O leite materno vai muito além de fornecer nutrientes. Ele contém elementos que participam ativamente da imunidade do bebê, como anticorpos maternos (chamados IgA secretora), células de defesa maternas (macrófagos, linfócitos), substâncias que inibem a proliferação de bactérias, como a lactoferrina, e várias substâncias que colaboram com a organização da resposta imunológica na criança.
Junto com o leite materno estão as vacinas, fundamentais para a consolidação de uma imunidade forte contra os agentes causadores de doenças graves mais comuns. “As vacinas têm a capacidade de antecipar um estímulo imunológico, permitindo que o corpo organize e treine seu exército para o momento da batalha real. Funciona como um simulador, que otimiza a performance de quem é treinado”, explica Germana Pimentel Stefani, especialista da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
A especialista comenta que além do leite materno e as vacinas, a manutenção de bons hábitos de higiene (saneamento básico, uso de água filtrada, sem exageros como esterilização excessiva) e o contato com a natureza também estimulam a imunidade natural. O contato com animais no primeiro ano de vida, especialmente cachorros, também é considerado fator de proteção.
“A suplementação de vitamina D, que é indicada para todos os lactentes, é outro fator importante, já que essa vitamina atua como cofator em vários mecanismos imunoalérgicos”, conta Germana.
Introdução alimentar – A partir dos seis meses, a criança começa a introdução alimentar e quanto mais variada a alimentação, maior a diversidade de microbiota (a flora intestinal) no organismo, e isso está diretamente relacionado a melhor saúde. “Além disso, destaca-se o melhor funcionamento intestinal (constipação e diarreia são patológicas), maior integração sensorial, já comer vai muito além do paladar e envolve a visão, o olfato, a percepção de diversas texturas, cores, sabores e cheiros”, explica a médica da ASBAI.
Germana detalha ainda que a introdução alimentar diversificada a partir dos seis meses estimula mecanismos imunológicos de tolerância oral e fornece micronutrientes fundamentais ao bom funcionamento de várias células imunes, como ferro, zinco, vitamina D. “Já a introdução alimentar muito monótona, sem variedade de alimentos, resulta em uma flora intestinal menos diversa e a maior risco de desenvolvimento de doenças. A alimentação rica em ultraprocessados, por sua vez, favorece a liberação de mediadores pró inflamatórios que são nocivos ao organismo a curto e longo prazo”.
Probióticos – Crianças podem fazer uso de probióticos, tanto para tratamento quanto para prevenção. Os probióticos “conversam” com o sistema imunológico, ora estimulando, ora inibindo reações celulares associadas à imunidade. Essa conversa resulta na liberação de substâncias denominadas citocinas, que transitam pelo corpo todo, e, portanto, os efeitos dos probióticos e da microbiota não se restringem ao intestino.
Germana conta que existem inúmeros estudos abordando o uso de diversas cepas para diferentes finalidades. “Um uso bastante comum é para tratamento da diarreia associada ao uso de antibiótico, ou para outras doenças funcionais do trato digestivo. Alguns estudos demonstram efeito positivo na prevenção de cólicas nos bebês, outros observam aceleração no mecanismo de aquisição de tolerância de crianças com alergia alimentar. Para aquelas com quadros intestinais associados a disbiose (quando há um desequilíbrio na flora intestinal levando a diversos sintomas), a reposição de probióticos faz-se necessária. É importante ressaltar que há inúmeras cepas de probióticos, e que o benefício verificado em estudos para uma cepa e concentração não pode ser extrapolado para outras cepas. Muito tem-se avançado nos últimos anos acerca do uso de probióticos como ferramenta tanto de tratamento quanto de prevenção, para inúmeras doenças e públicos (de bebês a idosos)”, finaliza.
Informações: Assessoria de Imprensa.