Os problemas decorrentes na alimentação infantil no Brasil apresentam dados preocupantes. No período de 2015 a 2021, os índices de desnutrição voltaram a crescer, principalmente na população em situação de vulnerabilidade social. Por outro lado, aumentou o percentual de crianças e adolescentes, entre 5 e 19 anos, com sobrepeso (14,5% para 17,6%) e obesidade (5,5% para 8,3%).
Essa condição pode ser explicada por dificuldades financeiras das famílias ou ainda, pela falta de acesso a uma educação alimentar saudável. Apesar da implementação do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, a situação de insegurança nutricional ainda não alcançou a meta proposta que era diminuir 20% de ambos os problemas, considerados de saúde pública.
As informações servem de reflexão para pais e mães que procuram proporcionar uma alimentação saudável para os filhos. Afinal, os produtos ultraprocessados e com açúcar interferem no paladar em formação, por causa da quantidade de açúcar e sal, e a praticidade de serem comercializados prontos para o consumo.
Conversamos com a docente dos cursos de gastronomia e alimentação saudável do Senac EAD, Roseli Candeo, para confirmar se é possível criar o hábito de uma dieta nutritiva desde a introdução alimentar. A especialista defende a proposta e destaca a importância dos pais ou responsáveis.
“É totalmente possível iniciar uma alimentação equilibrada, a partir da aprovação do pediatra que acompanha o desenvolvimento da criança. Como é a fase do reconhecimento dos sabores, é importante não os alterar, como por exemplo adicionando açúcar ou mel em frutas”, argumenta.
Outro ponto destacado pela educadora é sobre os pais que não têm uma alimentação saudável, mas querem que os filhos aprendam a comer vegetais, legumes e frutas. “Se os pais não consomem produtos naturais e minimamente processados, dificilmente a criança conseguirá manter a preferência”.
Vilões da boa alimentação
De acordo com o guia para alimentação saudável, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), até os dois anos de idade, a criança adquire o gosto por alimentos saudáveis que pode durar por toda a vida. Desse modo, ao introduzir frutas e vegetais, os genitores estão contribuindo para a saúde da criança.
Roseli lembra que o açúcar é viciante e dá um exemplo prático. “Se em uma mesa tivermos sucos naturais e refrigerante, é claro que a criança dará preferência ao produto com mais açúcar. Então cabe a família adotar uma dieta conjunta, evitando esses produtos”, pontua.
Uma dica importante para as famílias é checar o rótulo dos alimentos antes de comprá-los. Desse modo é possível ter conhecimento das substâncias existentes na formulação, como por exemplo, os aditivos alimentares. A título de esclarecimento são descritos como: aromas naturais, aromas artificiais, intensificadores de sabor, corante caramelo, emulsificante lecitina de soja, entre outros.
Como incentivar o consumo de bons alimentos?
De acordo com a docente do Senac EAD, a criança desde pequena tem fascínio pela elaboração de alimentos, então, uma forma de estimular é convidando para decoração de um prato, por exemplo. “Inicialmente é importante levar em conta a idade da criança e não correr risco com talheres ou alimentos quentes. Uma sugestão interessante é colocar os legumes da salada, cortados e higienizados, para que os pequenos criem decorações”.
Uma alternativa que pode ser muito prazerosa para as crianças é a participação na produção de biscoitos, já que elas têm a possibilidade de modelar a massa, ou ainda, ajudarem na decoração com confeitos e glacês. Apesar da bagunça, com certeza é um exercício de criatividade positivo.
Roseli destaca que a apresentação dos pratos com formatos semelhante a bichinhos ou carinhas é uma opção empregada na época da introdução alimentar. Contudo, é preciso dissociar aos poucos, para não infantilizar a comida. “Uma boa maneira de substituir essa etapa, é criar uma horta onde a criança plante e acompanhe o desenvolvimento do alimento. Esse recurso é utilizado em escolas e demonstra resultados positivos no desenvolvimento cognitivo”.
Lanches saudáveis para criançada
A docente do Senac EAD compartilhou sugestões de lanches nutritivos e que com certeza, agradarão paladares de todas as idades. Confira e experimente em casa.
1 — Uma boa opção de sanduiche pode ser elaborada com pão caseiro, ciabatta ou sírio, pois, são alimentos com pouca gordura, saudáveis e facilmente encontrados em padarias.
O recheio pode ser preparado com uma pasta à base de coalhada seca ou ricota, que pode ser temperada com tahine, mostarda, ervas frescas ou a de sua preferência. Inclua no sanduiche uma proteína saudável, mas evite embutidos, e opte por frango grelhado, carne assada ou um hambúrguer preparado em casa.
Para finalizar o lanche, coloque vegetais a seu gosto: tomates fatiados, pepinos e folhas como alface, espinafre e agrião.
A seguir duas receitas que podem contar com a participação das crianças na elaboração: cupcake e muffim.
Cupcake suíço de cenoura damasco e amêndoas
Ingredientes
200 g de açúcar
1 colher de sopa de casca de limão ralada
300 g de cenoura ralada
300 g de farinha de amêndoas
1 xicara de damascos picados
4 colheres de sopa de amido de milho
½ colher de chá de canela em pó
½ colher de chá de sal
½ colher de chá de cravo em pó
130 g de farinha de trigo
Cobertura:
200 g de chocolate ao leite
100 g de creme de leite
Massa:
Leve à batedeira os ovos, o açúcar, a raspa de limão e bata até emulsionar. Retire da batedeira e acrescente os outros ingredientes misturando delicadamente. Coloque em forminhas de cupcake e leve ao forno pré-aquecido por cerca de 10 ou 15 minutos. Retire do forno, desenforme e deixe esfriar
Cobertura:
Derreta o chocolate, adicione o creme de leite e mexa vigorosamente para incorporar. Derrame imediatamente sobre os cupcake frios.
Muffins de abobrinhas
Massa:
240 ml iogurte natural
260 g de farinha de trigo
4 ovos
60 ml de azeite de oliva
Sal e pimenta a gosto
10 g de fermento químico
Recheio:
150 g de ricota
2 abobrinhas italianas grandes
1 cebola picada
45 ml de hortelã picada
45 ml de azeite de oliva
50 g de queijo parmesão ralado
Recheio:
Rale a abobrinha, coloque bastante sal e reserve por meia hora. Esmigalhe a ricota, tempere com a cebola, a hortelã e o azeite. Lave bem para tirar o excesso de sal e esprema a abobrinha, misturando a ricota. Em seguida, faça bolinhas com mais ou menos 3 cm de diâmetro
Massa:
Bata as claras em neve, acrescente as gemas uma a uma batendo sempre. Retire da batedeira, adicione a farinha de trigo delicadamente, o fermento e por último, o azeite e o iogurte, mexendo delicadamente. Coloque a massa na forma de cupcake e com cuidado coloque sobre ela uma bolinha de recheio. Leve ao forno por 15 minutos aproximadamente. Retire do forno polvilhe por cima o queijo parmesão e volte ao forno para gratinar.
Informações: Assessoria de Imprensa.