Uma gestação normalmente dura cerca de 40 semanas, contadas a partir do primeiro dia do último ciclo menstrual da mulher. Porém, para muitas mamães, a realidade é outra: o Brasil é o 10º país em números absolutos de partos prematuros, representando 11,8% do total de nascimentos, segundo dados das altas hospitalares codificadas na plataforma Valor Saúde Brasil by DGR Brasil. O que grande parte da população não sabe são os motivos que ocasionam tantos partos antecipados.
De acordo com a pediatra e neonatologista Ludmila de Freitas Ventura Simões, que atualmente é gerente médica da unidade Neonatal do Hospital e Maternidade São Cristóvão e Vice-Diretora Clínica do Grupo São Cristóvão Saúde e médica da PBSF (Protect Brains & Saving Futures), é considerado prematuro todo recém-nascido que, ao nascimento, esteja com idade gestacional inferior a 37 semanas e acima de 22 semanas (com peso de 500 gramas ou mais). Ela explica, porém, que existe uma diferença importante entre as idades gestacionais dos prematuros de acordo com o desenvolvimento do bebê:
• Limítrofe: idade gestacional de 36 semanas a 36 semanas e 6 dias;
• Moderado: idade gestacional de 32 semanas a 35 semanas e 6 dias;
• Muito prematuro: idade gestacional de 28 semanas a 31 semanas e 6 dias;
• Extremo: idade gestacional inferior a 28 semanas.
Um “prematuro limítrofe” não terá características similares a um “prematuro extremo”, pois há uma diferença de aproximadamente 10 semanas de idade gestacional entre eles. “É importante que os pais de bebês prematuros tenham um acompanhamento mais de perto e especializado, sempre lembrando que este bebê tem até seus dois anos de idade para atingir o desenvolvimento neuropsicomotor igual às demais crianças de dois anos”, incentiva Ludmila. “Não podemos esperar que bebês que nasceram prematuros e não terminaram seu desenvolvimento intrauterino se comportem igual a um bebê que nasceu a termo no mesmo dia. Para isso, utilizamos a idade corrigida para bebês prematuros e é através dela que devemos nos basear em seu desenvolvimento neuropsicomotor até os dois anos de idade”, complementa a especialista.
Segundo a especialista, dentre os fatores de risco mais comuns que levam a um parto antecipado, estão os relacionados à saúde da própria gestante, como infecções urinárias, infecção uterina, sangramento vaginal, diabetes, obesidade, anemia, hipertensão, podendo evoluir para uma pré-eclâmpsia, além de gravidez gemelar, ruptura prematura da bolsa amniótica ou descolamento da placenta. A ausência dos cuidados de pré-natal, além de hábitos como tabagismo, alcoolismo, uso de entorpecentes, estresse exacerbado, são outras das causas frequentes.
O Observatório da Prematuridade, lançado pela Associação Brasileira de Pais e Familiares de Bebês Prematuros, analisou dados do período de 1º de janeiro de 2019 a 30 de setembro de 2021 e revelou aproximadamente 300 mil partos ocorridos em regime de internação hospitalar, vinculados ao Sistema Único de Saúde – SUS e Saúde Suplementar. Em outro levantamento da ONG, feito com mais de 4 mil famílias, revelou que 51 dias é o tempo médio de permanência do bebê prematuro na UTI neonatal, após o seu nascimento.
De acordo com Ludmila Simões, nem todos os bebês que nascem antes do tempo precisam ser internados. “Já quando falamos de prematuros abaixo de 34 semanas de idade gestacional, provavelmente estes precisarão de internação, visto que essa idade é um marco dentro da prematuridade. Geralmente, bebês abaixo de 34 semanas não possuem controle adequado de temperatura corporal, do padrão respiratório e de alimentação via oral, o que impede que o bebê consiga ir para casa em sua grande maioria das vezes”, explica.
Para as mamães que desejam amamentar, a internação não é um fator impeditivo. “De acordo com a estabilidade clínica do recém-nascido, ele receberá aleitamento, que poderá ser via sonda, via oral ou seio materno. Em alguns casos, necessitará de jejum por um período ou receberá nutrição parenteral (dieta na veia)”, explica a médica.
Ao lidar com um bebê, a principal dica da especialista é manter os cuidados com higiene redobrados: “Sempre ao visitar seu bebê na UTI, é essencial o uso de roupas limpas e higienizar muito bem as mãos com água e sabão ao entrar na unidade e a cada manipulação do bebê. Caso esteja com algum sintoma de doenças, evite a visitação”. Após a alta médica, é importante manter essas medidas de cuidado, além da utilização de máscara em caso de sinais de doença. Evite cortinas, tapetes e bichinhos de pelúcia.
“A chegada do bebê prematuro no lar é um acontecimento muito desejado e esperado. É natural que amigos e parentes queiram conhecê-lo, porém deve-se evitar visitas e saídas desnecessárias de casa nos primeiros meses de vida, visto que eles não têm imunidade adequada para defesa de seu organismo”, salienta a gerente médica da unidade Neonatal do Hospital e Maternidade São Cristóvão.
Informações: Assessoria de Imprensa.