Aventuras Maternas

Marcos da fala

Você sabia que a comunicação e a linguagem iniciam-se desde o momento em que o bebê nasce? Existem alguns marcos que evidenciam que essa evolução está indo bem. 

O aparecimento tardio ou lento da fala e da linguagem oral pode ocorrer por uma série de fatores: problemas auditivos (atenção às infecções recorrentes de ouvido), falta de estímulos adequado (cuidado com muita exposição à tv/celular),  prematuridade, pode ser o primeiro sinal de transtornos mais globais no desenvolvimento como a Deficiência Intelectual ou Autismo. Pode ser ainda, a manifestação de alguma alteração genética (síndrome) ou ainda ser uma sequela de alguma intercorrência neurológica (trauma craniano, anóxia, acidente vascular, tumor).

São crianças, em geral, inteligentes, espertas, que demonstram vontade em se comunicar, com resultados de exames normais, mas que não conseguem desenvolver a fala e a linguagem oral conforme o esperado. Nestes casos, pode ser um Distúrbio Específico de Linguagem (Specific Language Impairment – SLI), que atualmente tem sido denominado de TDL – Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem. Esta alteração, quando bem diagnosticada é mais comum do que se imagina – dados revelam que em uma sala de aula com 30 crianças, 02 terão TDL. 

Um outro tipo de alteração que também não é corretamente diagnosticada no Brasil, é um transtorno motor da fala, conhecido como Apraxia de Fala na Infância. Embora a literatura sobre este tema não seja recente, no Brasil é ainda um diagnóstico pouco reconhecido. Com a fundação da ABRAPRAXIA – Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância, criada em 2016 por pais de crianças com este diagnóstico, esta realidade está mudando. 

Por isso, os marcos de desenvolvimento são tão importantes e servem para guiar médicos e pais durante o crescimento e evolução da criança. Eles são importantes para entender a fase que a criança está passando e quais são os objetivos que ela deve alcançar em cada faixa etária.

“Um aspecto importante é que crianças com dificuldades na linguagem oral, poderão também apresentar dificuldades com a alfabetização e aprendizagem. É muito frequente encontrar crianças nestas condições e que não foram devidamente diagnosticadas ou que não estão sendo efetivamente tratadas. Muitos pais são orientados a “aguardar pela fala” ou então, “para não se preocuparem que com o tempo a criança fala, o que é um erro”, afirma a especialista Dra. Elisabete Giusti, que atua nesta área há 21 anos. 

MARCOS DA FALA

Fase Pré-linguística (antes das primeiras palavras)

Recém-nascido/1 mês: choro como reação biológica à dor e à fome. As vocalizações são esporádicas, reflexas. Acorda, assusta-se com sons intensos. Acalma-se com a voz da mãe.

2/3 meses: choro passa a ser diferenciado (choro de fome é diferente do choro de dor). Vocalizações apresentam variação quanto à altura e duração. Reage à fala humana: sorri, olha, vocaliza. Apresenta atenção ao som.

6 meses em diante: rápido aumento na quantidade de combinações de vogais e consoantes. “Jogos vocais” e “auto-balbucio”: o bebê parece brincar com os sons que emite. Balbucio diferenciado, com repetição de diferentes sílabas (padada/mamada). O balbucio é uma parte importante para a preparação para a linguagem falada. Nesta fase os bebês estão “experimentando” todos os tipos de sons.

9/10 meses: O repertório de sons dos bebês passa a ser aqueles da língua falada em casa. Nesta fase também começam a usar gestos (apontar) para o que desejam (combinação de sons e gestos). Repete sons emitidos pelos outros. Atende a imperativos rotineiros acompanhados de gestos (“joga beijo”, “dá tchau”).

Fase Linguística (aparecimento das primeiras palavras)

12 meses/1 ano: Aparecem as primeiras palavras (“papá”; “mamã” “da”, “qué”). Apresenta intenção comunicativa, mesmo com limitada estrutura linguística. Produz onomatopeias (auau, miau, bibi). Demonstra-se atento para as situações de comunicação. 

Entre 12 /18 meses: Há um aumento rápido da compreensão e da expressão. A partir de 18 meses começam a combinar duas palavras (“mã au-au”: como se a criança dissesse “mamãe olha o cachorro” ou “may leti” : dá mais leite). Compreende ordens simples rotineiras e situacionais com duas ações.

2 anos: Aparecem as primeiras frases, com 2 a 3 palavras. A gramática começa a se desenvolver. Identifica as partes do corpo. Nomeia figuras. Compreende ordens situacionais. Com 2 anos e meio produzem frases com 3 a 4 palavras, com desvios de flexionamento nominal e verbal. Por exemplo: “esse meu bola” ou “eu comeu tudo bolacha”. No final do segundo ano, ocorre a chamada explosão do vocabulário (aquisição de novas palavras). Com 2 anos, o vocabulário de uma criança é de aproximadamente 200 palavras. 

3 anos: Consegue repetir  partes de uma história que lhe foi contada, produz frases com 4 a 5 palavras, com períodos de coordenados (“essa boneca chóia e fazi xixi” ). Inicia, mantém uma conversação, mas não por muitos turnos, pode se dispersar.

Canta canções/músicas infantis. Também nessa idade é a fase dos “por quês ?”. Aprende a falar “eu”.

4 anos: Elabora frases com 5 a 6 palavras; faz perguntas “quem?/ por que?”; fala de situações imaginárias. Narra uma história conhecida sem ajuda do outro. Reconhece cores, formas geométricas.

5 anos: Define objetos, conhece relações espaciais, conta histórias, usa corretamente os principais tempos verbais (passado, presente e futuro), pede informações, utiliza orações com períodos simples e compostos. Léxico: mais de 6000 palavras.

6 anos: Possui uma articulação correta da maioria dos sons da fala. Relata fatos com frases gramaticalmente estruturadas. Narra com detalhes histórias conhecidas, inventa propositalmente histórias com coerência entre os fatos. Léxico acima de 10.000 palavras. Consegue manter uma “conversa” com o adulto. Reconhece letras, escreve palavras simples.

Informações: Assessoria de Imprensa.

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Priscila Correia

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