No próximo domingo, acontece uma das datas mais importantes do ano: o Dia das Mães. Sim, é o dia de mimar e ser mimada, de abraçar e ser abraçada, de beijar e ser beijada. E também é dia de lembrar, para aquelas que não têm mais seus pequenos por aqui, mas que viveram – e continuam vivendo – a experiência linda da maternidade de outros tempos.
Por isso, o Aventuras Maternas selecionou histórias emocionantes de mulheres que fizeram de tudo para conseguir realizar o sonho de ser mãe. Pegue o lencinho, e prepare-se.
E Feliz Dia das Mães para todas nós.
Beatriz Carvalho, 38 anos, mãe de Alice, Tomás e Dante, de quatro e dois anos – Dante está programado para chegar no próximo dia 26 de maio.
“Casei em agosto de 2008 e em dezembro estava grávida. Mas perdi o bebê aos 3 meses de gestação. Fiquei muito abalada, pois era um sonho ser mãe e foi muito difícil digerir essa perda. Após esse aborto espontâneo, tentei por incansáveis quatro anos engravidar novamente com a ajuda de tratamentos hormonais, injeções, idas à Perinatal todos os meses para controlar ovulação. Mas mesmo com todos os tratamentos não conseguia mais nem ovular. Fiz inúmeros exames que só constatavam ovário policístico, mas nada que não fosse tratável com as medicações que já administrava nesse período. Meu marido também fez exames e tudo normal. É inegável que essas injeções de hormônios super caros todo mês abalam um relacionamento que não é sólido. Colocam à prova o companheirismo, o respeito, o amor do casal, pois alteram a mulher emocionalmente, causam um rombo em sua conta bancária, além de programar hora e data para uma relação sexual cercada de ansiedade. Foi um período difícil, mas que somente enfrentamos juntos por conta da fé em Deus. Quando finalmente decidimos partir para a fertilização, mais por minha vontade do que de meu marido que é médico, embarcamos para uma viagem. Em Paris, minha mãe me aconselhou a ir à Igreja da Medalha Milagrosa, onde Nossa Senhora apareceu para a Santa Catarina Labourié, pedindo que ela cunhasse uma medalha e a distribuísse pelo mundo. Quem a recebesse seria digno de muitas bençãos e graças. Uma igrejinha escondida dentro de muros, onde só quem acha é quem realmente a estava procurando. Na lojinha da igreja, comprei muitas medalhas para trazer para minha mãe e uma freira francesa perguntou qual era a minha nacionalidade. Ao dizer que era brasileira, me indicou para falar com a freira Maria José, única brasileira que estava servindo a ordem vicentina lá no momento. Chegamos na Maria José e perguntei a ela onde poderia encontrar a cadeira da aparição de Nossa Senhora. Ela nos indicou o caminho, mas assim que estávamos indo, pegou minha mão e de meu marido e perguntou o por quê de estarmos ali. Eu disse que queríamos muito engravidar. A resposta da freira veio como um sopro de esperança no nosso coração: Pede à mãe que o Filho atende! Nesse momento não tive dúvidas em responder: vou trazer meu filho aqui para agradecer. E fomos até a cadeira, chorei, rezei, pedi e seguimos nossa viagem. Voltamos e logo um mês depois fomos à consulta em uma clínica de fertilização para iniciar o processo. Mas logo nos primeiros exames já me descobri grávida. Alice nasceu super bem em 17 de setembro de 2012. Quando ela fez um ano, lá fomos nós novamente em busca da igrejinha escondida na Rue du Bac. Chegando lá, descobrimos que a freira Maria José já não se encontrava mais em Paris, porém, contamos nossa história as outras freiras de diferentes nacionalidades, que se reuniram em festa ao nosso redor, abraçando a Alice e a chamando de milagre. Já dentro da igreja, ao agradecer, falei novamente com Nossa Senhora o quão grata estava por essa benção incrível. Sabendo que não era digna de nada, mas que se fossemos abençoados novamente nós continuariamos fazendo jus às graças recebidas! Brinco que de tanto pedir durante tantos anos ela já não me aguentava mais e resolveu não me deixar mais suplicar. Chegando no Brasil, me vi mais uma vez grávida, agora de um menino lindo chamado Tomás, que tb nasceu em setembro, dia 26, em 2014. Ambos sabem das suas histórias e do quanto foram queridos e desejados. Tatuei a medalha milagrosa em francês no braço. Testemunho nossa história para todos, os que acreditam ou não. Mas essa é a nossa história. Meu conselho à quem deseja engravidar é nunca fraquejar na fé e buscar os recursos médicos possíveis para realizar esse sonho. E se mesmo assim não for fisicamente possível, Deus proverá um filho gerado no coração, pq para Ele nada é impossível. Inclusive para quem tomava anticoncepcional sem intervalo e tem histórico de infertilidade, mas que quando leva os dois filhos na famosa igrejinha para agradecer, volta e ainda assim engravida do terceiro. Já falei que agora viagens a Paris são proibidas”.
