Nunca se falou tanto em empoderamento feminino como nos dias atuais. E no mês da mulher, temas como, relacionamento abusivo, baixa autoestima e valorização da mulher, se tornam protagonista. Mas esses são assuntos que devem, sim, ser falados desde cedo com as crianças
A assessora familiar, doula e especialista em cuidados na primeira infância, Mariana Zanotto, indica como os pais podem criar mulheres mais fortes, com simples atitudes logo nos primeiros anos de vida.
- Aposte em atividades com estímulos variados para as meninas:
Em um estudo, percebeu-se que os brinquedos rotulados de acordo com cada gênero fortaleciam e estimulavam funções em partes diferentes do cérebro, no caso, os brinquedos das meninas estavam associados à atratividade física, nutrição e habilidade doméstica, enquanto os brinquedos dos meninos eram classificados como violentos, competitivos, excitantes e um tanto perigosos, já, os brinquedos classificados como educativos e que desenvolvem habilidades físicas, cognitivas, artísticas e outras para crianças eram tipicamente classificados como neutros ou moderadamente masculinos. Isso significa que estamos estagnando o desenvolvimento neurológico das nossas crianças, pois, partes complementares do cérebro não estão sendo trabalhadas. Na vida adulta isso direciona fortemente as escolhas profissionais e habilidades do indivíduo.
- Valorize atitudes e não, a aparência
Para algumas meninas esse feedback pode ser maléfico, pois boa parte da autoestima feminina é incentivada e construída com base nas aparências. Para que uma menina se transforme em uma mulher forte, ela precisa saber que tem outras qualidades que vão além de razões superficiais. Parabenizações rasas e excessivas cultivam a vitimização e desistência de atividades desafiadoras.
- Evite rotular comportamentos e sentimentos
Para construir um relacionamento respeitoso e confiança entre cuidadores e meninas, aprenda a escutar sem julgar. Isso deve ser aplicado em todos os relacionamentos, porém, o mundo feminino está repleto de estigmas. Quando rotulamos, inconscientemente empurramos nossas filhas para mais longe. O pudor causa a vergonha, que motiva a criança a buscar respostas fora de casa. Quanto maiores os julgamentos, menores as chances de suas filhas olharem para você como uma fonte de amparo.
- Incentive sua filha a calcular e assumir riscos
Crie uma mentalidade de crescimento e reforce que elas são capazes de alcançar qualquer um de seus sonhos. Ser mulher não é uma doença. É preciso parar de tratar isso como um impedimento para vencer barreiras. Por isso, quando sua filha quiser sair de casa, enise como pagar contas. Quando ela demonstrar interesse em uma profissão, ofereça informações sobre o tema. Quando ela quiser abrir um negócio, seja o primeiro cliente. Perceba que eu não disse “facilite ou limite o processo”, apenas “se interesse e confie em suas capacidades”.
- Jamais coloque uma menina contra a outra
Ajudem suas filhas a fortalecerem o vínculo com outras mulheres. Nós precisamos umas das outras. Chamar mulheres por palavras vulgares ou diminutivas perto de nossas filhas normaliza este tipo de comportamento e aumenta o abismo entre todas nós. Precisamos olhar umas para as outras com empatia e não com indiferença. Atividades em grupos ou times como cabo de guerra, queimada, futebol, vôlei, handebol, ginástica olímpica, que cultiva a competitividade de forma saudável e direcionada ao trabalho em equipe, são ótimas opções para fortalecer esses vínculos.
- Controle a exposição da sua filha à mídia
Evite ler frases, como, “enfie sua filha embaixo da sua asa e jamais deixe ela assistir televisão”. Essa foi a recomendação que a psicóloga de uma cliente passou, certa vez. Ela reforça a importância de limitarmos a exposição, pois a mídia cultiva padrões irrealistas de peso, beleza, capacidades, entre outros. Infelizmente, boa parte dos programas direcionados para meninas incentivam o amadurecimento precoce. Além disso, os produtos anunciados durante os comerciais televisivos ou em programas do YouTube fortalecem o foco em atributos superficiais e atividades condicionadas por gênero. Essa influência deve ser conversada abertamente. Pergunte para sua filha como ela se sente após assistir certos programas de televisão. Questione: quais foram as lições que ela recebeu do programa? Ou, talvez, se existe alguma coisa que ela gostaria de perguntar sobre esse conteúdo.
- Fuja da “síndrome da boa menina”
Obediência e respeito são coisas diferentes. Quando passamos anos martelando na cabeça de nossas filhas que elas devem ser “boas meninas” isso traduz para “obediência”. O problema é que eventualmente nós deixamos de ser a figura de autoridade na vida de nossas filhas, e quando isso acontece, o perigo está na possibilidade delas se meterem em relacionamentos com pessoas abusivas e, adivinha? Por “ser uma boa menina”, ela pode enfrentar dificuldades para sair dos mesmos relacionamentos. Incentive que elas digam “não” sem ter medo de machucar os sentimentos alheios. Fortaleça sua autonomia e admire sua determinação.
Site: https://www.marianazanotto.com.br
Instagram: @mariana.zanotto
Informações: Assessoria de Imprensa