Um novo estudo, publicado na revista científica internacional Cuestiones de Fisioterapia, com relevante fator de impacto (Q), propõe um novo conceito para compreender os desafios enfrentados por indivíduos com altas habilidades: a “Superdotação Descompensada”. A pesquisa, liderada pelo neurocientista Fabiano de Abreu Agrela e conduzida por uma equipe multidisciplinar membros do Gifted debate, projeto do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito com mais de 500 superdotados, caracteriza um perfil cognitivo e comportamental marcado por uma série de sintomas que podem comprometer o bem-estar e o equilíbrio funcional, apesar da alta capacidade intelectual.
O artigo identifica e analisa 12 sintomas específicos que definem este perfil, indo além da visão tradicional de que a superdotação leva apenas a um alto desempenho. A pesquisa mostra que a mesma base neurobiológica que confere vantagens cognitivas também pode gerar vulnerabilidades.
Entre os 12 sintomas da Superdotação Descompensada, destacam-se:
- A busca incessante por novos estímulos e conquistas, que muitas vezes resulta em sobrecarga mental.
- Ruminação sobre assuntos pendentes e uma ansiedade subjetiva ligada ao excesso de pensamentos.
- Alta capacidade de decisão que contrasta com a fadiga emocional e o esgotamento.
- Intensas oscilações emocionais e frustrações, especialmente quando os resultados não atingem o ideal perfeccionista.
- Sensibilidade exacerbada a críticas e feedbacks externos.
- Desconforto com normas sociais rígidas e uma percepção aguçada do tempo e da eficiência.
Fabiano, Pós-PhD em Neurociências e líder da pesquisa, explica que o objetivo é dar nome e estrutura a uma condição real. “A superdotação descompensada não é uma falha, mas um perfil neurobiológico que integra altas habilidades com vulnerabilidades emocionais. Propusemos 12 sintomas e um critério exploratório, inspirado no DSM-5, para ajudar a identificar esses indivíduos. O reconhecimento deste perfil é o primeiro passo para desenvolver intervenções personalizadas que promovam o equilíbrio entre a alta performance cognitiva e o bem-estar emocional, algo que é frequentemente negligenciado”, detalha.
A pesquisa aprofunda-se nas bases genéticas e neurológicas destes sintomas, associando-os à hiperatividade do sistema límbico e do córtex pré-frontal, e à influência de genes como o COMT (ligado à regulação da dopamina, foco e esgotamento) e o BDNF (associado à plasticidade cerebral e ao perfeccionismo).
Inspirado em manuais diagnósticos, o estudo sugere um critério exploratório para identificar a superdotação descompensada: a presença de pelo menos 5 ou 6 dos 12 sintomas listados. Esta proposta visa guiar futuras pesquisas empíricas e o desenvolvimento de intervenções clínicas mais adequadas para promover o equilíbrio funcional e emocional em indivíduos superdotados.
O artigo “Giftedness: An Analysis of Symptoms and Their Genetic and Neurological Bases” pode ser consultado na revista Cuestiones de Fisioterapia.
Informações: Assessoria de Imprensa.