O assunto do momento é o lançamento do filme 50 tons de cinza. Os comentários são os mais variados – críticas por conta da cenas de sexo (poucas na concepção de muitas pessoas que esperavam um pornô para mulheres), sobre a história em si e por aí vai. Mas para a gente nem o livro, nem o filme assumiram um papel sexual nem tão pouco romântico. Assistimos o filme, lemos a trilogia e aqui escrevemos o que realmente fez a diferença nessa história que já marcou nossa geração, independente de críticas.
Já comentamos que o livro funcionou como um resgate para nós duas. Tínhamos acabado de ser mães e, entre fraldas e mamadas, cansaço e hormônios em baixa, deixamos a feminilidade de lado, assim como nossa autoestima.
Afinal, o leite que escorre em nosso corpo cria um aroma azedo em pouco tempo, olheiras enormes tomam conta de nosso rosto e temos certeza absoluta que nosso marido vira apenas pai do nosso filho e deixa de sentir qualquer atração pela figura que vemos no espelho: fora de forma, cansada e, ainda por cima, celibatária, por conta do resguardo.
Daí surge um livro, em que no nosso ponto de vista, marcou esse período trazendo uma redescoberta de nossa “deusa interior” perdida. A cada virada de página não era o sexo, nem o romance que nos fazia delirar, mas sim o jogo de poder exercido pela ingênua Anastasia Steele. Talvez exatamente por ter pouca experiência com homens, ela deixou sua própria natureza falar e foi autêntica em exercer sua dominação sobre ele, através de palavras e atitudes que desconsertavam o Mr. Grey o tempo todo.
O próprio Christian fala em uma parte do filme, que no quarto vermelho ela se rendia ao jogo de dominação dele, mas em todos os outros momentos, ela o enfrentava e negociava de tal forma que desbancava o grande executivo acostumado a fazer magnatas cederem.
Aos poucos, com a fala mansa, alguns olhares e mordidelas na boca, ingenuidade e grande poder de negociação, ela conseguiu desestruturar o milionário charmoso e dominador. E Foi justamente isso que atraiu o sr. Grey e o deixou de quatro.
Vamos combinar que o personagem mais forte é a Ana? Ela que sem saber nada de sexo se viu em um quarto vermelho, cheio de apetrechos sexuais dos quais ela nunca ouviu falar, assustador em alguns momentos e, mesmo assim, seguiu firme e forte se impondo e descostruindo tudo que Christian acreditava (contratos, punições e sede de dominação) – óbvio, sem deixar que ele ferisse ou interferisse na personalidade dela.
Já Christian, o milionário, sedutor e dominador, de homem seguro não tem nada! Se encantou pela Ana, quis fugir, não conseguiu ficar um minuto longe dela – invadindo momentos de privacidade, inclusive. Ele não tinha controle sobre ele, muito menos sobre ela. Tudo que falou que não faria, acabou fazendo, se tornando um homem completamente diferente e completo no último livro.
Resumo da ópera! Ao final da trilogia, acabamos convencidas de nosso próprio poder! De como somos fortes e dominadoras por natureza. Suportamos dores que os homens não conhecem, superamos ao longo de décadas os maiores preconceitos e nos mostramos hoje profissionais completas e múltiplas, damos conta de 1001 tarefas e, acima de tudo, somos a base de nossa família, o porto seguro para nossos filhos e nossos homens. Somos imbuídas por natureza do poder feminino e homem nenhum consegue tirar isso da gente!