Regina Rodrigues, 45 anos, mãe de Alice, de três anos.
“Sempre sonhei em ser mãe, mas tinha em mente que seria algo “mais tarde”. Eu casei com 31 anos e, com dois anos de casada, meu marido foi demitido da Varig (cia. Aérea), o que acabou nos colocando numa delicada situação financeira, e fez os planos da gravidez serem (ainda mais) adiados. Mas nunca pensei em desistir. Para mim, era apenas um tempo a mais para ser mãe. Mal sabia eu o que viria pela frente. Quando eu cheguei aos 38 anos, vi que não dava mais para adiar e meu ginecologista foi categórico: não espere mais! E tinha um outro agravante: meu marido é nove anos mais velho do que eu, o que também impactava na fertilização. Foram 2 anos e 2 meses de tentativas, expectativa e angustia. Eu não tinha nenhum problema “aparente”, fora a idade. Meu marido já tinha uma filha do primeiro casamento, então, havia algo de errado comigo. Depois de vários exames, a histerossalpingografia (um exame beeeemmmmm chato) mostrou que eu tinha uma trompa totalmente obstruída, sem reverso. Foi um ano e meio de tratamento com geneticista. Muito dinheiro gasto e muitas lágrimas derramadas. Tudo é muito difícil quando vc está neste processo, ainda mais quando vc tem amigas ao redor engravidando “de primeira”. Vc se sente “no fim da fila de Deus”. Há dois pontos neste processo de engravidar que uma mulher precisa ter bem definidos: “você quer ficar grávida e ser mãe?” ou “você quer ser mãe?” Eu queria o primeiro! Queria passar pela experiência da gravidez. Eu e meu marido até fomos em orfanatos e juizados entender o processo de adoção. Mas não demos sequência. A adoção é um ato maravilhoso, lindo e acho de uma luz infinita as pessoas que optam por ela. Eu queria viver a gravidez. E consegui! O que posso dizer às mulheres que têm esse sonho é não desistir. Coragem, porque não é fácil, mas é muito, muito recompensador. A maternidade ainda é muito mistificada e não é igual para todas as mulheres. E nenhuma deve se achar “menos” por não conseguir engravidar. É uma das experiências mais maravilhosas que eu tive na vida até o momento e vale a pena tentar se este é o seu sonho. Não é fácil, nem o período de “tentar engravidar” e nem o depois com tudo que envolve criar um filho. Mas, quer saber? Não troco isso por nada”.
Flavia Camargo, 34 anos, mãe de Igor, anjo há dois anos.
“Estava com 31 quando engravidei do Igor. A decisão de engravidar ocorreu em 2012, dois anos antes da gestação. Quando eu e meu marido decidimos que queríamos receber uma vida para amar e educar, combinamos que passaríamos dois anos nos preparando psicologicamente para isso. Durante esse período estudamos bastante, até que na hora certa o sinal interno de que estávamos prontos apareceu e paramos de evitar a concepção. O Igor foi concebido na primeira tentativa, em 2014. A gravidez foi perfeita durante 33 semanas. Todos os exames dentro do normal, com bons resultados, pressão sempre baixa, e eu também nunca senti nenhum sintoma de qualquer problema. Na metade da 34ª semana, notei que o Igor tinha parado de se mexer e fui orientada pela médica a me dirigir ao hospital para fazer uma ultrassonografia de emergência. O que aconteceu a partir de então foi algo surpreendente. Entrei na maternidade com a pressão 13×8 e aguardei cerca de 40 minutos pelo atendimento. Enquanto esperava ser chamada, comecei a sentir uma dor muito forte no abdômen e falta de ar. Quando fui atendida, minha pressão tinha subido para 24×17. Ninguém poderia imaginar que aquilo fosse acontecer tão rápido. Logo me internaram, deram-me medicação para controlar a pressão e verificaram que o bebê estava em sofrimento. Assim, dentro de quatro horas fui levada para a cesariana. O Igor nasceu com morte aparente, pois não respirava nem tinha batimentos, mas o pediatra conseguiu reanimá-lo. Por ser prematuro e ter sofrido restrição dentro do útero, ele só resistiu por mais quatro dias depois do parto e acabou falecendo de sepse bacteriana. Na hora da cirurgia, foi encontrada uma hemorragia no meu fígado, por onde perdi dois litros de sangue (equivalente a 50% do volume total do corpo) e então os médicos descobriram que eu tinha sido vítima da “Síndrome Hellp”, uma complicação obstétrica rara que, no meu caso, não deu nenhum sinal prévio e também não foi identificada a causa. Fiquei uma semana na UTI e levei duas semanas para voltar para casa, ainda precisando de alguns meses para me restabelecer completamente. O nascimento do Igor foi dia 07.01.2015. Ainda não é simples iniciar outro processo de gestação, sabendo que a “Síndrome Hellp” não tem prevenção e depois do padecimento que tive para