O mês de março foi escolhido como dia Internacional de Conscientização sobre o HPV, celebrado pelo 3º ano consecutivo pela Sociedade Internacional de Papilomavírus (IPVSoc, na sigla em inglês). E tem como propósito reafirmar a segurança e efetividade da vacina contra o HPV na prevenção de diversos tipos de câncer, em especial o de colo do útero, além de destacar a importância de meninas e meninos receberem todas as doses.
Para Maria Del Pilar Estevez Diz, médica associada da Clínica OncoStar e membro titular da Oncologia D’Or, a vacinação de HPV é segura é preconizada pela OMS no mundo todo. O HPV significa “papilomavírus humano”. Ele é sexualmente transmissível e infecta a pele e mucosas de homens e mulheres em qualquer idade. Mais de 80% da população adulta tiveram ou terão contato com o HPV em algum momento da vida e algumas pessoas desenvolverão câncer.
Dentre os HPV, o potencial carcinogênico está concentrado em 15 tipos de alto risco (HR-HPV): 16, 18, 31,33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82). Dentre eles, os tipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos cânceres de colo uterino e cerca de 90% dos cânceres de orofaringe HPV positivo. Os tipos 6 e 11 são responsáveis pelas verrugas genitais e papilomatose respiratória, raramente são associados a câncer.
A boa notícia é que foram desenvolvidas vacinas eficientes para o HPV, hoje estão disponíveis as bivalentes (contra os HPV 16 e 18), tetravalentes (contra os HPV 16, 18, 6 e 11) e nonavalentes (contra os HPV 16, 18, 6, 11, 31, 33, 45 52 e 58). Em comum, todas protegem contra os tipos 16 e 18, principais responsáveis pelos casos de câncer relacionado ao HPV.
As vacinas quadrivalentes e bivalentes foram aprovadas em mais de 100 países em curto espaço de tempo, entre 2006 e 2012, e incorporadas aos programas de vacinação em mais de 40 países nesse período. O grande desafio é manter taxas de cobertura altas.
Apesar de não existirem vacinas para todos eles, são cerca de 200 tipos, a melhor forma de se prevenir a doença é a vacinação. No Brasil a vacina é gratuita na rede pública para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Está disponível também para clínicas particulares para qualquer idade, sob recomendação médica. Além disso, é recomendado o uso de preservativos em todas as relações e a redução do número de parceiros sexuais.
“Dados apontam que apenas 52% das meninas de 9 a 14 anos foram vacinados em 2018 no País. Entre os meninos, o cenário é ainda pior: somente 22% dos garotos de 11 a 14 receberam a imunização para papilomavírus.”, ressalta.
Em vários países do mundo o índice de vacinação é bem maior. Na Inglaterra, por exemplo, a cobertura vacinal é de 83,9% do público-alvo.
“A taxa de vacinação no Brasil vem caindo no País devido as fake news sobre a vacina e desinformação da população, que acabou acreditando que vacinar contra o HPV levaria as meninas a iniciarem a vida sexual mais precocemente. O que não é verdade.”
No Brasil, o câncer de colo de útero é o terceiro mais frequente entre mulheres, atrás do de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte entre elas, responsável por 16.370 casos novos em 2018 e 5.700 mortes, segundo estimativa no instituto Nacional do Câncer (INCA).
A OMS emitiu em 2018 uma chamada global para eliminar o câncer do colo do útero, considerado como um problema de saúde pública. “Um estudo matemático financiando pela Organização Mundial da Saúde – que tem por objetivos identificar as estratégias de vacinação e rastreamento do HPV, que podem levar à eliminação do câncer do colo do útero na maioria dos países de baixa e média renda no próximo século- , prevê que a vacinação( que protege a longo prazo) com cobertura acima de 90% contra o HPV, com ou sem triagem, reduziria a incidência de câncer do colo do útero padronizado por idade em mulheres em idade fértil (<45 anos) em mais de 85% antes de 2050, e evitaria mais de 74 milhões de novos casos de câncer do colo do útero (61 milhões com somente vacinação).”, revela Pilar.
O estudo foi publicado no The Lancet no dia 22 de fevereiro e tem como autores :Prof Marc Brisson, PhD, Professora Jane J Kim, PhD, Karen Canfell, DPhil, Mélanie Drolet, PhD, Guillaume Gingras, PhD,Emily A Burger, PhD.
Informações: Assessoria de Imprensa.