Quanto mais conheço a Europa, mais gosto de Portugal. Talvez pense assim porque o sangue luso fale alto e seja impossível para mim e para minha família ir até lá sem se emocionar com cada pedacinho daquele território do tamanho do Rio de Janeiro.
Longe de mim achar que em sua primeira viagem, aos dois anos, o Theo sentiria a mesma coisa que nós sentimos pela “terrinha”, mas ele simplesmente amou! Também pudera! Viajar com a vovó coruja e com a bisa “portuguesa com certeza” que se emocionou a cada novidade que mostrava para seu pequeno companheiro de aventuras.
Vamos lá! Do início… Como já partimos da situação de que viajar com criança não é mole diante do cansaço deles, carrinho para carregar para lá e pra cá, além de um caminhão de mudança com roupas e acessórios indispensáveis para um pequeno que ainda usava fraldas, criei um roteiro histórico infalível para fazer com que ele colaborasse o máximo possível com nosso plano de viagem.
Sempre fomos um casal com fome de conhecer e gostamos de bater perna mesmo pela cidade que estamos conhecendo. Acordamos cedo e gostamos de andar pela cidade até meia noite, sem medo de ser feliz. Afinal é andando que se conhece. Mas sabemos que quando se trata de Lisboa com crianças, seria humanamente impossível percorrer a baixa e a alta com subidas e descidas com ele sentado no carrinho ou andando. Sabíamos que teríamos que apelar bastante para metrôs e táxis. Mas apelei também por criar uma historinha repleta de cavaleiros e castelos para abrir a mente dele e deixá-lo muito interessado nos destinos que criamos. Foram 4 dias por lá, repletos de detalhes que são a paixão do Theo: castelos com príncipes, cavaleiros e dragões e seres marinhos incríveis: polvos, golfinhos e tubarões.
No primeiro dia o destino imediato foi a Baixa. Queríamos levá-lo para visualizar a cidade antiga de cima do elevador de Santa Justa e logo depois subimos ao Chiado, para agradecer a viagem numa igrejinha que fica perto do Restaurante A Brasileira, onde pudemos tomar um café com Fernando Pessoa. Já que sua famosa estátua fica na porta, sentado em uma mesa como uma pessoa de verdade. E ele permaneceu acordado e admirado pelo clima de antiga e diferente de tudo que ele já tinha visto antes.
Descemos por ali mesmo, todos andando, até o Centro, onde fica a rua do Comércio e o famoso Largo do Rossio, onde resolvemos coisas burocráticas, como comprar um casaco realmente quente para o Theo na H&M, já que estava fazendo 8 graus quando chegamos e comprar chips para os celulares na Vodafone. Por li, ele pode apreciar o chafariz e os prédios imponentes da praça.
Dali fomos almoçar no Rua do Comercio, porque o Theo só falava em bacalhau. E não é porque estávamos em Portugal, é porque ele realmente ama o peixe. Sentamos em um dos restaurantes da rua e eles estavam com aqueles aquecedores portáteis de rua, que foram perfeitos para nos deixar mais quentinhos. Engraçado como que com crianças reparamos em coisas diferentes. Antes do Theo, a única coisa que eu bebia em Portugal eram os sumos de pêssego que são uma delícia e o refrigerante Sumol, que vem com gominhos de laranja ou pedacinhos de abacaxi, que eu adoro, mas dessa vez tive que pedir suco natural de laranja e pude perceber como a fruta é diferente daqui e pra melhor. O sabor é inacreditável, parece de bala de laranja, de tão naturalmente doce e aromático. Mais tarde descobri que Portugal é um grande produtor de laranja para o mundo, portanto realmente é especializado em produzir frutas deliciosas. A partir daí, só pedia suco de laranja no almoço. Jantar era com Sumol! Não podia perder a chance.
Dali, com o Theo dormindo, atravessamos a rua depois de seu arco e pegamos o elétrico para Belém (super fácil de entrar com o carrinho, pois o degrau fica no nível da rua). A sobremesa tinha que ser o pastel de Natas mais gostoso do mundo (crocante, quentinho e com bastante canela). Bastou andar mais um pouco para levarmos o Theo ao primeiro “castelo”, que na verdade era o Mosteiro dos Jerônimos, onde tem uma catedral imponente onde uma missa era sempre rezada antes da partida dos navegantes. Com coluna de arquitetura incrível, é ali que encontramos os túmulos de Vasco da Gama, Camões e Fernando Pessoa. Meu filho acordou na hora que entramos na catedral e a expressão dele é memorável. Seu queixo literalmente caiu, quando observou o domo, as cortinas e tapetes vermelhos e todas as esculturas grandiosas que estavam ali. Quando dissemos que era hora de sair, foi bem difícil tirá-lo dali! Só não foi tão complicado, pois dissemos que dali veríamos o dragão no topo do castelo: a torre de Belém!
