Adriana Minzon, 38 anos, mãe em tempo integral de Miguel, Arthur e Davi.
“Sou mãe de três meninos: Miguel, de 6 anos, Arthur, de 3 anos, e Davi, de 1 ano e 9 meses. Na primeira gestação, acredito ter sofrido pouco “bullying”, apesar dos palpites não solicitados e da insistência das pessoas em saber mais que o médico e afirmar insistentemente que tinha mais de um bebê dentro da barriga. Mas acho que tirei de letra, sabe? Mentalmente, mandava um “vá se ferrar” e ficava na boa. Quando engravidei pela segunda vez, as pessoas já caiam matando para praticamente me obrigar a gerar uma menina, que era “para formar casal”. Quando revelei o sexo do bebê #2, via as pessoas torcendo o nariz e até fazendo cara de dó. “Que pena!”, diziam. Como se ao invés de ter um menino dentro do ventre, eu carregasse uma aberração. E isso me incomodava bastante, porque era muito corriqueiro. Outra frase muito comum na época era a famosa “Como você é corajosa, grávida de novo?”, de pessoas que, muitas vezes, jamais tinham me visto na vida! Mas quando engravidei do terceiro menino, vi o quanto as pessoas ficavam horrorizadas. Primeiro, porque eu tinha duas crianças ainda pequenas (na época, o mais velho com cinco e o mais novo com menos de dois anos). Depois, porque eram meninos e eu carregava um terceiro garoto no forninho. A perseguição era tamanha, que uma vez relatei no meu Facebook um diálogo travado dentro de uma loja de vestuário e artigos infantis, onde eu tinha ido comprar o enxoval. A atendente, muito despreparada, aliás, já mostrou pena ao olhar minha barrigona e meus dois meninos a tiracolo. Ao saber que eu procurava um enxoval para menino, ela abriu a válvula de escape de besteiras do tipo “Nossa, coitada, nem uma menina pra fazer companhia?”, “Meninas são mais companheiras da mãe.”, “Você não vai ter uma menina pra enfeitar?”, “Meninas são mais calmas.” etc. Ela fez tanta questão de frisar que meninos são monstrinhos cruéis e ingratos, que eu não comprei ali um alfinete. Fui embora muito p. da vida. Então, eu tentava ao máximo “fazer a egípcia” para os comentários, senão acho que voaria no pescoço de meio mundo. As pessoas, na falta do que dizer, falam asneiras, a primeira que vem à cabeça. Sem falar, claro, no imenso interesse que as pessoas têm, até hoje, em saber se eu fiz laqueadura ou se irei fazer. E a cara dessas pessoas quando digo que não. Se eu dissesse que tenho 5 seios e 4 nádegas não causaria tamanho espanto. Sou uma pessoa completamente esclarecida, não dependo de caridade, não atrapalho ninguém e não compreendo o motivo de tamanha preocupação – se é que podemos chamar disso. Paralelamente ao “desejo” de que eu faça uma laqueadura, também tem a galera que pede que eu “tente” uma menina. Isso ainda existe, e muito! Antigamente, eu me justificava, hoje faço piadas do tipo “quero mais uns três meninos”.
A Dri é de mais! Exemplo de mulherão da porra! Admiro de mais essa mulher!
Sou a Adriana do depoimento acima. Citei a situação mais corriqueira, que diz respeito sobre quantidade e sexo dos filhos. Ainda hoje passo por isso e aprendi a lidar. Mas na ocasião da minha primeira gestação, também ouvi muitos “causos” que não deram certo e culminaram com a morte do bebê. Ao que me parece, as pessoas fazem questão de dar sua opinião negativa e palavras suaves e positivas são muito raras. Eu, por ter passado por isso, faço questão de acalmar as mães.