Muito se fala sobre o perigo de deixar objetos pequenos ao alcance das crianças, que podem levá-los à boca e engoli-los. Muitas vezes, porém, a ameaça pode estar à mesa.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) indica que a introdução alimentar seja feita a partir dos seis meses, com frutas e papinhas. Nesta fase, o bebê já consegue sentar, sustentar a cabeça, o troco e perde o reflexo de esticar a língua para mamar, o que o levaria a empurrar a colher para fora.
Também é a partir deste período que as bactérias intestinais já estão instaladas e podem protegê-lo de possíveis infecções, além de o sistema imunológico estar pronto para entrar em contato com novos nutrientes e proteínas, impedindo que ele desenvolva alergias alimentares.
Para a nutricionista infantil Paula Tuffy, do grupo Prontobaby, não existe regra para a introdução de frutas.
“É indicado que elas sejam orgânicas, por serem mais saudáveis. No entanto, vale apostar em qualquer uma que seja da estação, dando preferência para as mais macias, como banana, abacate e mamão, por exemplo”, sugere a especialista.
É nesta fase em que mães se desesperam com a possibilidade do engasgo, que acontece quando o bebê tem a garganta parcialmente ou completamente fechada. Nesses casos, quando a criança tem menos de um ano de idade, a pediatra Patrícia Rezende recomenda à mãe “colocar a cabeça da criança mais para baixo em relação ao tronco, segurar o queixo com o dedo e aplicar compressão na parte das costas”, sugere.
Dra. Patrícia Rezende pontua que as crianças costumam se engasgar até os quatro anos de idade, com alimentos redondos, como amendoim, ovo de codorna, tomate cereja, uva e pipoca, capazes de tapar a entrada da glote e impedir a respiração.
“Após isto, a via aérea vai crescendo e diminui a probabilidade de engasgo. Quando a criança se engasga com líquido, ele acaba entrando pela passagem do pulmão, provocando a tosse, mas não obstrui a passagem de ar, logo, é menos perigoso quando é provocado por uma pequena quantidade”, sinaliza a pediatra do Prontobaby.
A pergunta que fica é: se isso acontecer com o seu filho, você sabe como agir?
Para isso, a nutricionista Paula Tuffy e a padiatra Patrícia Rezende esclarecem as principais dúvidas sobre o tema a seguir. Confira:
O que o devemos fazer se a criança engasgar? Existe alguma medida a se fazer em casa?
No engasgo parcial, a criança consegue falar e respirar. Nesses casos, os pais podem estimulá-la a tossir para tentar expelir pela via aérea. Como já mencionado, se a criança tiver menos de um ano, é preciso deitá-la sobre o braço, com a cabeça um pouco mais baixa que o tronco, e dar cinco palmadas com a base da mão nas costas. Se ainda assim não for suficiente, deve-se virar a criança de frente, ainda sobre o braço, e efetuar compressões com os dedos médio e anular sobre o tórax, na região entre os mamilos. Para as que têm mais de um ano, posicione a criança em pé, com o tronco curvado para frente; com sua mão em concha, bata no meio das costas até que ela venha a expelir o objeto. Se isso não ocorrer, utilize a técnica da compressão abdominal.
A Academia Americana de Pediatria recomenda não oferecer balas nem nenhum tipo de alimento de mascar para menores de 5 anos. Por quê?
Além de não serem recomendadas pelo alto teor de açúcar e falta de nutrientes, elas realmente oferecem grandes riscos às crianças menores que são as mais vulneráveis e, consequentemente, impedir a passagem de ar pela glote.
Quais alimentos devem sempre ser cortados ao meio ou em mais partes para evitar que as crianças engasguem?
Tomate cereja e uva são os principais exemplos, esses devem ser cortados longitudinalmente, sempre em quatro partes, para evitar possíveis obstruções das vias aéreas.
A pipoca, você pode tirar as casquinhas antes de oferecer à criança ou, pra ter menos trabalho, fazer pipoca de sagu, mais recomendada.
Já as frutas são indicados cortes em hastes ou palito, evitando o formato circular.
Por que é menos perigoso quando a criança engasga com líquido?
Porque algumas medidas mais brandas podem ser tomadas. Às vezes, só com a mudança de posição da criança você já consegue contornar o problema. Mas também temos relatos de bebês que engasgam com o leite materno e pararam de respirar, por isso é importante ficar sempre em alerta.
Quais os sinais que a criança apresenta quando engasga?
A respiração pode ficar rápida e a criança parecer ofegante. Além disso, ela pode não conseguir respirar, apresentando lábios azulados, palidez ou vermelhidão na face. Pode também ter ausência de movimentos respiratórios ou emitir sons incomuns ao respirar.
Quais são as dicas para prevenir o engasgo?
As proteínas, no caso as carnes, devem ser moídas ou bem desfiadas, progredindo de tamanho dos pedaços aos poucos. Também é preciso tomar cuidado quando são várias crianças de idades diferentes comendo juntas, para que as menores não peguem alimentos dos pratos dos maiores. E, nas festas, cuidado com a pipoca para menores de cinco anos.
Vale ressaltar que no início da introdução alimentar, a comida deve ser ofertada uma a uma, e depois combinada. “Por exemplo, no primeiro dia a batata inglesa é oferecida, no segundo a cenoura, e no terceiro os dois juntos”, finaliza a nutricionista Paula Tuffy.
Informações: Assessoria de Imprensa.