Opinião a respeito do que deve ou não ser feito durante a gravidez e a amamentação é pessoal e intransferível. Afinal, o que pode ser certo e bom para mim, pode ser super errado para outra mulher e vice-versa. Até mesmo obstetras divergem e muito de opinião, quando se trata da ingestão de alimentos, como frutos do mar e cafeína. A discussão para entender melhor e saber cientificamente o que é melhor é sempre bem-vinda. Já impor verdades particulares está fora de cogitação.
Mas, grávidas adoram perguntar opinião de quem já é mãe. E nas últimas semanas duas amigas grávidas têm me questionado algumas perguntas, que se transformam em pauta para o Aventuras automaticamente para ajudá-las a ter uma resposta mais assertiva possível e possamos ajudar assim mães que não conhecemos também.
Continuando a conversa sobre alimentação restrita na gravidez, após dizer esse mantra com o qual comecei meu texto, sempre concluo a questão dizendo que se pensarmos no período da gestação e da amamentação, contando com o tempo mínimo indicado para o aleitamento, são apenas 15 meses das nossas vidas com pequenas restrições de sabor diante de enormes benefícios que englobam desde ouvir as primeiras batidas do coração do bebê no ultrassom, até imensas e reconfortantes trocas de olhares a cada mamada. Então, sempre senti que valeu muito a pena tirar da minha alimentação: cafeína, frutos do mar e bebidas alcoólicas (estas últimas já não faziam mesmo parte dos meus hábitos, excetuando uma taça de espumante ou de vinho raramente em festas especiais).
E vale ressaltar também, que embora obstetras divirjam quando o assunto é cafeína e alguns itens do cardápio sólido, todos concordam que álcool é carta fora do baralho especialmente na gravidez, mantendo cuidados especiais durante o aleitamento.
Segundo a Ginecologista e Obstetra Dra. Erica Mantelli (CRM-SP: 124.315), pós–graduada em Sexologia pela Universidade de São Paulo (USP), é importante que a mulher mantenha os mesmos hábitos saudáveis da gestação durante a amamentação. “O nível de álcool no sangue e no leite permanecem alterados entre duas a 12 horas após a ingestão de bebida. O tempo da metabolização irá depender da quantidade ingerida e do organismo de cada mãe”, afirma.
Para se ter uma ideia, consumir uma lata de cerveja ou taça de vinho demora até duas horas para ser eliminada do organismo. “Bebidas destiladas, vinho e doses exageradas de cerveja levam mais tempo para sair do sangue e do leite, podendo ficar até seis horas no corpo”, ressalta a ginecologista.
Pesquisas recentes publicadas nos Estados Unidos apontam que o álcool interfere nos hormônios prolactina e ocitocina – responsáveis pela produção e pela ejeção do leite. “Se a ingestão do álcool for apenas uma dose, a mulher pode amamentar após duas horas. No caso de uma dose mais forte de álcool, a recomendação é pular a mamada, pois o leite pode conter álcool”, alerta a Dra. Erica.
Além disso, o leite com álcool faz a criança dormir demais e também faz o bebê sugar menos o peito e a produção de leite tende a diminuir.
A importância do leite materno
A amamentação nos primeiros seis meses de vida é fundamental para deixar o bebê mais resistente a infecções, alergias, doenças e outros tipos de complicações. “O leite ajuda a fortalecer a imunidade dos bebês devido às células de defesa anti-infecciosas presentes e que servem para proteger o organismo da criança”, diz a médica.
A amamentação promove ainda diversos benefícios como aproximar a mãe do bebê, melhorar o intestino da criança, diminuir o risco de alergias, evitar cólicas no recém-nascido, combater à anemia e ajudar no desenvolvimento cognitivo. Por isso, é importante nenhuma mãe deixar de amamentar a criança para prevenir doenças futuras e garantir a saúde.
Beba com cautela
Segundo a ginecologista, as mães não estão proibidas de ingerir bebidas alcoólicas, o que não devem é amamentar em seguida à ingestão. Abaixo, ela sugere alguns cuidados básicos:
- Se você vai beber, a dica é tirar o leite e deixá-lo congelado;
-O ideal é amamentar antes de ingerir bebidas alcoólicas;
-Volte a amamentar após seis horas depois de consumir o álcool;
-Evite amamentar o bebê após beber, pois o leite pode conter álcool;