O dia a dia em uma Unidade de Tratamento Intensiva Neonatal é uma montanha russa. Altos e baixos se tornam constantes para aqueles que aguardam a recuperação. Casos de bebês prematuros, ou que passaram por alguma intervenção cirúrgica ocupam as pequenas incubadoras repletas de fios. A princípio, a rotina da equipe médica assusta aqueles que não estão acostumados a lidar com essa dinâmica. “São muitos cuidados, normais para equipe que está familiarizada. O impacto da separação, proveniente da internação, gera medo, tristeza e estresse nos pais. É um momento delicado na vida deles”, explica Caroline Pavlu, enfermeira gerente da UTI Neonatal da Perinatal Barra, maternidade localizada no Rio de Janeiro.
De acordo com a profissional, a impotência é outro fator que afeta muito os pais. “É fundamental que a equipe multidisciplinar integre a família na rotina do filho, seja com atividades ou através de artifícios que colaborem para o avanço do recém-nascido”, relata Caroline. Na Perinatal, por exemplo, mães e pais são incentivados a se envolver no processo de assistência, estimulando a aproximação entre eles e a equipe médica. “Cada caso é um caso, por isso avaliamos maneiras dos pais estarem próximos dos seus filhos. Nem sempre todas são possíveis, mas alguma sempre será”, avalia Jofre Cabral, neonatologista da Perinatal.
A experiência de mais de 25 anos na área de neonatologia, especificamente UTIs, fez com que a equipe multidisciplinar do hospital enxergasse além. Buscando sempre envolver a família na rotina do bebê, os profissionais notaram que ações que englobavam pais e mães auxiliavam na recuperação do recém-nascido. Essa percepção fez e faz toda diferença. Diversos estudos recentes, principalmente envolvendo a prematuridade, também apontam para esse olhar. Unir a tecnologia de ponta ao amor materno e paterno pode parecer clichê, mas somam um valor imensurável.
Mas como é feito isso? Abaixo, separamos alguns exemplos de atividades, encontradas na maternidade carioca, que são benéficas para saúde dos bebês e incentivam o contato do pequeno com a família. Realizadas sob a supervisão médica, algumas dessas ações não possuem um impacto direto na recuperação do recém-nascido, mas ajudam aos pais a passarem por esse momento com esperança e força.
– Colostroterapia
De acordo com a enfermeira Sandra Mara, responsável por difundir essa prática na Perinatal, a realização da colostroterapia é uma excelente maneira de conectar mães e prematuros extremos. O procedimento é realizado através do colostro materno cru que é inserido, em pequenas gotas, no lábio do pequeno e que absolvidos pela mucosa gástrica ativam o sistema imunológico do prematuro. “Para termos um exemplo, uma gota de colostro oferece mais de 20 mil fagócitos, células de defesa do organismo”, explica Sandra. O método pode ser utilizado quando o prematuro estiver de jejum, especialmente nas primeiras 24 horas de vida. Para isso, a mãe do recém-nascido deve ser auxiliada no ambiente de terapia intensiva da UTI, com profissionais capacitados e aptos que deem assistência no momento da ordenha e coleta. “As mães se sentem mais úteis e fortes. É benéfico para todos”.
– Shantala
Proveniente da Índia, a técnica ajuda o bebê a relaxar, evita cólicas, insônia, melhora a digestão, circulação e beneficia o vínculo entre pais e filho. Indicada para bebês prematuros, a prática auxilia também a coordenação motora do pequeno.
– Pais Canguru
Na posição canguru o recém-nascido é mantido na vertical, contra o peito do pai ou da mãe. O contato da pele favorece um controle térmico melhor, alivia a dor, aumenta o vínculo e acalma o bebê. Vale ressaltar, que alguns critérios são levados em consideração: o tempo de permanência não deve ultrapassar o de quatro horas, e é necessário que o pai ou mãe estejam vestindo uma blusa gola V.
– Banho de Ofurô
O banho de ofurô tem diversas vantagens, mas só deve ser dado em bebês com mais de 1800g. A técnica transmite aos recém-nascidos a mesma sensação do útero materno, tornando o banho um momento prazeroso, de relaxamento e segurança. Além disso, diminui as cólicas e previne a insônia.
– Redeterapia
Pequenas redes são colocadas nas incubadoras abrigando o bebê de forma que se sinta confortável. Esse aconchego proporcionado é simula a sensação proporcionada pelo útero materno. A técnica ajuda no desenvolvimento neuro-sensorial, ganho de peso e mantem o sono profundo do pequeno. Ele pode permanecer de três a seis horas na rede.
– Terapia do Polvo
Feito de crochê, o polvo possui uma textura macia e oferece ao recém-nascido a mesma sensação do ambiente intrauterino, por conta de seus tentáculos. Eles relaxam, regulam os batimentos cardíacos e a respiração, e proporcionam níveis mais altos de oxigenação no sangue. A técnica proporciona ao bebê o calor do ambiente.
– Visita de avós e irmãos
Um bebê internado na UTI Neonatal não possui a oportunidade de criar vínculo com a família, além do pai e mãe, nos primeiros dias de vida. Para amenizar o sofrimento, são realizados encontros com avós e irmãos do recém-nascido. Além da visita, os presentes possuem apoio psicológico.
– Artesanato
As atividades entre os pais, como o artesanato, criam laços e selam amizades. “Temos grupos que se encontram até hoje, se reúnem, fazem piquenique, comemoram o aniversário da alta”, comenta Jofre. Atuando ao lado da equipe de psicólogos, a enfermeira gerente, Caroline, conta que esses momentos tornam o ambiente descontraído. “No início é comum que estejam apreensivos e calados, mas aos poucos, estão sorrindo e conversando. No final, sempre agradecem pelos momentos de lazer e divertimento que não vivenciavam desde a internação. Isso vale muito para nós”, conclui.
Informações: Assessoria de Imprensa