Entreter uma criança quando estamos na rua e queremos evitar que ela saia correndo e faça uma bagunça daquelas não é nada fácil. Haja criatividade e paciência para fazê-la ficar sentada num restaurante ou na espera de uma consulta médica.
Como o Theo sempre gostou muito de historinhas, concluí que a melhor forma de termos uma relação interativa e leve quando estamos na rua seria criar enredos mirabolantes. A ideia não era contar o que costumamos ler nos livros em casa para não enjoar. Afinal, contar a mesma coisa mil vezes cansa a gente.
Então, comecei a reparar nas fotos, artigos decorativos e desenhos nas camisetas dele para inventar novas histórias com a primeira imagem que aparecesse na minha frente.
Algumas ficaram engraçadas e sem sentido, outras fizeram tanto sucesso que não tive como fugir de repeti-las umas mil vezes. Vou aproveitar esse espaço para contar as que foram bem sucedidas e espero poder ajudar outras mães a deixar seus filhos quietinhos também. Algumas delas, inclusive, funcionaram como abridoras de boca, nas vezes que ele não queria comer, mas a cada interrupção que eu fazia, servia como uma engrenagem para ele continuar comendo.
Abaixo segue uma das preferidas dele! O Tubarão pirata!!!
Era uma vez um tubarão bebê que se achava o Rei do Mar. Ele sempre falava que poderia nadar por aí sozinho, sem a ajuda da mamãe dele.
Não adiantava a mamãe avisar, que o mar era muito perigoso. Sem placas explicando o caminho, sem nada que pudesse ajudá-lo a encontrar a mamãe, caso se perdesse. E, pior! Ela sempre lhe contava dos perigos sobre redes de pescadores, lixo dos humanos e até sobre animais que podiam machucá-lo.
Mas ele fingia não ouvir e sempre fugia para desbravar os oceanos.
Um dia, ele resolveu nadar mais fundo em um lugar perto de casa, mas longe dos caminhos que estava acostumado. Era escuro e deserto nas profundezas. Mas ele viu algo se iluminar e para sua surpresa, encontrou um baú de tesouros.
O tubarão ficou muito feliz! Finalmente ia provar para a sua mamãe que podia nadar sozinho e encontrar maravilhas por conta própria.
Curioso, como só ele, o tubarãozinho decidiu abrir o baú e para sua maior alegria encontrou vários brinquedos legais ali dentro: uma bola, barquinhos, patinhos de borracha, jogos.
Era tanta coisa legal que o tubarão pensou até em mudar de nome. Daquele momento em diante, ele era o Tubarão Pirata.
De repente, seus pensamentos felizes, se tornaram escuridão. Entretido com tantos brinquedos legais, ele não percebeu que o baú era muito velho e não conseguiria ficar aberto por muito tempo. E num piscar de olhos ele fechou com o tubarão dentro.
Pronto! Ele estava sozinho, no escuro, sem comida. Sem SUA MAMÃE!!!! E agora? De que adiantava tantos brinquedos, se ele estava preso e sozinho? Sem ninguém que soubesse para onde ele foi!!!
Mas, para sua sorte, a mãe dele, sabendo que ele era desobediente e podia se meter em perigos, colocou um peixe esperto para cuidar de seus nados, em segredo. Assim, quando o peixinho viu o pequeno tubarão nadando naqueles mares profundos, voltou e chamou a super mãe.
Nervosa e preocupada com o silêncio daquelas águas, ela respirou e esperou pelo menor barulho, até que percebeu as cabeçadas desesperadas que vinham daquele baú.
Ela finalmente o salvou e mostrou a ele que o que fez foi muito perigoso. Desta vez, o tubarão filhote prometeu que nunca mais nadaria sem avisar a mamãe para onde quer que fosse. E mais: ele decidiu distribuir pelos 7 mares todos os brinquedos que achou para contar sua história e ensinar outros filhotes a nunca desobedecerem suas mamães.