O uso da internet para as mais diversas atividades já é uma realidade para a maioria dos brasileiros. Em 2021, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios apontou que 90% dos lares têm acesso à web. Em números, são 65,6 milhões de domicílios e um contingente de 155,7 milhões de pessoas conectadas no Brasil.
Já o levantamento TIC Domicílios, do Centro Regional de Estudo para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), apontou que 90% dos brasileiros na faixa etária entre 10 e 15 anos acessaram a internet em 2021.
No Dia da Internet Segura (07/02), a Childhood Brasil, organização fundada há mais de 20 anos pela Rainha Silvia da Suécia, reforça a importância de proteger e orientar crianças e adolescentes no uso da internet. A plataforma proporciona conectividade para a educação e o entretenimento, mas também pode expor menores de idade a ameaças do mundo virtual, como: assédio, bullying cibernético, pornografia, desinformação, exposição à conteúdo inadequado, violência de gênero, furto e coleta de dados.
“Meninas e meninos com pouca orientação sobre o uso da internet podem ficar vulneráveis, principalmente nas plataformas de jogos on-line, redes sociais e chats, a tentativas de aliciamento”, explica Laís Peretto, diretora-executiva da Childhood Brasil.
A violência sexual no ambiente on-line pode ocorrer de várias formas. As vítimas podem ser coagidas a fornecer imagens ou vídeos ou adultos podem fazer contato casual com crianças e adolescentes por chats ou games, ganhar sua confiança e introduzir conversas sexuais, entre outros.
Existe também uma preocupação com o consumo de pornografia, o que pode levar a uma reprodução da violência de gênero, valorização de práticas sexuais violentas e até a uma dependência desse tipo de material por crianças e adolescentes. O avanço das tecnologias trouxe também novos modos de atuação, como o aliciamento sexual (grooming), cyberbullying, revanche sexual e até transmissão ao vivo de abuso sexual de crianças e adolescentes.
Diálogo, a ferramenta fundamental
Conversar sobre o uso da ferramenta com crianças e adolescentes é mais importante do que impor proibições rígidas. Assim como todo processo educativo, há limites que precisam ser definidos e que devem estar claros.
“Um bom caminho para garantir a auto-proteção da criança ou adolescente é o diálogo. É muito importante falar sobre o que é estar seguro na internet, limites do corpo mesmo no mundo virtual, conceitos sobre privado e público e o que fazer caso sinta que algo errado está acontecendo. Sabemos que não é aconselhável deixar uma criança atravessar a rua sozinha sem orientação e essa regra também deve valer para o uso da internet”, reforça Laís.
Os pais e responsáveis devem ficar atentos e estranhar se crianças e adolescentes passarem a permanecer por muito tempo no celular ou em chats com pessoas que até então não faziam parte do círculo social. Ou se passarem a agir como se estivessem escondendo algo, como fechar um aplicativo quando um adulto se aproxima. E é recomendável lembrá-los que nenhum aplicativo impede que uma imagem enviada seja capturada e depois compartilhada sem o consentimento de quem está na fotografia.
A Childhood Brasil listou algumas dicas para o uso da internet:
- Lembre-se de que o mundo virtual faz parte do mundo real, com perigos que não podemos ignorar.
- Pais e responsáveis devem participar/mediar a experiência do uso da internet por crianças e adolescentes;
- Fale sobre segurança na internet com crianças de todas as idades quando elas se envolverem em atividades on-line;
- Avalie e aprove jogos e aplicativos antes de serem baixados;
- Acompanhe o que seu filho ou filha acessam internet;
- Verifique se as configurações de privacidade estão definidas no nível mais alto para sistemas de jogos on-line e dispositivos eletrônicos;
- Estabeleça regras sobre o uso da internet e mantenha os dispositivos eletrônicos em uma sala comum, aberta para todos da casa;
- Explique que as imagens postadas on-line estarão permanentemente na internet;
- Oriente a sempre se comunicar com educação. Respeito deve valer em qualquer espaço.
- A velha regra ‘não fale com estranhos’ também serve para a comunicação virtual.
Como agir em casos de violência sexual contra crianças e adolescentes?
- Se você SUSPEITAR que uma criança ou adolescente está sendo vítima de violências, denuncie. Os canais são: Disque 100 / Ligue 180 / APP Direitos Humanos BR /Delegacia On-Line;
- Se você PRESENCIAR ou TESTEMUNHAR uma situação de violência contra criança ou adolescente chame a polícia militar (ligue 190).
- Se você IDENTIFICAR um caso de violência on-line envolvendo uma criança ou adolescente, denuncie. Os canais são: Safernet / APP Direitos Humanos BR / Delegacia On-Line.
- Todas as formas de denúncia são anônimas.
Informações: Assessoria de Imprensa.