Segundo a UNESCO, pelo menos 85 países fecharam escolas em todo o território para conter a disseminação da COVID-19. A medida teve impacto em mais de 776,7 milhões de crianças e jovens, atingindo 60% da população infantil do mundo. Mas, com a flexibilização das atividades no Brasil e no mundo, as escolas agora programam o retorno das aulas presenciais para esse segundo semestre.
Contudo, essa recepção de boas-vindas dos pequenos será muito diferente da que eles estavam acostumados nos anos anteriores. Sorrisos escondidos atrás das máscaras, abraços e beijinhos estritamente proibidos e até a tão esperada hora da recreação será limitada às atividades individuais. Esse será o “novo normal” que muitas crianças vão encontrar com o retorno escolar. O distanciamento social será a medida fundamental para que o retorno seja seguro e evite a propagação do novo coronavírus entre as crianças. Mas, como garantir que os pequenos se sintam confortáveis em um retorno pouco caloroso como esse?
Para a psicóloga e psicopedagoga Grace Falcão, especializada infanto-juvenil e terapia familiar, a palavra-chave para o sucesso na volta às aulas é acolhimento. ”Os professores e cuidadores vão encontrar crianças totalmente diferentes de antes da pandemia. Crianças que enfrentaram o luto nesses últimos meses, que estão passando por dificuldades financeiras em casa e que criaram traumas e medos por conta do vírus. Então, nesse primeiro contato pós-quarentena, as escolas devem investir em atividades de socialização, onde os pequenos possam contar sobre as suas experiências: sua nova rotina em casa, sua percepção da pandemia e os seus sentimentos. A escola não pode ignorar a existência do vírus e de tudo que está acontecendo, mas sim tratar o assunto com empatia e afeto”, explica a especialista.
Mas se engana quem pensa que esse acolhimento só deve acontecer dentro da sala de aula. Para Grace Falcão, essa “preparação” precisa ser iniciada ainda em casa, pelos pais e familiares, a fim de evitar crises de ansiedade e de choro no regresso. “Os pais precisam passar tranquilidade e segurança para os filhos na hora de falar sobre o retorno escolar. Eles precisam explicar que sim, ainda existe o risco de contaminação, mas que se eles [crianças] tomarem todos os cuidados de higiene e distanciamento, a chance de transmissão é bem menor. O diálogo é muito importante para que a criança se sinta confortável para participar desse retorno. E essa segurança tem que partir não só dos educadores, como também dos próprios pais”, explica a psicopedagoga.
Além do acolhimento, outra preocupação dos pais e educadores é a garantia de que os pequenos cumpram todos os protocolos de higiene e distanciamento em sala de aula. Afinal, será um longo período com o uso da máscara e sem nenhum tipo de contato físico com colegas e professores – uma situação que as crianças ainda não vivenciaram durante esses meses de quarentena. E para Grace Falcão, a resposta dessa questão também está dentro de casa.
Para a psicóloga carioca, a melhor maneira habituar os pequenos com os novos protocolos impostos em sala de aula é treinando dentro de casa com toda a família. “Uma boa maneira de ensinar as crianças a lidarem com esse “novo normal” em sala de aula é simulando o protocolo de higiene e distanciamento dentro de casa. Treine deixar o seu filho com a máscara durante o período todo da manhã ou da tarde e, nas refeições, distancie mais os lugares da família na mesa de jantar. No começo pode parecer estranho, mas assim seu filho entenderá, na prática, como deve agir no dia a dia escolar”, ensina.
E para que o retorno escolar seja o mais natural possível, Grace Falcão ainda oferece algumas dicas de atividades extracurriculares que podem reforçar o relacionamento entre criança e escola. “Enquanto ainda rola essa discussão sobre a data precisa de retorno das aulas, as escolas podem pensar em eventos, sem contato físico, para aproximar a criança do ambiente escolar. Que tal contratar um personagem de desenho animado para a porta da escola e fazer com que ele interaja com as crianças dentro do carro? Ou a busca de kits e brindes com as professoras da sua própria turminha, para resgatar aquele vínculo? São atividades que respeitam o distanciamento, que são seguras e que preparam o terreno para um retorno natural”, explica.
Informações: Assessoria de Imprensa