Agosto chegou e a cor dourada serve para conscientizar a sociedade sobre os benefícios do leite materno, alimento considerado ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Muitas dúvidas giram no universo das mães no que diz respeito à amamentação. Existe uma corrente que acredita que o leite materno não é “forte o suficiente” para a criança ganhar peso nos primeiros meses de vida, e algumas famílias acabam aderindo às formulas. Mas será que isso é verdade?
De acordo com o Ministério da Saúde, o aleitamento é a forma de proteção mais econômica e eficaz contra a mortalidade infantil, protegendo as crianças de diarreias, infecções respiratórias e alergias, entre outras doenças.A OMS orienta que seja exclusivo até o sexto mês de vida.
Para a Dra Marina Noia, pediatra do Grupo Prontobaby, o leite materno tem uma composição muito rica em nutrientes, além da imunidade que a mãe passa ao bebê.
“Não existe leite fraco. O que pode acontecer é algumas mães não terem produção adequada, mas isso pode ser corrigido. Por exemplo, a pega do bebê pode estar inadequada para sucção, e o médico poderá atestar. Complementar a alimentação dos pequenos é um mito muito reproduzido pelas avós”, comenta a médica ao afirmar que a cada ano o Brasil tem aumentado a porcentagem de adesão ao aleitamento materno exclusivo.
Muitas mães se desesperam ao levar os filhos na consulta pediátrica e constatarem que a criança não ganhou peso adequado nos primeiros meses de vida. “Isso pode ser devido à ineficiência da sucção do bebê; por língua presa ou disfunção motora oral; baixa transferência de leite; estresse materno ou depressão perinatal; mãe com alguma cirurgia na mama que reduza a quantidade de glândula mamária; um processo infeccioso na mama, como a mastite; introdução precoce de chupeta; doenças congênitas, como cardiopatias; alergias, como à proteína ao leite de vaca que está na dieta da mãe”, enumera a pediatra.
Vale destacar que o leite de fórmula é recomendado somente para mães HIV+; doenças graves, como galactosemia; entre outras específicas. No entanto, é importante diferenciar o leite de vaca in natura, com 100% dos ingredientes lácteos, dos outros.
“Compostos lácteos não são indicados para crianças menores de um ano. Já as fórmulas infantis, que são consideradas de partida, cadastradas pela Anvisa, são destinadas à alimentação de lactentes sob prescrição do profissional de saúde. Elas são classificadas por números, de acordo com a idade prescrita pelo médico que acompanha a criança”, explica a Dra. Marina Noia.
De acordo com a pediatra, uma dúvida bastante comum nos consultórios é sobre as fissuras nos seios. Quando elas aparecem é necessário trocar o leite materno por fórmulas, mesmo que temporariamente?
“Não. Popularmente conhecido como ‘peito rachado’, acontece devido à técnica incorreta de pega ao seio materno. Portanto, devemos orientar essa mãe à técnica correta, bem como a mudança de posição do bebê para a amamentação, ordenhar o seio antes das mamadas, aplicação de leite materno ali no local, e analgésicos”, orienta a especialista.
No caso da extração de leite através de bombas, a orientação é que esvaziem o seio até que ele fique “murcho”. O armazenamento tem que ser feito em potes com tampas de rosca, ou com boa vedação, e também em sacos específicos para estocagem de leite. O conteúdo pode ser preservado na geladeira por até 12 horas e no freezer por 15 dias.
“O leite materno tem duas etapas no seio. Na primeira, é mais ralo, esbranquiçado, contendo proteínas para a imunidade do bebê, e que mata a sede também. E a segunda, é mais viscoso, amarelado e gorduroso, dá saciedade ao bebê e forma o bolo fecal. Por isso, orientamos esvaziar primeiro um seio por completo e depois oferecer o outro. Jamais ficar trocando o bebê de seio. Quando o mesmo ingere apenas o primeiro leite, pode causar gases, distensão abdominal, diarreia e assaduras”, explica a Dra. Marina Noia.
Dados do Ministério da Saúde, de 2022, demonstram que em 1986 o percentual de crianças brasileiras com menos de seis meses alimentadas exclusivamente com leite materno não passava de 3%. Em 2008, já tinha atingido os 41%. Atualmente, a amamentação exclusiva chega aos 46%, percentual próximo aos 50% que a OMS estipulou como meta a ser atingida pelos países até 2025. Além disso, seis em cada dez crianças (60%) são amamentadas até completar dois anos de idade.
Informações: Assessoria de Imprensa.