Aventuras Maternas

Os riscos e efeitos negativos do excesso de redes sociais na vida dos jovens

Novamente a notícia triste de um adolescente vítima de bullying virtual chocou a todos essa semana. A tragédia aconteceu com a família do Lucas, um jovem de 16 anos que decidiu tirar a própria vida depois de sofrer bullying na rede social.

Mas uma única situação de bullying é capaz de tanto? Segundo Adriana Drulla, mestre em Psicologia Positiva e pós graduada em Terapia Focada em Compaixão, provavelmente não. “Mas uma infância e adolescência pautados nas redes sociais de fato aumentam os fatores de risco. Aumentam o risco não só de suicídio, mas também de depressão, insegurança, baixa autoestima, distúrbios alimentares, automutilação”.

“Tragédias que são mais comuns entre pessoas que passam a sobrevalorizar a opinião do outro, a buscar likes e seguidores em vez de autenticidade. Autenticidade que as crianças da rede correm o risco de nunca conhecer porque, em vez de gastarem tempo com isso, estão ocupadas demais tentando agradar aqueles que os seguem. Ou então imitando aqueles que conseguem fama e seguidores. O uso de redes sociais reforça esse tipo de comportamento”, completa a especialista.

Twenge estuda dados sobre o comportamento de adolescentes americanos desde a década de 70. O uso de redes sociais é um dos principais motivos que a pesquisadora aponta para o fato de que triplicaram as internações por automutilação entre meninas de 10 a 14 anos no período de 2009 a 2015. A depressão aumentou em 60% na faixa etária de 12 a 19 anos entre 2009 e 2017. O ano de 2009 é quando estas estatísticas alcançaram um novo patamar de crescimento, e é também o ano em que os adolescentes e crianças começaram a usar, em massa, as redes sociais nos EUA.

Falando sobre os efeitos das redes sociais, Sean Parker, primeiro presidente do Facebook, desabafou “sabe Deus o que isso está causando nos cérebros das nossas crianças”. Na mídia, vemos executivos e fundadores das empresas de tecnologia dizendo publicamente que mantêm os filhos longe das redes. Eles conhecem os malefícios.

Desta vez, quem está pagando o pato são os nossos filhos, os filhos de quem ainda não sabe que redes sociais não são brincadeira de criança. “Na grama do vizinho é onde achamos que acontece tudo o que não será possível conosco. Tanto as coisas que idealizamos – a tal da grama mais verde- quanto o que achamos aversivo demais. Às vezes uma tragédia como essa do jovem Lucas precisa acontecer na grama do vizinho para nos assustarmos um tanto e repensarmos, ou considerarmos pela primeira vez, aquilo que pode acontecer conosco”, finaliza Adriana, listando abaixo cinco motivos científicos que explicam porque as redes sociais não são brincadeira de criança.

  • Redes tornam adolescentes mais influenciáveis.

Na comunicação off-line você precisa refletir sobre o que os outros estão pensando. Nas redes, isso não é necessário – o número de likes e seguidores deixa claro o que é desejável. Quando batem o olho em uma foto ou um perfil, os adolescentes já sabem o que devem fazer ou quem devem ser para serem populares. Acrescentamos isso o fato de que adolescentes ainda não tem um autoconceito e identidade formados e temos a receita certa para que eles se tornem mais influenciáveis e manipuláveis.

  • As redes provocam o vício

Sean Parker, o primeiro presidente do Facebook, declarou que a ferramenta foi desenhada para explorar a vulnerabilidade psicológica humana, já que em cada like ou interação positiva, nosso cérebro produz dopamina, um hormônio relacionado ao prazer que é altamente viciante. Todos nós podemos nos viciar nas redes sociais, mas as crianças e adolescentes são muito mais vulneráveis. Isso porque o cérebro deles ainda está em formação e, nesta fase, a aprovação social é naturalmente sobrevalorizada.  

  • Prejudica a autoimagem

Nas redes, o adolescente compara a vida e imagem que tem, com fragmentos das vidas de outras pessoas, propositalmente editados para impressionar. Quando os adolescentes criam uma imagem alterada por filtros e recebem a aprovação dos pares, eles se sentem motivados a repetir esse comportamento. O problema é que quando a imagem que eles apresentam nas redes não condiz com quem eles veem no espelho, fica mais difícil gostarem de quem são de fato. Por outro lado, se eles recebem comentários maldosos, eles aprendem que precisam ser ou pensar diferente.

  • Aumenta sentimentos de solidão

O tempo excessivo nas redes sociais reduz o tempo disponível para experiências reais. Cada vez mais as pessoas seguem outras que não conhecem, e de que não são próximas. Amizades virtuais podem gerar uma ilusão de companheirismo, mas o fato é que elas não envolvem o senso de compromisso que existe nas amizades reais e não satisfazem nossa necessidade de pertencimento. Além disso, acompanhar a vida dos amigos em tempo real também significa se deparar com fotos de programas para os quais o adolescente não foi convidado, ou momentos em que todos estão se divertindo, menos ele.

  • Aumenta o risco de bullying e exclusão, principalmente entre meninas

Pesquisas mostram que meninos tendem a exibir a agressividade fisicamente enquanto as meninas o fazem socialmente. Elas agridem as rivais procurando prejudicar seus relacionamentos, status e reputação, por exemplo usando as redes para se certificarem que as rivais saibam que foram excluídas, ou para fazer comentários maldosos, mesmo que anonimamente. Nos tempos em que estamos vivendo, a agressividade social vem aumentando entre meninas e meninos também, isso se agrava pela possibilidade de criar perfis falsos para praticar o bullying.

Informações: Assessoria de Imprensa.

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Priscila Correia

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