para uma criança brincar. Afinal, remédio não é brinquedo.
  • Deixe o telefone do SAMU e do Centro de Intoxicações sempre em local de fácil acesso, inclusive para babás ou outros cuidadores da criança.

“Redobre a atenção em visitas a amigos e parentes que não tenham crianças. Provavelmente, o local não terá os mesmos cuidados que sua casa”, finaliza a pediatra.

Informações: Assessoria de Imprensa.

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Priscila Correia

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