Resolvemos ir andando até a torre, mas nos arrependemos depois. Primeiro porque era um pouco longe do mosteiro e segundo porque a única forma de chegar ao outro lado era uma passarela, nada acessível. Mas um casal de franceses nos ajudou a subir o carrinho com o Theo dentro, exausto! Santos franceses!
Mas ao chegarmos lá, sempre vale a pena! O Theo até esqueceu do dragão, quando viu o encontro do rio Tejo com aquela obra incrível que é a Torre. O rio estava num prateado incrível de fim de tarde e a brisa deliciosa. A impressão é que voltamos no tempo e dá vontade de desbravar aquela vista. Subimos a torre e todo cansaço misturado de primeiro dia de viagem e de tanta caminhada se foi enquanto admirávamos as maravilhas daquela construção. Mas só deu para subir até o segundo andar, porque as escadas para cima são muito estreitas e fica complicado ir com criança.
No dia seguinte, o programa foi ir a Alfama e ao Castelo de São Jorge de elétrico, de onde podemos ver boa parte de Lisboa, com seus casarios que parecem saídos de um livro antigo e o lindo Tejo ao fundo. Ali, ele realmente acreditou que era um cavaleiro. Só de subir a ladeira com ar de vila antiga, com prédios azulejados e roupas penduradas nas janelas, no melhor estilo Mediterrâneo de ser, e chegar àquela construção medieval clássica, o clima estava dado. Suas muralhas ainda estão praticamente intactas e em seu interior existem alguns jardins onde é possível. E vale destacar que em Alfama é difícil andar com o carrinho de bebê, porque as ruas são íngremes e repletas de paralelepípedos. Haja colo por ali!
Usamos a tarde para passear pela Alta e fazer umas comprinhas, porque em comparação aos outros países que iríamos, Portugal é o local onde se encontra tudo mais em conta.
A manhã seguinte começou no Parque das Nações. Ainda não conhecia o local e nos apaixonamos. Logo na saída do metrô Oriente encontramos um espécie de feira livre onde era possível encontrar roupas e acessórios, livros e frutas. Lá compramos cerejas deliciosas. Na subida já encontramos o Shopping Vasco da Gama, que tem banheiros exclusivos para troca de fraldas e bastou atravessá-lo para encontrar a alameda do Parque, onde tem bandeiras de dezenas de países e uma vista magnífica e ampla do Tejo ao fundo! Ficamos observando o cenário por boas horas, já que almoçamos ali.
Na parte da tarde, fomos ver a principal atração do dia, o Oceanário de Lisboa, que encantou o Theo por ter todas as suas paixões ali. Lá dentro tem um grande tanque central, onde coexistem várias espécies de peixes como tubarões, barracudas, raias, atuns e pequenos peixes tropicais. É o segundo maior aquário do Mundo e tem quatro tanques representando cada oceano do mundo.
Como o Theo queria ver golfinhos pulando, no dia seguinte que era um domingo, fomos ao Zoológico de Lisboa e que boa surpresa foi. Já tínhamos levado nosso pequeno ao Zoo do Rio, mas todos os animais estavam dormindo e só conseguimos ver um elefante mais animado. Mas desta vez, todos os animais estavam querendo confraternizar conosco.
Começamos o dia pela apresentação dos golfinhos, que para mim acabou sendo melhor do que a do Sea World. Primeiro porque ficamos bem perto dos tanques e a apresentação pareceu mais divertida e os animais mais felizes. Foram 1001 rodopias e jogadas de água na plateia. Antes as focas também fizeram um belo show. Depois fomos visitar todas as áreas do Zoo e o Theo se apaixonou pelas girafas, pelas tartarugas e pelos rinocerontes brancos que estavam bem perto. Todos os animais tem vários companheiros no mesmo ambiente. Não dá aquela sensação de solidão do bichinho preso. Lá tem um bom banheiro com trocador de fraldas e restaurantes na saída e ainda foi possível tirarmos foto com araras no ombro, para a alegria do Theo.
Dali, saímos com o objetivo de nos despedirmos da cidade. Ainda não tínhamos ido ao Padrão do Descobrimento, que fica próximo a Belém e seria mais uma forma de admirarmos o Tejo e contarmos um pouco da história dos navegantes para nosso pequeno. Ele amou! Depois, tivemos que voltar a pastelaria para comprar uma dúzia de pasteis de Belém. Finalizamos o passeio fazendo o que ele mais gosta. Em frente ao café, existe uma praça onde acontece uma famosa feira de antiguidades e têm um grande jardim em estilo europeu para ele correr livremente entre flores e um parquinho de diversão para a criançada se divertir. Foi uma delícia!