A primeira viagem de avião com uma criança pequena a gente nunca esquece. Muito menos quando essa viagem dura 9 horas.
Quando nos programamos para viajar, ficamos logo preocupados com essa primeira fase que teríamos que enfrentar. Afinal, alguns anos antes, quando fomos para Portugal sem bebê a tira colo, sentamos ao lado de um pequeno com otite que nos rendeu 9 horas sem dormir naquele voo. Não eram apenas choros, eram gritos de desespero! Imaginem, um pequeno com dor de ouvido, suportando a pressão gerada pela altitude do avião. Se nós adultos reclamamos, como ele poderia relaxar?
Lógico que entendemos o drama do menininho, mas isso nos deixou extremamente cansados e com um certo trauma. E se o Theo tivesse alguma coisa antes de viajarmos e ficasse como esse menino durante o voo? Afinal, ele tem crises constantes de sinusite e dois meses antes da viagem ele ficou internado com uma gastroenterite viral daquelas.
Enfim, comecei o tratamento homeopático para sinusite uns 40 dias antes, o que vem funcionando até hoje, mas viajei equipada para o voo com: soro para o nariz num recipiente de 50 ml, conforme o permitido, leite em pó na quantidade para três mamadas (seriam duas durante o voo e uma para quando chegássemos lá), fraldas, pomadas e muitas dicas de comportamento para as mais variadas situações.
Apesar de todo o preparo, as coisas não funcionaram como quisemos. Primeiro porque o avião sairia às 16h30. Então, organizamos o cronograma de sono dele para que ele não dormisse após o almoço e fizéssemos com que ele tirasse soneca às 16h, já que ele dorme cerca de 3 horas durante a tarde e isso faria um início de voo bem tranquilo para relaxarmos para o restante da viagem.
Mas, após o check in nos avisaram que o voo sofreu um atraso e só decolaria às 18h. Resultado: tudo por água abaixo. Ele acabou dormindo às 15h (porque sabíamos que não adiantaria lutar contra o sono dele em vão), acordou às 18h (na hora que entramos no avião) e ficou eufórico com tudo aquilo.
Imaginem um criança, um menino de 2 anos e meio, apaixonado por transportes e aventuras, conhecendo um avião de verdade, como aquele que o Doki usa em suas explorações. Tudo para ele era incrível. Luzes, aeromoças, janelinha com nuvens e céu azul do lado de fora. Foram umas duas horas de alegria com tanta novidade.
Na hora que o avião decolou, para evitar o incomodo no ouvido, colocamos uma mamadeira mega em sua boca e ele chegou a altitude plena tranquilamente, sem nem sentir o que tinha acontecido. Afinal, o movimento de sucção funciona mexendo o crânio e os ossos do ouvido.
Depois do primeiro momento do voo, veio o jantar, que pedimos com antecedência para a companhia aérea que viesse com legumes, sem molhos ou condimentos que pudessem causar qualquer mal estar nele. Amamos o jantar que a TAP ofereceu para ele: pão, um bifinho de carne, com batatas assadas e legumes (vagem, cenoura e couve flor). De sobremesa tinha salada de frutas e um chocolate (que ficou para nós, pois ele não come). Como bebida, optamos por água, pois ele não está acostumado a tomar suco de caixinha. Ele adorou a refeição.
Nessa hora, os comissários também trouxeram um estojo fofo com lápis de cera, caderninho, máscara para ele dormir e um bonequinho. Mas ele definitivamente já estava enjoado. Já estava novamente na hora dele dormir. Eram umas 21h30 no horário brasileiro e começou a nossa luta a favor do sono. Colocamos desenho no Ipad, contamos historinhas, cantamos, mas ele estava naquela de não querer dormir, apesar do sono.
Ele tinha um assento só para ele, mas por mais inclinado que estivesse nem de longe lembra uma cama. E, nem meu colo, que tanto funciona em terra firme, dava uma boa posição para ele naquele momento. Ele resmungava de algo que eu não conseguia compreender. Trocamos a fralda que não tinha tanto xixi, mas ele ainda reclamava.
Enfim, acabou cochilando por umas 2 horas, ainda reclamando quando virava para encontrar uma posição melhor, até que alguém acendeu a luz ao nosso lado e ele acordou de novo. Desta vez com pouco mais de 7 horas de voo, ele começou a berrar com algum incômodo e quanto mais ele chorava, mais ele sentia dor. Foi nesse momento que o nariz dele começou a sangrar, sangrar muito e eu me desesperei. Não sabia nem o que fazer, perdi a ação.
Mesmo colocando o soro no nariz, ele não suportou a secura provocada pela altitude e o ar condicionado forte. Mas consegui contornar a situação do nariz, lavando bem as narinas e conversando com ele para parar de chorar. Foi assim, que ele conseguiu dizer o que o incomodava de verdade: “Mamãe,o bumbum!!!!”
Quando eu tirei a fralda, vi que ele estava assado como nunca, o bumbum estava mais do que vermelho. Até hoje não entendo o que aconteceu, mas imagino que o mesmo ressecamento que atingiu a boca e o nariz atingiu o bumbum. E eu nunca poderia imaginar que isso aconteceria no voo, afinal, ele nunca em dois anos teve assaduras.
Enfim, durante a viagem, pesquisei em mil farmácias até descobrir um creme da Mustela (clique aqui) para lugares frios, super suave que dá para passar em todas as mucosas. Foi o que eu fiz! Na volta da viagem, passei o creme no nariz, na boca e no bumbum. Além de caprichar no Bepantol,que em Portugal se chama Bepanthene, na virilha e no pintinho (para evitar qualquer corte) Deu certo! Ele começou o voo animado outra vez, mas antes que o sono apertasse colocamos o vídeo, fiz massagem nos pés e mãos deles para relaxar e ele acabou dormindo por 5 horas, tranquilo e feliz, por tudo que conseguiu aproveitar em nossas semanas de férias.