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Transtorno do espectro do autismo: estigmas, sinais e quando procurar ajuda

O transtorno do espectro do autismo (TEA) é uma condição de desenvolvimento neurológico que apresenta dificuldades de comunicação e interação social. Uma atitude muito frequente em pessoas que apresentam essa condição são comportamentos ou interesses repetitivos e restritos.

A gravidade e a apresentação em cada indivíduo é variável e o transtorno não tem cura, no entanto o diagnóstico e a intervenção precoces podem amenizar sintomas e ampliar a qualidade de vida. O estigma em cima dessa doença ainda é um dos desafios de quem convive de perto com o problema e a escassez de tratamentos e de profissionais é algo que segue sendo frequente.

Especialista no assunto, a psicóloga Patrícia Lorena trabalha diretamente com crianças nessas condições, e explicou que existem vários tipos de autismo e que os sinais podem variar. Até os 2 anos, as crianças possuem todos os marcos do desenvolvimento socioemocional. A partir dessa idade, algumas começam a ter uma regressão do seu desenvolvimento.

A psicóloga indica a busca de um psiquiatra, que solicitará exames para descartar hipóteses orgânicas. Esse profissional é o que estuda o desenvolvimento humano infantil a partir da construção cognitiva da criança. Já o psicólogo com experiência em infância e autismo poderá fazer uma avaliação psicológica do desenvolvimento infantil, comparando aquilo que a criança deveria fazer em determinada idade e o que ela, de fato, faz.

Com a ampliação da conscientização do transtorno do espectro autista divulgado pelas mídias, os pais podem ficar em dúvidas em relação ao momento certo de procurar esses profissionais. Por isso, Patricia citou os principais sinais que as crianças, desde cedo, manifestam:

Aos 9 meses, as crianças passam por um marco social, sendo assim, o bebê é capaz de seguir aquilo que você aponta e entender por quê você aponta. Portanto, um dos primeiros sinais é a dificuldade em iniciar a atenção compartilhada. Outro fator nesse mesmo período é a imitação. Um bebê aos 9 meses imita sistematicamente, seja repetindo sons ou gestos, quando a criança não faz isso, passa a ser um sinal de atenção aos pais.

De 1 ano a 1 ano e 6 meses, as crianças procuram objetos escondidos, já o bebê que apresenta sintomas do espectro autista apresenta essa dificuldade, desviando o foco para não procurar.

Até os 2 anos esses são os sinais, no entanto, o principal é o atraso de fala. Sendo assim, nessa fase é imprescindível procurar um profissional, pois é o período onde deve haver desenvolvimento da linguagem e da comunicação funcional.

A forma com que a criança brinca também é um fator importante de prestar atenção. As crianças com autismo tendem a fazer brincadeiras repetitivas, estereotipadas e não funcionais, explorando apenas parte dos brinquedos, pois elas não possuem competência imaginativa. Outros sinais a partir dos 2 anos são: não atender quando chamada pelo nome, andar na ponta dos pés, começar a enfileirar objetos, apresentar indícios de desintegração sensorial e tapar os ouvidos diante de alguns barulhos.

Aos 19 anos, Patricia ingressou na Universidade Presbiteriana Mackenzie para estudar Psicologia, período em que pensava até em trabalhar com adultos na área da psicanálise. No entanto, outra causa a escolheu; aos 35 anos, quando sua filha nasceu, foi diagnosticada com autismo em uma época em que as informações sobre a doença não existiam como hoje. Desde os primeiros meses, a mãe já havia percebido alguns sinais, e logo começou a difícil jornada atrás do diagnóstico. Somente por volta dos 5 anos Patrícia conseguiu a certeza de saber o que era.

Patrícia trabalha junto a sua colega Rosângela Batista na Clínica Mundo Neuropsi, que fica na cidade de São Paulo, próximo à Parada Inglesa, um sonho dividido por ambas as amigas que visa atender crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. “Essas crianças são as melhores pessoas que eu já conheci aos meus 51 anos”. Patrícia comentou que se sente muito privilegiada em trabalhar com os autistas, justamente por serem pessoas “sem maldade”. O que lhe empolga e faz seguir seu trabalho com muita felicidade é ver uma criança evoluindo, e junto a isso, os seus pais orgulhosos em acompanharem cada passo.

Informações: Assessoria de Imprensa.

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Priscila Correia

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