recuperar minha saúde. Esperei mais de dois anos para me distanciar desses fatos, de modo que eles se tornassem menos assustadores, na esperança de que o medo passasse. Mas hoje sei que não vai chegar o dia em que o medo estará totalmente eliminado. A segunda gravidez pode ocorrer numa fase em que eu esteja com mais ou menos medo, mas a presença dele será inevitável e o que me cabe fazer é avaliar se a sua intensidade será compatível com o bebê que quero gerar. Gostaria de estar relaxada para esse filho como estava para seu irmão mais velho e esse foi o motivo por ter demorado tanto para deixá-lo vir. Acabei concluindo que não poderei ser a mesma mãe para os dois, porque me tornei outra pessoa, o que é muito natural depois de tudo o que aconteceu. Estou aceitando que, mesmo diferente, ainda tenho condições de ser uma boa mãe para o próximo. Pensar que farei o melhor que sou capaz para ele é o que tem me dado força para me abrir a essa nova experiência. O que eu gosto de dizer para outras mães, sempre que nos conhecemos, é que encontrei um caminho viável para ser feliz quando decidi redirecionar para o meu interno o sentimento que meu filho faz transbordar do meu coração. Aprender a me amar como eu o amava e ainda o amo é essencial para continuar enxergando beleza no mundo. Um filho nos traz tanta alegria porque nos dá a oportunidade de criar uma vida. Depois que ele parte, essa alegria pode ser reencontrada ao nos tornarmos nossos próprios criadores. A morte de um filho nos leva a olhar para dentro, conhecer características pessoais anteriormente ignoradas. É um mergulho de profundo autoconhecimento. Entrar em contato com essa natureza própria nos leva a reformular conceitos, refazer a identidade e, enfim, a nos reinventarmos. O carinho empregado na construção desse nosso novo “eu” tem o potencial de produzir paz e gratidão, ao percebermos que nosso filho nos transformou em alguém melhor. Meu livro foi publicado em março de 2016 e se chama “Quatro Letras” (tem um blog – http://quatroletrasflaviacamargo.blogspot.com.br/ – e uma página no Facebook – www.facebook.com/quatroletrasflaviacamargo). A escolha do título foi devido ao fato do nome do meu filho ter quatro letras. Decidi fazer um livro no qual todos os capítulos fossem palavras de quatro letras, para combinar com o nome dele. Assim, os capítulos do livro são: Igor, Laço, Vida, Amor, Luta, Tudo, Cura, Deus, Riso e Belo. Fiz questão de usar palavras com significados alegres, pois minha intenção é demonstrar como é possível construir um olhar positivo sobre algo doloroso. A principal mensagem que passo nele é a de que a maternidade (ou a paternidade) é uma dádiva tão grande na vida do ser humano, que nem a partida de um filho tem o poder de nos causar prejuízo. Escrevi todas as reflexões que fiz para identificar os imensos benefícios que a geração de um filho nos proporciona, para que a sua lembrança seja uma emoção reconfortante. É fundamental abordar um assunto importante, que se relaciona com a morte de um filho, quando ele ainda é um embrião, um feto ou um bebê. Muitas pessoas acreditam que a melhor forma de consolar uma família que sofreu perda gestacional ou neonatal é falando coisas que têm o objetivo de diminuir o vínculo dos pais com o filho, como se isso fosse diminuir a dor oriunda do rompimento desse vínculo. Porém, essa atitude é mais um obstáculo para quem tem uma ferida a cicatrizar. Quando alguém se aproximava dizendo que foi melhor meu filho ter morrido antes que eu tivesse mais tempo com ele, ou dizendo que logo eu teria outro, surgia uma dor adicional para ser somada àquela que eu já estava sentindo pela sua falta, pois meu filho estava sendo ofendido ao ser tratado como uma pessoa inferior às outras só porque sua vida tinha sido mais breve. Isso é um engano, um tabu, porque o vínculo dos pais com o filho não depende do tempo, mas da capacidade que cada um tem de valorizar aquela nova vida que está gerando, e que já é especial desde o momento em que descobre que foi fecundada. Muitas reportagens devem ser feitas sobre o tema, a fim de criar uma conscientização da sociedade. Se todos entendessem que o sofrimento dessas famílias não é diferente do sofrimento das famílias que perdem membros com idades mais avançadas, boa parte do problema que elas enfrentam estaria resolvida. Atualmente, reina o lamentável preconceito de que deve-se consolar negando a gravidade da dor e evitando falar sobre o que aconteceu. Mas em todos os grupos de apoio dos quais participei, sempre ouvi as mesmas queixas. As pessoas querem empatia, acolhimento e a sensação de serem compreendidas para seguir em frente.”
