Nesta época do ano, muitos pais buscam uma escola para os filhos, seja para a primeira matrícula, ou porque querem trocar de colégio. Se esse é o seu caso, leve em conta estes critérios. Acertar na escolha é decisivo para o desempenho do estudante.
A Andrea Ramal, educadora, escritora, consultora em Educação e Doutora em Educação pela PUC-Rio, dá algumas dicas:
1 – Modelo de educação. Nem toda escola é adequada para todo perfil de aluno e de família. Os pais devem checar se concordam com o modelo educacional e os valores que a escola promove. Eles são apresentados no projeto político-pedagógico. Não é raro que as famílias procurem a instituição, meses depois da matrícula, com reclamações como: a média para passar de ano é alta demais; a escola é muito rígida; não deveria falar de educação sexual; as turmas são grandes. Conhecer bem o projeto pode evitar esses transtornos. Lembre que o colégio precisa estar antenado com o mundo de hoje, com aulas que abordem temas como sustentabilidade, inclusão, respeito à diversidade, cidadania, convivência pacífica. E se a jornada for em tempo integral, tanto melhor. Mais tempo na escola são mais oportunidades para aprender.
2 – Ensino de qualidade. A maneira de apurar isso não é necessariamente pela posição em rankings. Outros aspectos contam, como a formação dos professores, um currículo diversificado, com atividades de artes, música, esportes, robótica, idiomas, etc., ou o uso inteligente de tecnologias nas aulas. Vale conversar com outras famílias: os estudantes gostam das aulas e a didática é motivadora? O bom professor estimula que os alunos participem ativamente das aulas, com dinâmicas, apresentações e interação.
3 – Diálogo com a família do aluno. O acompanhamento da vida escolar é fundamental para garantir o melhor desempenho. Mas algumas escolas não orientam nem estimulam essa participação da família. É preciso conferir se, além das reuniões, o colégio mantém outras formas de comunicação com os pais, como palestras de orientação, convites para eventos, e-mails com informações, além de estar disponível para atender os responsáveis sempre que necessário.
4 – Localização e segurança. Ficar perto de casa não pode ser o único critério, mas precisa contar, sobretudo nas grandes metrópoles. Se a escola ideal ficar do outro lado da cidade e o estudante levar horas para ir e voltar, isso significa mais estresse e cansaço, menos energia para estudo e lazer. A escola também deveria ter cuidados com a segurança dos alunos, como controle do acesso de estranhos e processos para atendimento em casos de emergência.
5 – Ambiente acolhedor. Visite a instituição e verifique como é recebido e como parece ser o relacionamento entre as pessoas. Elas dão a impressão de se sentir em casa? A educação começa desde a porta de entrada. Os funcionários, como recepcionistas ou zeladores, também têm uma função educadora. Boas escolas constroem ambientes acolhedores, em que as pessoas se respeitam, são afáveis umas com as outras e resolvem os conflitos pelo diálogo.
6 – Espaço físico e instalações. Deve haver espaços apropriados para a prática de atividades esportivas e o lazer. Salas de aula: precisam ser confortáveis, arejadas, com boa luminosidade e acústica adequada. Convém que o ambiente seja limpo e organizado, garantindo o bem-estar de todos.
Repare se existem áreas para incentivar a leitura e como são os recursos de mídias e tecnologias.
7 – Preço. A escola dos sonhos pode ser particular e muito cara. Por isso, é preciso ser realista, equilibrando os critérios mencionados com o orçamento da família. Faça um planejamento, estimando o investimento necessário para arcar com aproximadamente 15 anos de estudo (pré-escola, ensino fundamental e médio) e reservando os recursos para evitar contratempos. Lembre que, além da mensalidade, há gastos com material, atividades extras, lanches e outros.
Por fim, leve em conta que nem toda escola particular é necessariamente melhor do que a escola pública. Ao contrário, no Brasil há escolas públicas que não ficam devendo nada às da Finlândia ou Coreia do Sul. Só que são poucas e a disputa por vagas é enorme. Ou seja, praticamente não é possível escolher.
Se seu filho estuda ou vai estudar numa escola pública, fique atento à nota da instituição no Ideb. Exija da direção que a escola se adapte, cada vez mais, aos critérios mencionados acima. A forma de melhorar a educação brasileira não é simplesmente matriculando os filhos na escola particular, mas se envolvendo e fazendo pressão sobre os gestores para que a escola pública e gratuita tenha a qualidade que toda criança brasileira merece.
Informações: Assessoria de Imprensa.