A lição de casa é uma das principais ferramentas utilizadas pelas escolas para estender o tempo de estudo dos alunos, no entanto, essa técnica tão tradicionalmente utilizada tem gerado controvérsia e algumas escolas acabaram com o seu uso.
Uma das principais razões por trás dessa mudança é a preocupação com a qualidade das relações familiares dos estudantes, além disso, os defensores da abolição da lição de casa argumentam que os alunos podem adquirir conhecimento e habilidades de outras maneiras, como por meio de projetos, discussões em sala de aula, leitura independente e experiências práticas.
Apesar de ser um tópico controverso, cada vez mais escolas têm recorrido a outras estratégias. Em um estudo realizado em 2017 no distrito de South Burlington, nos Estados Unidos, a escola primária Orchard Elementary não utilizou tarefas de casa durante cinco meses e notou-se um aumento na leitura dos alunos. No lugar das tarefas, utilizou-se leitura e brincadeiras, iniciativa que recebeu apoio de 80% dos pais dos alunos.
De acordo com o diretor executivo da Teia Multicultural, escola humanista e inovadora, e da Asas Educação, Lucas Briquez, as tradicionais lições de casa prejudicam o relacionamento dos estudantes com sua família.
“A princípio a lição de casa seria uma oportunidade do estudante que não terminou alguma atividade no período de aula poder terminá-la posteriormente, mas com o decorrer do tempo, foi se tornando quase que um novo turno de estudo na vida dos estudantes. Eu sou contra as lições de casa da forma como são aplicadas hoje, o que deveria ser pontual tornou-se uma extensão do turno escolar, crianças que poderiam aprender brincando acabam passando longos períodos decorando e realizando atividades que deveriam ter sido feitas na escola”.
“Na pandemia pudemos perceber o quanto delegar aos pais a tarefa de auxiliar as crianças no desenvolvimento de saberes nas áreas de conhecimento acaba tornando-se traumático, para ser professor é preciso estudar por muitos anos e na maioria das vezes os familiares não têm as habilidades necessárias para lecionar.”
“Se o estudante não finalizar suas atividades no seu período de aula e precisar levá-la para responder em casa, não há problemas em utilizar esta ferramenta, enquanto caso ele possua uma dificuldade em determinada área indica-se um reforço dentro do período escolar, se ela persistir o encaminhamento correto é que os pais contratem um professor particular para fora do período de aula”.
“Hoje percebemos uma valorização da educação integral, desenvolvimento físico, motor e habilidades socioemocionais, o próprio prazer em brincar e construir vínculos com a família proporciona esse tipo de desenvolvimento, porém, acaba sendo substituído com uma carga absurda de lições de casa que não têm uma utilidade real”, afirma Lucas Briquez.
Ainda segundo Georgya Corrêa, Diretora pedagógica da Teia Multicultural e Asas Educação, o tempo da relação entre pais e filhos foi reduzido e ocupá-lo com tarefas de casa de forma excessiva não é a melhor estratégia.
“A relação entre pais e filhos é de suma importância para o desenvolvimento da criança, como este tempo tem sido cada vez mais reduzido por questões da própria sociedade, é importante que ele seja aproveitado ao máximo, por isso, na Teia Multicultural, sempre buscamos integrar as atividades necessárias na carga horária da escola, utilizando de tarefas fora do ambiente escolar apenas ocasionalmente”.
Informações: Assessoria de Imprensa.