Bárbara Silva, 38 anos, mãe de Sophia, de cinco meses.
“Comecei a pensar em engravidar com 34 anos e achei que assim que quisesse fosse conseguir, pelo bomhistórico da minha mãe e irmãs. Não pensei em desistir em nehum momento, mas, se não conseguisse, já pensava na possibilidade de uma adoção, após tentar todas as alternativas. Sempre li e ouvi que o ideal era engravidar até os 35 anos. Então, quando completei esta idade, parei de tomar anticoncepcional. Depois de dois anos de tentativas, procurei uma medica especialista em gravidez e em oito meses engravidei. Descobri que não conseguia engravidar, porque tenho um tipo de mutação que se chama “mutado Heterozigoto”, que nada mais é do que o sangue grosso. Devido ao sangue muito grosso, a gestação não prosseguia porque o sangue não ia para o útero. Além do tratamento médico, minha família e eu somos evangélicos e iniciamos, em 2016, uma reunião familiar com o objetivo de fazer um mini culto e orarmos pelos nossos sonhos/objetivos. No primeiro encontro todos falaram sobre o que desejavam para o ano. Ser mãe era o único grande sonho que ainda faltava realizar. Engravidei após três meses que iniciamos estes encontros de oração. Se tivesse que dizer algo para alguma mulher q está tentando engravidar, mas não consegue, eu diria para não desistir na primeira dificuldade, procurar uma especialista antes de entrar na neura e obsessão, pois muitas vezes o problema é simples de resolver. Acredito que a parte psicológica e emocional seja também muito importante e se não estiver equilibrada, interfere no processo de engravidar. Tudo acontece no tempo certo e sempre tive muita fé e entreguei este sonho nas mãos de Deus, pois Ele conhecia o desejo do meu coração.”
Andréa Jacoto, 46 anos, mãe de Larissa, Anna, Alexandre e Filipe, com quatro anos a primeira e dois anos os três seguintes.
“Nossas tentativas começaram quando eu tinha 35 anos, mas fomos diagnosticados com infertilidade conjugal oito meses depois. Mesmo assim, não pensamos em desistir e passamos aos tratamentos. Sempre quisemos filhos, mas, quando casamos, priorizamos estudos e o trabalho, muito comum nos casais atualmente. A decisão de não adiar mais aconteceu quando eu estava com quase 35 anos. Minha primeira gravidez aconteceu 4 anos depois, mas sofri um aborto com 8 semanas. Engravidei novamente dois anos depois, quando finalmente nasceu nossa filha. Realizamos durante todos estes anos inúmeros exames e nunca nos foi apresentado um diagnóstico exato do nosso problema. Houve uma somatória de possibilidades: minha idade avançada, baixa mobilidade dos espermas tipo A do meu marido, incompatibilidade no Cross Match (um dos exames investigativos). Com exceção do problema da minha idade, todos os outros que apareciam eram reversíveis facilmente e fizemos os procedimentos para tal. Após 8 FIVs, decidimos trocar de médico. Em uma nova clínica. E após análises de um corpo médico, conseguimos engravidar, mas nunca ficou esclarecido o que era impeditivo no nosso caso. Engravidei por meio de Fertilização in Vitro após seis anos de tentativas, com 41 anos. Após o aborto, quase desistimos e chegamos a pensar em adoção. Fiz terapia para conseguir suportar a pressão e continuar os tratamentos mais focada. Quando engravidei e achei que tudo estava resolvido, tive um rompimento de bolsa na 25ª semana e quase perdi minha filha. Fiquei internada por dois meses, com perda intensa de líquido amniótico até seu nascimento prematuro. Quando quisemos dar um irmão pra ela, sabíamos que teria que ser através de uma nova FIV. E engravidei de trigêmeos. Foi uma gestação tranquila, apesar dos riscos de já estar com 43 anos e ser uma gravidez múltipla. Todos nasceram muito bem. Se eu tivesse que dizer para uma mulher que está tentando e não conseguindo, seria que não desistisse de ser mãe. Escrevi o livro “Mãe de Proveta”, contando nossa experiência e com o objetivo de dividir, ajudar, amparar e informar a quem está tentando engravidar. Nele, eu relato nossa descoberta da infertilidade, nossa luta, nosso sucesso e nossa vida hoje com quatro filhos.
Luciana Mazza, 42 anos, mãe de Chaya Gabor e Yeshua, de sete anos.
“Casei com 30 anos e aos 32 já queria ser mãe. Já era feliz em todas as áreas da minha vida, só faltava a maternidade. Mas tinha um ovário policístico e também o útero retrovertido. Porém, quando menos imaginei, descobri que estava grávida. Mas a felicidade durou pouco, pois me deparei com uma gravidez tubária. O meu útero estava vazio, a gravidez foi nas trompas. O meu mundo desabou quando recebi a notícia que precisaria interromper a gestação, pois já estava correndo risco de morte. Eu já tinha escutado o coração do meu bebê batendo e isso foi algo devastador. Passei junto com o meu marido por todo o processo, perdi uma trompa e ainda tive que enfrentar a falta de sensibilidade do hospital que, depois de todo esse procedimento, ainda nos colocou em um quarto com um bercinho do lado. Mas tanto eu como o meu esposo, que somos evangélicos, não perdemos as esperanças. Sofremos, sim, choramos muito, perguntamos a Deus o porquê de que tudo isso, mas, acima de tudo, confiamos. Passados meses de dor emocional, um dia resolvi voltar à minha vida normal, sair do luto. Foi quando, em um evento evangélico, uma pessoa que nunca tinha visto se aproximou de mim e falou: “Olha, Deus tem visto o seu choro todas as madrugadas, as suas lágrimas. Aquele filho que você perdeu ele viu e se compadeceu da sua dor. Ainda esse ano você vai engravidar, de uma forma que os médicos não vão acreditar, será uma menina, terá luta, mas também terá vitória e ela será vida na sua vida”. Achei tudo meio forte, mas guardei aquelas palavras e jamais voltei a encontrar aquela pessoa. Um mês depois eu estava grávida, com apenas uma trompa e útero retrovertido. Na hora de fazer o ultrassom, o médico me perguntou se eu já sabia o sexo. Disse que sim, falei que era uma menina. E ele confirmou! No quinto mês, descobrimos que Chaya estava com uma restrição no crescimento, pois não estava chegando comida até ela. Chaya nasceu prematura com 850 gramas. Passou 95 dias numa UTI Neo Natal na Paulista, teve duas paradas cardíacas, uma nos meus braços. E ainda apneia da prematuridade: ela esquecia de respirar e podia a qualquer momento morrer. Mas Deus tinha uma promessa para nossas vidas e ligou nossas histórias no céu. O milagre aconteceu, minha guerreirinha resistiu a tudo, nosso amor era forte, conversava sempre com ela dentro da incubadora. Um dia antes dos Dias das Mães, recebi a melhor das notícias: estávamos de alta! Pude, enfim, voltar para minha casa com minha filha nos braços. Na UTI, deixei uma segunda família. Aliás, esqueci de falar, Chaya é um nome judaico e significa “vida”. No Dia das Mães de 2010 foi o dia mais feliz da minha vida em casa com minha filha. Deus cumpriu sua promessa e entregou nos meus braços a minha filha sem nenhuma sequela, pronta para sermos felizes por toda a vida. Por isso, para quem deseja ser mãe, não desista, lute por esse sonho! Passadas todas as lutas, tive a intenção de ajudar outras mães e pais de UTI, e então escrevi o livro “Gerando Milagres”. Várias vezes fui indagada por pessoas que se identificavam com a minha história sobre quando essa experiência se tornaria um livro. E por muito tempo pensei em como fazê-lo, sim, porque não queria que fosse algo frio, distante da realidade do leitor, cheio de palavras e com ausência de sentimentos, sem nenhuma aplicação real, como muitos que existem por aí a serem arrumados e esquecidos numa estante. Quando sentei na frente do meu computador decidida a escrever essa história, pensei numa conversa sincera e franca com cada mãe ou pai que está passando pelas dificuldades que passei e procurando palavras sinceras de encorajamento nesse delicado momento! Um livro vivo, de vários donos, que forma uma grande corrente de amor, onde um vai indicando ao outro: quero te desafiar a começar a acreditar em milagres!”.